POEMA DE DOMINGOS MAXIMIANO TORRES (ALFENO CYNTHIO)
Como complemento do que escrevemos sobre o grande poeta nosso conterrâneo,em anterior post, gostariamos de partilhar uma écloga que escreveu na década de 80 do século XVIII, e no qual "canta" o Rio de Mouro, termo da Vila de Sintra.
PRIMAVERA
Ecloga VI - Alfeno e Frondoso
Agora que a viçosa Primavera
alcatifa de flores as campinas
e enrosca aos ulmos a flexível hera;
Te não sentas aqui,caro Frondoso
junto ás águas do Mouro cristalinas?
vê no roixo oriente o sol formoso
por entre as rotas nuvens chamejando
rasgar a noite o manto azul pomposo
vê os pinheiros surdos sussurando
Os zefiros brincões, e desta fonte
as prateadas linfas encrespando
verdeja em torno o bosque,o vale e o monte
serena a manhã vem,nem denegrindo
estão as grossas nuvens o horizonte
Quando o sol mais ardente subindo
desta faia as Napeias* consagrada
amena sombra está sempre caindo
entrega Melibeu tua manada
ou por esta ribeira à minha unida
irá pascendo a grama rosciada
tudo aqui a recreio te convida
o rio murmurando,e prado hervoso
que a mão remoça da estação florida.
Um sugestivo poema que retrata o caracter campestre que dominava os nossos sítios no século XVIII,e onde na actualidade se conservam muitos vestígios,nomeadamente, bosquetes de pinheiros mansos, e numerosos ulmeiros na margem do rio Mouro.Sem dúvida um dos belos rincões do Ocidente Português.
*Ninfas dos bosques e dos prados