Aproveitei manhã soalheira de um Verão ameno e pouco caloroso , para deambular com o meu neto , pela artérias do burgo onde habitamos, ridente Rinchoa, No Município de Sintra.Objectivo definido : conhecer árvores de grande porte desde que sou morador há cerca 45 anos aprendi a admirar e visitar de vez em quando.
Passamos junto de algumas felizmente , continuam viçosas e vetustas, O primeiro "desaire " , sucedeu na Rua Fonte adiante da Fonte do Rouxinol, queria falar-lhe, de eucalipto quase centenário robusto altivo, crescendo em propriedade privada mas sombreando a via publica , de onde podíamos admirar o caule formidável da árvore, e.. avistamos ! ...
Pergunta directa e seca " avô quem fez isto ?", disse não sabia,ainda há seis meses estava ali grande eucalipto. Continuamos o nosso caminho com promessa iríamos " visitar " uma tília centenária. Avançamos até a Rua do Juncal no cume do monte onde se espraia casario da Rinchoa, Chegados deparamos outro " desastre"
Restava da vetusta tília, um tronco saudável, " grandioso " , fica consolo a outra companheira da derrubada , continua , não sei até quando a alindar a rua. Esta tília cortada sem dó nem piedade estava na via pública.Fui conversando com o neto não sabendo que dizer,antes de cortar qualquer árvore notável é possível podar reduzir a copa, conservar o fuste, Em Portugal desde tempo da " loucura " imensa da gesta dos descobrimentos , há habito de deitar abaixo arvoredos a eito para construir " naus catrinetas " , sem procurar preservar espécimes merecedores serem admirados por sucessivas gerações.
Derrubar arvore secular sem motivo aparente e justificado é acto de extremada incultura.No nosso País é " normal " ninguém se indignar. Tenho pena muita pena destes " amigos " que desapareceram , e o meu neto também; até rematou . Avô , porquê ?
A exemplo do eucalipto que servia de tema a um texto inserido no livro de leituras, obrigatório para uso no ultimo ano do ensino primário ou elementar, no tempo da ditadura Salazarista, também conhecida por estado novo, poderíamos iniciar este apontamento. "Um velho eucalipto plantado à beira de uma estrada foi desassossegado", não por qualquer camponês que pretendesse abatê-lo, mas pelo nosso olhar, um dia reparámos nesta gigantesca árvore cresce na berma da estrada nacional nº 9, junto a ponte da ribeira da Cabrela sítio da Fervença no Município Português de Sintra, Área Metropolitana de Lisboa. Na circunscrição da união de freguesias de S. João das Lampas e Terrugem.
Quem circula na estrada por se tratar de troço rectilíneo, passa em velocidade, maioria nem dá pelo eucalipto. Terá cerca de sessenta anos, plantado na margem dum curso de água em terra fértil, cresceu até atingir o imponente fuste que podemos constatar na imagem.Tem cerca de quinze metros de altura, diâmetro do tronco superior a cinco metros.
Sentinela impávida do ruidoso tráfego que diariamente passa, talvez com esta "nota" mais pessoas olhem a árvore e quem sabe o vetusto eucalipto "sinta" que a sua presença é estimada.
O nosso leitor, o Sr.António Emídio, no comentário que nos enviou a propósito do que escrevemos sobre o CAZAL DO ROUXINOL, manifestou o desejo de conhecer a "saga" completa do "velho eucalipto", que várias vezes ouviu o seu falecido pai referir.
O texto que aqui fica na íntegra, constava do livro de leituras da antiga IV classe do ensino primário elementar, da autoria de Manuel Subtil Cruz Filipe Faria Artur e Gil Mendonça, cuja 1ª edição foi lançada pela Sá da Costa Editora em 1931. Como no regime Salazarista, os livros eram "únicos", milhares de crianças leram este texto que assim entrou no imaginário popular O eucalipto que ilustra este escrito fica junto a uma estrada e bem pode simbolizar o do livro.
O homem ao longo dos tempos tem demonstrado a preocupação de deixar testemunhos da sua passagem para manter a lembrança para além da existência efémera da vida.Para isso constrói, escreve, procria ou planta árvores, como refere o pensamento arábico.
Em tal dia como hoje em 1 de Junho de 1869, foi o casamento de D. Fernando II com a Condessa d'Edla, com a intenção de assinalar esse acto foi plantado no Parque da Pena um eucalipto da variedade Eucalyptus obliqua.
O local escolhido foi junto a denominada feteira da condessa. Dado as condições serem as mais adequadas para o desenvolvimento da espécie (água e terreno abrigado) o eucalipto vingou e, mantém-se pujante, passados 139 anos, recordando naquele recanto romântico de Sintra o fausto acontecimento. Suas Majestades há muito desapareceram, mas a árvore resistiu a ventos e tempestades porque o seu colossal tronco a mantém bem firme no seu posto. É a mais grossa de todas do Parque merece os nossos parabéns neste seu aniversário. Sim, as árvores também merecem festa de anos. Longa vida a este "indivíduo notável" como lhe chamou o Prof. Mário de Azevedo Gomes, grande Português autor da Monografia do Parque da Pena, o dia 1 de Junho também devia ser DIA DO REAL EUCALIPTO DO PARQUE DA PENA...Porque não?
(Nota: Não foi possível tirar uma fotografia ao eucalipto, uma vez que, a zona do Parque da Pena onde se encontra o Chalé da Condessa está vedado para obras de recuperação).
Quando interinamente exerci as funções de Presidente da Câmara Municipal de Sintra o motorista da época o já falecido Sr. Morgado costumava dizer que da Piedade da Serra se pode avistar quase todo o território do Concelho de Sintra. De facto daquele sitio junto a Vale de lobos na freguesia de Almargem do Bispo o panorama é deslumbrante, a perder de vista. Levado pela curiosidade passei a frequentar o local, já ao tempo 1978, me chamou a atenção um imponente eucalipto que é a única árvore existente no largo fronteiro do templo, entre a Capela e o Cruzeiro.
A capela é do século XVIII, comemorando-se este ano o 250º aniversário da sua fundação.
Todos os anos a 24 de Agosto há uma concorrida romaria a Nossa Senhora da Piedade a quem os povos vizinhos têm grande devoção. Antigamente havia uma feira franca anual que durava três dias conforme consta da lápide colocada sobre a porta principal do santuário.
O eucalipto que hoje referimos está plantado na berma da estrada que indevidamente atravessa o adro, por onde passam veículos a grande velocidade sendo por isso um perigo para quem pretende observar a árvore, ou fruir a área de lazer. Não é difícil desviar a artéria para a orla do largo descrevendo uma curva. Esta medida possibilitaria que se pudesse admirar tranquilamente o eucalipto e colocaria o seu belo tronco ao abrigo de um qualquer carro que se despiste e seria um complemento as recentes obras efectuadas. Esta árvore centenária foi testemunha de muitos actos religiosos, a sombra da sua fondosa copa acolheu, por certo, muitos noivos e acompanhantes dos casamentos, que com ferquência, se celebram na Ermida.
O eucalipto pela sua situação e porte merece ser referenciado como espécime de interesse público. O que mais chama a atenção é o perimetro do caule que é de 3 metros.
Aqui, bem no coração do municipio sintrense, cresce um "monumento vivo" que deve ser conhecido e salvaguardado, porque é uma árvore notável e faz parte dum enquadramento pasagistico onde o sagrado e o profano se completam duma forma harmoniosa...