Parece toda a gente desatou a descobrir estradas de Portugal, fora do traçado das modernas autoestradas felizmente podemos usar, aportando rápida e seguramente a quase todos recantos da Pátria amada.
Conheço muitas das antigas, vias de comunicação,numeradas e classificadas nos moldes do plano rodoviário nacional de 1945, as de terceira classe, numero trezentos, destinadas servir sítios recônditos de Portugal.
Perto de Lisboa, existe a nacional EN 374, ligando Carvoeira, junto a Torres Vedras, e o bairro do Fanqueiro em Loures. Traçado rasgado através do território onde ocorreram episódios relevantes durante a terceira invasão francesa. As Linhas de Torres,obra única no Mundo, tem aqui o seu epicentro.A contribuição popular na realização delas, demonstra, a capacidade de trabalho e sacrifício do povo Português, quando se trata defender a Pátria.
A nacional 374, pode ser apelidada via do heroísmo, porque nela ou perto, transitaram milhares homens, e material de guerra, do exército Anglo - Luso, que conduziu a derrota as hordas napoleónicas.Arthur Wellesley Duque de Wellington, também Conde do Vimeiro, Marquês de Torres Vedras, Comandante Chefe do exercito aliado, teve quartel general, em Pêro Negro, localidade servida por aquela via.
Voltei percorrer , a EN 374, antes da pandemia, afim de visitar, pitoresca aldeia,rodeada de vinhedos, no dorso de encosta de pendor suave, situada um quilómetro além da povoação de Dois Portos. Caracteriza-se por conjunto de casas com telhado de quatro águas,e alpendres de colunatas, construidas no centro do povoado.
Tem capela de evocação Nossa Senhora da Visitação, interior decorado com azulejos, e frescos, merece atenção.SIROL se denomina o " vilarejo", até nome de reminiscências botânicas, suscita curiosidade.
O título não deve ser entendido como verrinada, nada disso, é indício que no âmbito de "serviço público" que pretendemos prestar com os conteúdos deste espaço, partilhamos o que investigamos e descobrimos, assim vamos publicar novos elementos acerca do personagem que em vida ostentou aquele titulo nobiliárquico.
Massamá, populoso "bairro" do município de Sintra, e muito conhecido em todo o Portugal, durante séculos foi território de extensas e produtivas propriedades pertencentes a conventos, burgueses e nobres, alguns da vetusta classe e da novíssima elite "criada" após triunfo da revolução liberal portuguesa de 1820. Quem era o Visconde de Massamá?
Nuno José Severo Ribeiro de Carvalho, teve como progenitores, Pedro Ribeiro de Carvalho, e Vitória Margarida, neto paterno de Luís Ribeiro de Carvalho e Dona Maria Rita, materno Francisco Mendes Pena e Roza Maria, nasceu na freguesia da Ajuda, concelho de Belém, sendo baptizado, na igreja paroquial em 26 de Junho de 1824, foram padrinhos o Marquês de Loulé D. Nuno José Severo de Mendonça Rolim Moura Barreto e Nossa Senhora do Cabo. Curiosamente o padrinho atribuiu ao baptizando o próprio nome de baptismo, o Marquês, depois Duque de Loulé detentor de avultadíssima fortuna, protegeria o afilhado toda a vida.O pai de Nuno Carvalho trabalhava no paço por isso acompanhou a família real para o Brasil, casou em idade serôdia com Dona Vitória muito mais nova, no dia 2 de Setembro de 1823, o casal teve um único filho.
Nuno Severo concluiu o curso de medicina na Escola Médica de Lisboa. Ingressou na função pública, pertenceu ao quadro de pessoal do Hospital de São José, atingiu o cargo de cirurgião chefe. Desenvolveu trabalho político sendo aderente do partido político liderado pelo padrinho, o qual como é sabido, exerceu vários cargos ministeriais, foi primeiro ministro, presidente do ministério, designação do cargo na época. O Duque de Loulé presidia ao ministério quando se construiu a cargo das obras públicas do reino, o chafariz de Massamá (1863), água que ainda hoje corre nas bicas, nascia numa propriedade do futuro Visconde que graciosamente permitiu a captação.
Vereador da Câmara Municipal de Lisboa, teve responsabilidade do pelouro dos cemitérios e arborização das ruas, contribuiu para a consolidação do cemitério ocidental de Lisboa (alto de s.joão), mandou plantar os primeiros jacarandás em algumas artérias da capital portuguesa. Eleito deputado teve acção parlamentar relevante.
Estas actividades e amizade do padrinho permitiram constituir apreciável património, no qual se incluíam extensas propriedades em Massamá e Carenque. Casou duas vezes não teve descendência. O titulo de Visconde de Massamá, concedido a D. Nuno Severo José Ribeiro de Carvalho, pelo Rei Dom Luís por decreto de 29 de Janeiro de 1885. Faleceu em 28 de Outubro de 1885, às nove horas da noite numa quinta situada no lugar da Buligueira freguesia de Dois Portos, Concelho de Torres Vedras. Residia habitualmente na freguesia de São José, concelho de Lisboa. O caixão seria depositado em jazigo próprio no cemitério ocidental de Lisboa.
Ironia do destino o titulo de Visconde de Massamá, durou menos de um ano, com a morte de D. Nuno José Severo Ribeiro de Carvalho, extinguiu-se. Esclarecemos este apelido Ribeiro de Carvalho não está relacionado com outro semelhante relativo ao ilustre republicano que viveu no Cacém igualmente concelho de Sintra.