Em toda geografia de Portugal,deparamos topónimos com designação "Sobral",normalmente, associados a outro nome. Na região saloia, recordo Sobral da Abelheira, Sobral de Monte Agraço,entre outros.
No concelho de Sintra, abundam de modo isolado ou em povoamentos, com numero significativo, milhares de sobreiros e carvalhos, sabemos, pertencem a mesma " família botânica ".
Na freguesia de Rio de Mouro, no seguimento da vetusta Quinta das Sobralas, é possível observar, exemplares de sobreiras ficaram depois do arroteamento das terras adjacentes, para cultivo:
Imagens de sobreira e um carvalho, na primeira, visível o numero indicando a próxima extracção de cortiça.
Tudo isto podemos observar bem no coração de zona urbana, da área Metropolitana de Lisboa, no alfoz da muito antiga freguesia de :
O projecto urbanístico idealizado, genialmente por Leal da Câmara, tem particularidades que fazem dele, um caso ímpar em todo mundo.
No quadrante sul do "canteiro sagrado", encontramos a área onde artérias - todas avenidas - ostentam nomes de árvores de floresta, próprias para madeira, além de: Cedros, Robinias, Carvalhos, e outros.
Deparamos:
No lado norte, delimitado pela druida e mágica avenida das Aveleiras, observamos, ruas ostentando nomes de diversas árvores de fruto de caroço, como por exemplo: Nogueiras, Ameixoeiras, Amendoeiras e Oliveiras.
Podemos também encontrar:
De um lado temos "tábuas", elemento de construção, do outro, "frutos" , são alimento do corpo, ao meio, no lugar geométrico da virtude; o elemento espiritual da filosofia pitagórica. Rinchoa é local único, onde se desenvolveu experiência mística, "realizadora" produzida pelo esquadro, e o compasso de Leal da Câmara.
Há locais que pela situação geográfica características topográficas coberto vegetal e ambiente, são propícios a recolhimento e a meditação. Durante séculos tais "paragens" serviram de guarida a romeiros que as visitavam na crença de comunicar com o além, e obter protecção divina.
A vegetação abundante e frondosa,assumiu sempre enorme fascínio nas populações.Leite de Vasconcelos 1905, pg. 108 escreveu: "Entrar num bosque, rico de árvores seculares e gigantescas, onde a grandeza dos vegetais causa espanto e as próprias sombras infundem mistério, era para os antigos...fonte de ensinamento religioso."
Um local com as características enumeradas podemos encontrá-lo, na antiga extrema dos concelhos de Sintra e Loures a poucos quilómetros do centro de Lisboa: a capela dedicada a Nossa Senhora dos Enfermos. Segundo as memórias paroquiais elaboradas em 1758 e referentes a Almargem do Bispo "a ermida de N. Senhora dos Enfermos, santa muito milagrosa, está na quinta do secretário de estado Tomé Joaquim da Costa Corte Real". Acerca deste personagem coligimos alguns elementos: havia sido nomeado em 1756 para a secretaria de estado da Marinha e Ultramar, substituindo Diogo Mendonça Corte -Real, destituído por decreto do rei D. José I de Portugal, acusado de conspirar contra Sebastião José de Carvalho e Melo,Ministro do Reino, foi degredado para Mazagão no norte de África e depois encarcerado na fortaleza das Berlengas, vindo a falecer no convento de São Bernardino dos Franciscanos de Peniche, para onde D. José comovido com a sua sorte autorizou a transferência.
Na actualidade a presença de um cruzeiro na entrada da povoação, simboliza a religião cristã praticada no santuário.No entanto carvalhos seculares a mata das cercanias, e a fonte de água com propriedades terapêuticas,e o vale aberto em cujo fundão se edificou a capela,seriam motivo de atração de índole religiosa, antes de surgir a romaria muito concorrida, e onde peregrinavam anualmente habitantes de Lisboa que para o efeito formaram um "círio".
Na quinta viveu Francisco de Olanda,figura impar do renascimento em Portugal; sem dúvida paragem singular onde podemos detectar o carácter sagrado que no decurso dos séculos os habitantes de território dilatado, atribuíram ao "Sítio".