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Tudo de novo a Ocidente

TRAGÉDIA MARCOU FUTURO DA RINCHOA

Terça-feira segundo algumas crendices é dia aziago.Assim parece ter sido no distante 1943, quando proprietário residente no seu  Casal da Serra, uma das grandes quintas, da localidade da Rinchoa freguesia de Rio de Mouro, município de Sintra,resolveu deslocar-se até um forno de fabrico de cal, numa zona ainda distante da sua casa.

Decidiu fazer percurso a cavalo; ao transpor a via do caminho de ferro,na passagem de nível sem guarda, onde termina actualmente rua dos Girassóis, por motivo desconhecido ,talvez, distracção não pressentiu comboio de mercadorias sendo abalroado pela composição que ali circulava com velocidade; o cavalo foi trucidado, cavaleiro caiu sobre a maquina, só quando o maquinista chegou a estação das Mercês deram com o corpo inanimado.

Transportado no comboio para Sintra,onde no hospital local foram prestados primeiros socorros, dada gravidade do estado saúde, seria levado em ambulância, pelos bombeiros da Vila ao Hospital de São José em Lisboa, em cuja sala de operações viria a falecer no dia seguinte. 

O protagonista deste trágico acontecimento, vivia no Casal da Serra, na companhia   dos filhos e irmã,tinha 74 anos ,sendo viúvo.

Personalidade relevante da sociedade do seu tempo; importante industrial,  capitalista, accionista de diversas empresas, a data falecimento integrava os conselhos fiscais do Banco Lisboa e Açores, Companhia Previdente ( seguros e metalomecânica), Companhia Nacional de Navegação, (CNN), entidade que durante trinta anos até 1922, deteve monopólio das rotas marítimas de passageiros e mercadoria para as colónias.

Elemento destacado da vida social, presidia a Assembleia Geral do Atneu Comercial de Lisboa, colectividade da qual era sócio nº1. Republicano, maçon chegou a Presidente do Conselho geral da Ordem.Filantropo nunca regateou auxilio a quem considerava merecedor de ajuda.

Natural de Viseu,nasceu em 1869, seus pais iriam viver para Arganil, quando tinha dois anos de idade.

Devotado amigo da Rinchoa, idealizou para a sua propriedade, tratamento urbanístico idêntico ao da Quinta Grande,executado por  Leal da Camara. Avenida dos Cedros ficou preparada para ter seguimento para o Casal da Serra.

Havia garantido financiamento bancário para o empreendimento a que denominou : "cidade jardim".O tempo de guerra e seu passamento vieram causar entrave, que se revelaria insanável.

Januário António de Almeida, deixou três filhos herdeiros, que no inicio anos 50 do século passado venderiam os terrenos da quinta a entidade antecessora da Urbanil, que mais tarde seria construtora da urbanização da Rinchoa.

O repentino desaparecimento deste empresário seria determinante para a deriva que do ponto de vista urbanístico seguiram  na  Rinchoa.

A memória de Januário de Almeida perdeu-se, da opulenta quinta onde residiu, ficou nome da Rua do Casal da Serra, uma das artérias da urbe.

Gostava sinceramente da localidade,contrariamente aos seus amigos endinheirados, normalmente escolhiam para ultima morada cemitério dos Prazeres em Lisboa, mandou construir jazigo no cemitério paroquial de Rio de Mouro, onde seria sepultado. 

Foto de Januario Almeida  em 1939. 

 

casal januario.jpg

MISTÉRIOS DE RINCHOA - SINTRA : A POUSADA

Nome de uma rua algumas vezes, pode conduzir a equívocos, parecer desadequado.No entanto procurando conhecer a história do sítio onde deparamos a placa toponímica de orientação tudo fica claro.

No bairro de Fitares, Rinchoa, freguesia de Rio de Mouro Sintra, existe próximo do posto de correios,  Rua da Pousada.Como sabemos pousada é  casa onde se recebem hospedes, pensão ,hospedaria, local para pousar, ou seja descansar,  procurarmos nas vizinhança não encontramos nada  semelhante. Porque terá sido denominada com tal nome?

Recuando ao tempo da  quinta do Casal da Serra,adiante da rua da pousada,ano 1950 ainda resistiam ao camartelo especulativo, curioso e antigo conjunto de edificações.  Os primeiros interessados em urbanizar a zona ,pretendiam aproveitá-lo para "pousada  com fins turísticos e repouso salutar".

Mudaram  promotores, intenção esmoreceu,todavia  ideia tinha conquistado aderentes, quem concretizou a operação urbanística,não realizou a "fantasia" ironicamente foi proposto e Câmara Municipal de Sintra aceitou designar a artéria "Rua da Pousada".Se tivesse vingado  propósito inicial, da janelas seria possível admirar o bonito vale da Ribeira de Fitares.Infelizmente, aqui não "poisou "  bom gosto dos pioneiros... Fica  texto esclerecedor do "mistério"... 

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RINCHOA : URBANISMO QUE DEVERIA SER E NÃO FOI

A urbanização do território da grande Lisboa, concretamente no concelho de Sintra,foi sendo concretizada ao sabor da especulação imobiliária, para a qual a inépcia e outros "atributos" da estrutura de poder da Câmara Municipal, muito contribuiu, até  final de anos 90 do século passado.

A Rinchoa , fruto da localização privilegiada,  com chegada de Leal da Camara e amigos, gente culta , preocupada com a ocupação harmoniosa do espaço,mereceu interesse de potenciais investidores,com acuidade a partir da década de 1940.Infelizmente Leal da Camara viria a falecer em 1948,perdendo assim a povoação o defensor e guardião da estética das construções.

Um grupo de promotores pretendeu adquirir a quinta do Casal da Serra , propriedade de 25 hectares de área, colocada á venda em 1951. com intuito de na frente da referida propriedade, confinante com o apeadeiro Rio de Mouro - Rinchoa, construir vivendas, que contribuiriam para o embelezamento da encosta que se avista da via férrea.

A esta pretensão a edilidade não deu seguimento. As vivendas "sonhadas",seriam substituídas pelos "imponentes" mamarrachos ainda existentes.

Afinal quem teve responsabilidade na desordem urbanística? Os patos bravos ? A Câmara Municipal? ou ambos?...

 

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