Não posso deslocar-me livremente para onde quero, devo estar em casa cumprindo a norma. Hoje está dia de invernia com avisos, amarelos, e de outras cores.
Mar agitado, vento, e chuva a cântaros, lembrei, sitio em outras ocasiões, quando meteorologia, apresentava identico quadro, costumo visitar, para observar torrente de agua esbranquiçada, que ao despenhar-se do alto morro calcário onde assenta a povoação de Sacotes, freguesia de Algueirão Mem-Martins. proporciona paisagem encantadora.
Agua de nascente perene, no Verão desaparece nas fendas da penedia;outrora alimentava o pantanoso algueirão, dos terrenos da granja do Marques, ao longo dos anos drenados por extensas valas de escoamento, que engrossam caudal da ribeira da Cabrela, rolando pela encosta da Fervença.
Não podendo ir ,deixo imagem captei antes do confinamento.
As minhas " peregrinações " por toda a geografia do território do Município, permitiram em diversas ocasiões ter passado por pequeno sítio, hoje ermo e despovoado, situado na extrema das antigas freguesias de Terrugem e Montelavar, junto a estrada municipal de Montelavar Cabrela, encosta íngreme no sopé da qual corre a Ribeira da Cabrela, localidade denominada: BOMBACIAS.
O topónimo singular despertou desejo de tentar decifrar o significado, depois de muito estudo e hipóteses formuladas, escutando gente que nasceu na localidade, cheguei finalmente, penso com sucesso a solução.
O prefixo "bombac" exprime o conceito de algodão, macio, aveludado, agradável ao toque e serve para a formação de étimos como: bombácea, bombáceo e...bombazina, um tecido de algodão que emita o veludo cotelê.
Bombacias quer dizer local airoso, soalheiro de clima ameno "macio" em contraponto com o vale profundo que fica próximo, e localidades fronteiras sombrias, viradas a norte. A foto é do caminho para Bombacias no largo do Casal Sequeiro
A Cidade de Sintra alberga no seu território diversos motivos de interesse para além dos conhecidos monumentos e outras particularidades que são do senso comum. Mas aquilo efectivamente distingue o Município Sintrense: O seu potencial humano e as singularidades ainda pouco conhecidas, disseminadas pela geografia concelhia.
Uma delas é o vale da Ribeira da Cabrela. Quem desça das alturas do planalto do Casal Sequeiro vindo de Montelavar ou da Cabrela se vier da Terrugem avista um profundo e encaixado vale no centro do qual corre a Ribeira da Cabrela. Este curso de água nasce do manancial do Algueirão junto à Granja do Marquês e vai desaguar na Ribeira de Cheleiros.
Parece impossível existir no coração duma Grande Área Metropolitana um recanto tão bucólico e aprazível como este.
As margens da Ribeira estão cobertas com choupos carvalhos e outras arvores que dão um enquadramento magnifico, como o terreno é plano permite passear tranquilamente escutando o murmúrio das águas. No Inverno e Primavera a Ribeira leva um caudal significativo o que dá ao quadro ainda mais grandeza.
Em tempos chegou a falar-se na possibilidade de construir uma barragem com fins de recreio e abastecimento de águas. O dique serviria para ligar a Terrugem a Montelavar .
Infelizmente o projecto não se concretizou.
Hoje em dia é possível encontrar peixes nas cristalinas águas deste tesouro que dá pelo nome de Ribeira da Cabrela, mais um dos encantos da NOSSA SINTRA.
Quem percorrer a estrada de MONTELAVAR para a Cabrela, encontra antes da declivosa descida para o vale da ribeira da cabrela, uma pequena povoação chamada Casal Sequeiroimplantada num planalto batido pelo vento, mas com uma fantástica vista, sobre a Serra de Sintra.
A localidade tem um aspecto limpo bem cuidado, como aliás, toda a Freguesia de MONTELAVAR. No apressado quotidiano, poucos reparam numa árvore notável, plantada na berma da estrada circundada por um pequeno pedaço de relva...
Trata-se dum FREIXO...
...cujo robusto tronco deixa antever uma provecta idade. Está inclinado como resultado dos ventos que o têm açoitado, e que neste seco plaino, sopram durante todos os dias.
O FREIXO DO CASAL SEQUEIRO é uma árvore secular e robusta, resistiu ao ciclone de 1941 e tem um bom aspecto vegetativo, merecia ter uma placa informativa chamando a atenção para este MONUMENTO VIVO. A Junta de Freguesia devia pedir a classificação de interesse público.
E já agora, como as velhas árvores são dignas do nosso respeito, retirem do venerando tronco do FREIXO a placa indicativa do centro do Casal Sequeiro, não custa muito. Desfigura quem já passou por tantos anos proporcionando aos caminhantes a dádiva duma sombra, ainda mais apreciada, depois da longa subida desde a fundura do vale.