O nosso leitor, o Sr.António Emídio, no comentário que nos enviou a propósito do que escrevemos sobre o CAZAL DO ROUXINOL, manifestou o desejo de conhecer a "saga" completa do "velho eucalipto", que várias vezes ouviu o seu falecido pai referir.
O texto que aqui fica na íntegra, constava do livro de leituras da antiga IV classe do ensino primário elementar, da autoria de Manuel Subtil Cruz Filipe Faria Artur e Gil Mendonça, cuja 1ª edição foi lançada pela Sá da Costa Editora em 1931. Como no regime Salazarista, os livros eram "únicos", milhares de crianças leram este texto que assim entrou no imaginário popular O eucalipto que ilustra este escrito fica junto a uma estrada e bem pode simbolizar o do livro.
Em pleno centro da Rinchoa, um "bairro" de Sintra soalheiro e com uma vista deslumbrante para a Serra, encontra-se um EUCALIPTO, uma frondosa árvore com cerca de 20 metros de altura. Cresce numa propriedade cujo nome é: CAZAL DO ROUXINOL, conforme um azulejo colocado no muro onde se pode ver a data 1940. Não será errado atribuir o plantio do eucalipto por essa altura. Tem já uma provecta idade...
Estando no interior do casal e protegido pelos muros que a envolvem não sucederá a este eucalipto, o mesmo que vem num texto do livro de leituras do antigo ensino primário (hoje ensino básico) onde se lê:
"Era meia noite, quando um velho eucalipto plantado à beira de uma estrada foi desassossegado no seu sono tranquilo por uma machadada no tronco, vibrada com alma por um camponês" (1958).
O eucalipto apesar de originário da Austrália tem uma grande difusão em Portugal desde o século XIX,quando começou a ser plantado.
O "cazal do rouxinol", confronta com a Rua da Capela assim denominada por ser onde ficava a capela da Rinchoa entretanto desaparecida.O nome do "cazal" presta tributo a uma ave frequente na região: o rouxinol, esta ave tem um canto melodioso que convida à vígilia noturna e faz esquecer o perigo que pode representar o dia. Na Rinchoa existem vários locais que referem directamente o seu nome como a "FONTE DO ROUXINOL".
Há uma quadra popular que lembra o carácter vigilante do pássaro:
Nossa senhora disse disse disse
Enquanto o "gavião" da videira subisse
Que não dormisse que não dormisse
E esta cantilena, tenta reproduzir o cantar do pássaro...