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Tudo de novo a Ocidente

QUANDO O CABO DA ROCA, ERA - ESQUINA DE LUZ - PORTA DA BARBARIE

mulheres as joias que lhes enfeitam as orelhas e o pescoço, tornam este espectaculo verdadeiramente hediondo. Chega-se a crer que estajamos a milhares de léguas de gente civilizada. Não parece  que estejamos na Europa e no séculoXIX. Não descreio dos tribunaes deste paiz, mas não descubro meio algum pelo qual possam tornar effectiva a responsabilidade de crimes similhantes. A multidão que ataca os navios é uma multidão anonyma de centenas e milhares de pessoas. Verificar a identidade dos criminosos é impossível. Faltam as testemunhas, porque as testemunhas são também actores nestas scenas tristíssimas (...). Mandar construir um pharol em Aveiro, é o unico meio que se me figura efficaz para avisar os navegantes e os acautellar do perigo que correm, aproximando-se da costa".

na barra de Aveiro. Assim o exige a sua posição, a grande extensão da sua praia, e sobretudo as condições especiaes em que esta se encontra. De feito, a praia de Aveiro tem a extensão pouco mais ou menos de 60 milhas,e é de tal modo baixa, que as primeiras elevações apenas se apresentam a 6 ou 8 leguas de distancia.

O farol do Cabo da Roca é um dos mais antigos e importantes da costa portuguesa; no século XIX, a frente marítima de Portugal a norte daquele cabo, carecia de pontos luminosos  para orientação dos navios. O problema era de tal forma grave que o Deputado Pires de Lima, na sessão da Câmara dos Deputados de 5 de Abril de 1878, produziu uma intervenção, cujo teor reproduzimos em parte, mantendo a grafia:

"Peço licença a V.xª e à câmara, para conversar placidamente com o Sr.Ministro das Obras Públicas, alguns poucos minutos sobre a necessidade de proceder á construcção de um pharol na barra de Aveiro. Não é isto negócio de campanário, mas uma questão de humanidade. Tratando-a, não tenho por fim conquistar ou alargar sympatias políticas ou eleitoraes. O meu fim é mais levantado. Não tive ainda, nem aspiro ter, a honra de ser eleito pelo círculo de Aveiro. As portas desta casa foram-mo abertas pelo círculo da Feira, e a Feira nenhum lucro immediato ou directo terá da construcção da obra de que vou falar (...).

A nossa costa marítima, desde a foz do rio Minho até à do Guadiana, é approximadamente de 400 milhas. Ora,para que esta costa maritima seja allumiada convenientemente, precisam-se pelo menos tres pharoes de 1ªordem collocados de 100 em 1oo milhas, que é a distancia media que ha na collocação dos pharoes da Hespanha, França e Inglaterra.

Na opinião dos homens competentes, estes tres pharoes deveriam ser colocados, um no cabo de S.Vicente, outro no cabo da Roca e o terceiro no cabo Mondego mas, como cabo Mondego já tem um pharol de 2ªordem, o terceiro deve ser construído

Alem disso a atmosphera do litoral está ali muitas vezes toldada pelos vapores emanados das marinhas do sal e da imensa bacia hydraulica, que tem 45 kilometros de extensão, e que se chama ria de Aveiro. De maneira que, quando sopra o vento do lado do mar no Inverno, é facilimo aos navegantes, irem se aproximando da costa e naufragarem irremissivel e desastradamente. É raro passar um anno,sem haver na praia de Aveiro pelo menos um naufragio.

Em Lisboa não se calculam as vidas roubadas à humanidade pelos naufragios e nem ainda os horrores por que passam os pobres naufragos, que logram salvar a existência. É necessario viver na localidade e presenciar esses espectaculos vergonhosissimos para o paiz e vergonhosissimos para a civilisação, para se avaliar devidamente tão grande calamidade.

Em geral os pescadores, que são uma classe imprevidente, gastam num dia aquilo que nesse mesmo dia ganham ,sem se lembrarem nunca do dia seguinte. Vem o Inverno, o mar fechado para a pesca, e os pescadores têem de lutar com a fome e com a miseria.

Nestas circunstancias, que são as condições habituaes do seu viver, quando descobrem que algum navio se approxima da praia, e desconfiam que elle pode naufragar, bem longe de se entristecerem, alegram-se. E alegram-se, porque a sua convicção é que o navio naufragado é um presente,que a Providencia lhes envia para os indemnisar da falta de pesca,presente de que eles vão apossar-se,como se fora propriedade indisputavel e legitima, com toda a tranquillidade de espirito, sem sombra  de escrupulo nem de remorso.

Os horrores que então se praticam são verdadeiramente indescriptiveis. Como preveni-los? Como evitá-los? Como castigá-los? Eu sr.presidente, não descubro, entre aquelles que o governo tem actualmente à sua disposição, nenhum meio efficaz (...). Podia-se ainda esperar alguma cousa das autoridadesl locaes, da sua força moral e do deu prestígio. Mas, doloroso é confessa-lo, muitas vezes as autoridades locaes estão conluiadas com os assaltantes dos navios, e têem quinhão nos despojos dos naufragos.Note-se que não  acuso as auctoridades actuaes só, ou as anteriores,accuso as de todos os tempos. Sei que ha execepções, mas infelizmente raras (...). Os actos de selvageria,que se praticam por occasião dos naufragios, difficilmente se descevem. A furia com que lançam os machados ao costado do navio, a soffreguidão com que roubam tudo o que elle contém, a impudencia com que despojam os pobres naufragos das suas vestes, e a violencia com que arrancam às

Como sabemos, o farol construído, na barra de Aveiro, ainda existe, é um dos mais imponentes "faros" da nossa costa, e que contribuiu para que as situações descritas pelo ilustre deputado tenham acabado. No século XIX, em pleno período democrático da Monarquia Constitucional a norte do Cabo da Roca, uma orla marítima sem sinalização,foi um verdadeiro buraco negro, onde pereceram milhares de pessoas, não só afogadas, mas também, chacinadas por hordas de salteadores. Cada um deve tirar as suas conclusões,  não há dúvida que a distância entre a civilização e a barbárie é muito curta. Neste como noutros casos, o que está na origem de todos os males é a falta de LUZ.

A foto que deixamos do padrão do Cabo da Roca, obtida sem vivalma no local, representa na solidão do momento, uma sentida homenagem a quantos ao longo dos tempos tiveram como última e luminosa referência, no mar, o clarão, do farol mais ocidental do continente Europeu. Ontem 17 de Maio de 2016, visitei o farol do cabo  da Roca,com alunos da Universidade senior de Massamá, no ambito da disciplina da História do Património Local.Lembrei este post e considero util voltar a "editar". 

A FEIRA DE AGUALVA NO CONCELHO DE SINTRA AUTORIZADA EM 1853

Temos acompanhado a polémica sobre a mudança do evento em título para um local diferente do que hoje ocupa. Sem querer "armar barraca" em qualquer terreiro resolvemos escrever  um pouco sobre a história da feira, para trazer para o debate elementos que talvez ajudem a reflectir sobre uma eventual decisão.

No ano de 1853 um grupo de moradores da Agualva apresentou ao Governador Civil de Civil de Lisboa uma petição do teor seguinte:

 

"Mui Exmº Snr.

 Dizem os abaixo assignados habitantes do logar d`Agualva - fregª -e concelho de Bellas que tendo-se concedido um  Mercado franco em Bellas todos os 1ºs Domingos dos mezes,para assim poderem ter mais extracção as suas fructas,e promoverem muitas transacções sobre gados não pode progredir talvez por cauza da localidade.

Vem os suplicantes exporem estas circunstâncias,e pedirem a mudança do dito  Mercado para o logar d`Agualva,persoadindo-se ser localidade mais própria para poder ter augmento, e resultar mais vantagem aos habitantes do concelho,principalmente aos lavradores portanto expressão e P.a V.Exª se lhes conceda a mudança da localidade atendendo aos motivos que alegão; e a ser no último Domingo do mez.

 

Agualva 17 de Janeiro de 1853"

 

O despacho do Governador Civil foi o de que nos termos do artº 123 do Código Administrativo de 1842 deveriam requerer à  respectiva Câmara. De facto, aquele artigo estipulava: "A Câmara delibera, sobre o estabelecimento ,supressão ou mudança de feiras e mercados"

Pelo que apuramos o pedido foi deferido.Está assim provado que o mercado da Agualva foi instituído por iniciativa dos seus moradores;faz parte do património e da tradicção da localidade devendo por isso permanecer em Agualva. A designação mais apropriada seria FEIRA  e não mercado, aliás o termo feira tem um toque mais "IN,veja-se a feira de Carcavelos ou a de S.Pedro. Mudar a Feira para a zona do Polis Cacém seria como transferir a Feira do Relógio em Lisboa para o Parque das Nações.

Para honrarmos a memória dos subscritores da petição, cujo o primeiro era Francisco José Thomas da Costa, a Feira deve continuar em Agualva e não ser deslocada para outro sítio fora da Freguesia.Deixamos cópia do Documento com o apelo de que se considere o passado dum sítio como um "bem" de natureza inalianável. Se algo está errado corriga-se, mas não se acabe com quase 160 anos duma realização que existe por vontade do POVO, e como diz a canção ELE é quem mais ordena .O bom senso e o Direito estamos certos irão prevalecer sobre quaiquer outros interesses. O concelho de Belas foi extinto em 1855 e a maioria do seu território incorporado no concelho de "Cintra" com então se escrevia. Este acontecimento não originou, como já vimos, o fim do mercado talvez porque já estaria arreigado nos hábitos dos moradores da AGUALVA. 

 

       

OS PLATANOS DO LARGO DA FEIRA DE S. PEDRO

 

Em S. Pedro de Sintra, realiza-se o mercado de S. Pedro no segundo e quarto domingo de cada mês, e, anualmente no dia 29 de Junho, feira com o mesmo nome.

O mercado, é um dos mais concorridos dos que se realizam, na Area Metropolitana de Lisboa, é sem dúvida o mais típico e conhecido do Concelho de Sintra.

É um mercado cheio de bulício, onde se vende uma grande variedade de objectos e artigos, com destaque para as antiguidades e produtos agrícolas. A feira foi autorizada por D. Maria I em 1781 e o mercado, inicialmente mensal, foi criado pouco depois. Segundo José Alfredo C. Azevedo, em “Velharias de Sintra V”, passou a ser bimensal em 1924.

O mercado de S. Pedro, ocupa o Largo D. Fernando II, e os feirantes abrigam-se sob as copas de plátanos centenários que formam uma formosa alameda; que passa despercebida a quem frequenta a feira. O terreiro com as quintas que o ladeiam e as arvores que lhe dão sombra, merecem uma visita sem ser nos dias do mercado, para fruir da calma do lugar e da beleza dos seus plátanos, sentados, numa das esplanadas dos cafés situados no largo.

 

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