Na voragem do tempo cumprem-se neste ano oitenta anos sobre a data do falecimento de um ilustre sintrense médico de reconhecida competência, solidário sempre pronto a ajudar os mais necessitados, o seu labor, prestado de modo gratuto contribuiu para o facto de ter morrido pobre tal qual aqueles que auxiliou.
A edilidade de Sintra, custeou o funeral e os patrícios ergueram-lhe, estátua implantada na avenida com o seu nome. Referimos-nos a Desidério Cambournac, falecido a vinte um de Novembro de 1936, na vila de Sintra.
Desidério havia nascido a cinco de Abril de 1874, no sítio da Ribeira do Papel, freguesia de Rio de Mouro, filho legítimo de Pedro José Alfredo Cambournac, natural de Lisboa e D. Maria Gertrudes Bernardina natural do Moledo, Caldas da Rainha, os pais haviam casado na igreja paroquial de Nossa Senhora de Belém de Rio de Mouro, onde Desidério foi baptizado a dezanove de Julho de 1874. O nome de baptismo escolhido, como homenagem a avó paterna Dona Desidéria Cambournac. Merece a evocação da sua memória.
O monumento, além do carácter de justiça que representa deveria servir de reflexão a alguns que consideram o adjectivo "sintrense", prerrogativa dos naturais e residentes na vila sede do Município, tal convicção talvez resulte da atmosfera nevoenta e "sebástica", amiúde cobre a serra de Sintra.Sob o busto em bronze de Desidério Cambournac, talhada na pedra a seguinte inscrição : "NESTE CONCELHO NASCEU VIVEU E FALECEU ". Cumprimos dever de cidadania não permitindo que a efeméride fosse olvidada.
Na antiga estrada real de Lisboa a Mafra, passando por Belas, actualmente denominada estrada nacional 117, entre as povoações de Sabugo e Morelena, deparamos com o sítio de Palmeiros.O que resta do primitivo povoado, fica pouco afastado da estrada junto ao caminho vindo do lado da aldeia de Cortegaça. Esta via corresponde a um antigo trajecto que ligava Sintra a Palmeiros. Quem circula na E.N.117 não repara nem relaciona, este "descampado", com as suas reminiscências jacobeias.
Palmeiro,quer dizer: pessoa que vai em romagem ,peregrino, romeiro. No percurso das peregrinações durante a idade média existiam albergarias ou pousadas para descanso do peregrinos, cujo funcionamento estava a cargo de indivíduos chamados "albergueiros" ou membros de instituições religiosas, as confrarias. Esta albergarias destinavam-se a repouso e alimentação dos romeiros pobres, principalmente aqueles que dirigiam para Santiago de Compostela, grande centro de romagem ao longo da idade média europeia.
Na região oeste de Portugal há notícia de albergarias em Mafra, Cheleiros, Alcainça, Azueira, S.Pedro da Cadeira, Enxara do Bispo, Sapataria etc. No concelho de Sintra, Palmeiros e Fonte da Aranha, perto da ermida de Nossa Senhora da Piedade da Serra, no cimo do Vale de Lobos. A zona antiga da aldeia de Palmeiros dispõe duma fonte junto a um regato que corre quase todo ano, deveria ser por aí a localização do albergue. Nas Caldas da Rainha por determinação da rainha Dona Leonor, os romeiros a São Tiago podiam descansar uma noite no Hospital que ali fundou.
Palmeiros significa local onde os peregrinos podiam descansar recuperando forças para prosseguirem a jornada da sua devoção, quase sempre, para Compostela. A toponímia é repositório de belas e evocativas memórias e um "caminho", para conhecimento e descoberta que o símbolo do peregrino a Compostela: o bordão a vieira e cabaça, sintetizam perfeitamente.
Tendo aparecido em algumas Nações e ultimamente mais próximo de nós, na Grécia, França, Itália e Espanha uma "enfermidade nova", que está a ser conhecida com o nome de "Colera-morbo austerícia", cujos terríveis estragos são, talvez um castigo com que os deuses querem punir e reprimir esse espírito de perversidade, que desgraçadamente tem chegado a tamanho grau, como demonstra o despudor de o Povo querer que se lixe a austeridade. Deve em tais circunstâncias, um povo crente e bom, que tanto se preza de o ser como o povo português, acudir e reunir-se a protestar a sua fé, não esquecendo que já fomos campeões de "presos e altares" no tempo "glorioso" do Dinossauro Excelentíssimo; e implorar a clemência do Governo, mesmo quando ele se mostra severo e "gasparino" justiceiro.
É necessário que hajam preces públicas em todo o País, o "aguenta aguenta que é serviço" não basta, são precisas boas obras, para impedir que os "maus" de que são exemplo alguns movimentos do tipo "estamos estroiquidos e mal pagos", ultimamente com cantos "subversivos" pretendem causar a ruína total do trabalho formidável, daqueles que orientando diligentemente, a sua "vidinha", o tesouro e a governança de Portugal sem olhar aos meios para atingir o fim: dar a cada português, de acordo com as suas possibilidades e necessidades um exemplar do tradicional artesanato das Caldas da Rainha.
Conforme o slogan "a cada qual um pau à medida do" buraco" em que está metido"
Feito em Vale Porcas, termo da Vila de Sintra, em Fevereiro no ano da graça de 2013.
@Imagem propriedade Galeria de CCDR - Centro / Região Centro de Portugal, disponível no Flickr, com direitos de autor reservados. Apenas utilizada para ilustrar o texto do autor.
A feira anual de Agualva,que se realiza no lugar e freguesia com o mesmo nome, no Município de Sintra, começou a efectuar-se pelo menos no século XVII e sendo assim é uma das mais antigas da região saloia. Durante muito tempo, Agualva pertenceu ao concelho de Belas, até que 1855 aquele foi extinto. A feira da Agualva tinha uma dupla função: lúdica e religiosa. Por causa desta última, um nosso conterrâneo, Agostinho José Gomes, na qualidade de procurador da Confraria de Nossa Senhora da Agualva, pediu em 1790 á Rainha D.Maria I "a graça de nos 3 dias da mesma fosse feira franca,como já tinha sucedido em tempos anteriores". O pedido foi satisfeito nos termos seguintes:
Sendo-me presente,que a Confraria de Nossa Senhora da Agualva na Freguesia de Bellas, havia alcançado dos Senhores Reis e Senhor Dom João V; meu avô, e Dom José I. Meu Senhor e Pai que estão em Glória, para no sitio da Ermida da mesma Senhora terem 3 dias de Feira Franca, para com as esmolas que conseguirem dos devotos acudirem aos reparos e obras, que na mesma Ermida se fazião necessárias: e que por falta de lhe ser confirmada aquela graça que lhes fora feita por esmola, tinha a mesma Confraria deixado de continuar as suas obras, e de por em forma decente e própria ao Culto devido à mesma Senhora a referida Ermida: Hei por bem e por esmola, fazer Mercê a sobredita Confraria de lhe confirmar a referida graça dos três dias de Feira Franca(...) como foi declarado no alvará de concessão de dezoito de Outubro de mil setecentos e doze (1712). Vila das Caldas em 9 de Maio de 1787, com a rubrica de sua Magestade".
Como é sabido D.Maria I passou à história com o cognome de Pia, e neste caso demonstrou essa sua propensão para atender tudo o que se relacionasse com piedosos desejos. Ficámos a saber que neste ano de 2012 perfazem 300 anos que a feira passou a ser franca, isto é livre do pagamento dos direitos devidos à Coroa, a existência da Feira é concerteza muito anterior. Como curiosidade o documento régio foi passado na Vila das Caldas, onde a Rainha estaria, talvez, a fazer tratamento termal. Com a prerrogativa de feiras francas como a da Agualva eram as feiras do Campo Grande de Alvalade, e do Lumiar "nos arredores de Lisboa", como se dizia naquele tempo.