A situação de ausência de pluviosidade faz lembrar o samba canção "tomara que chova",gracejo a parte,estamos perante calamidade se entretanto no prazo de um mês,não vier chuva abundante.
Aqui no nosso cantinho há sinal, como nunca presenciei por estas bandas,demonstrativo da preocupante situação.
A ribeira de Fitares,na Rinchoa, Rio de Mouro,Sintra; assim denominada porque seu curso atravessava extenso filictum,ou seja sitio onde há e crescem fetos, ainda tem na sua margem muitas plantas desta espécie,
Como sabemos o feto,apresenta perene cor verde,nomeadamente quando cresce junto a locais húmidos.
Observando a margem do curso de agua a montante da ponte junto ao complexo desportivo,verificamos,acompanhando completa falta de agua correndo no leito da ribeira,fetos do talude da margem, nesta altura do ano, já secaram.
A raridade desta ocorrência é preocupante.Estamos sem duvida perante um quadro de seca extrema.Oxalá passe depressa, para nosso bem e retorno da beleza da ribeira.
O abastecimento de água no concelho de Sintra e designadamente na Rinchoa, somente foi resolvido depois de 25 de Abril de 1974, contrariamente ao que muitos opinam, a falta de água era um dos problemas da Rinchoa. Para ilustrar esta afirmação, atentem-se no que escreveu Leal da Câmara,em Setembro de 1944:
" Quando se abrem os jornais de Lisboa e se lêem, diariamente, os mais aflitivos pedidos de água, para as povoações,constata-se que a falta de água, em determinadas regiões é quasi normal e, devemos dar-nos quasi por felizes, quando em uma povoação ainda exista qualquer água que abasteça o público.
É o caso da Rinchoa, apesar de mal abastecida, possuía o precioso líquido que escorria da fonte pública, onde o povo ia com as suas bilhas, buscar a fresquíssima água que vinha canalizada em leito de telhas e pedras desde o seu longínquo nascimento, atravessando quintais particulares e descendo até à fonte, situada na parte mais baixa da velha povoação.
O tempo foi correndo e as rústicas canalizações iam-se partindo. Outras vezes, era uma pedra que desmoronava sobre o canal por onde corria a água, e esta não podendo deslizar, na sua tranquila marcha para a fonte, perdia-se pelas terras, formando, ela mesmo, novos canais e perdendo-se pelas ribanceiras próximas.
Nestes momentos, faltava a água na fonte pública gritava-se,e a comissão de iniciativa local, ia a Sintra reclamar prontas providências que eram, quasi sempre dadas pela mesma forma,mandando um cantoneiro sondar o canal por onde vinha a água e desentulhar o local onde alguma pedra tivesse desabado, impedindo o bom movimento do fio de água.
E a fonte pública, voltava a correr com aquele som cristalino e doce que o poeta Mayer Garção definiu - A tranquila música das fontes...
Isto acontecia sempre assim, excepto em anos de grande estiagem, como aconteceu há uns bons doze anos em que a água desapareceu, por completo, por mais sondagens que se fizeram. (grande seca ocorrida em 1932-1933, nota do autor).
Mas os moradores muliplicaram-se e, justamente na parte da Rinchoa por onde seguia o pequeno veio de água, cada qual fez o seu poço, colocando por cima deles um potente aeromotor que aspira a água e, houve até quem fizesse essa captação, tão perto do veio de água que abastece a fonte pública, que esta secou,por completo".
Este testemunho do grande impulsionador da expansão da Rinchoa demonstra que a água na Rinchoa era um bem escasso. Da localização da fonte resta uma rua com o nome RUA DA FONTE, inscrito numa placa, infelizmente vandalizada. Esta artéria liga a Calçada da Rinchoa com a Rua da Capela,
Mais uma "lenda" que se desfaz, tínhamos razão sobre a origem do topónimo Rinchoa quando escrevemos, no primeiro "post" deste já longo dialogo com quem nos visita, que o nome do nosso bairro não deriva do facto de ser um local de água abundante, pelo contrário. Não é a percepção que consolida uma ideia, mas sim o conhecimento, e este exige pesquisa e estudo,e são estes a base do que gostamos de partilhar convosco.