Pitoresca localidade da união de freguesias de Almargem do Bispo,Montelavar , Pero Pinheiro,Município de Sintra,conhecida pelas antigas pedreiras e cantarias de mármore ,formações rochosas esculpidas durante séculos pela agua da chuvas e força de ventanias, designadas lapiás ,"monumentos naturais " declarado de interesse concelhio.
Actualmente é terra com sinais de progresso, habitantes são apegados as tradições e costumes sempre demonstraram vincado espírito de independência em relação as localidades circunvizinhas.
Topónimo Maceira em tempos idos escrevia-se Maceyra,em épocas mais longínquas Masseyeira.Pertenceu sempre ao termo da Vila de Sintra, século XVIII, fazia parte da Vintena de Montelavar.Em Maceira existem diversos mananciais de água , dessa particularidade hidrológica , deriva o nome,
Sabemos, masseira é o tabuleiro onde se coloca pão para levar e retirar do forno.Também significa onde cai a agua vinda dos alcatruzes,e calha, normalmente de pedra, conduz a agua do local da nascente para onde é utilizada.Em Maceira há fonte de caudal abundante construida no seculo XIX,a nascente perene muito antiga, antes de construirem fonte a água , vertia directamente numa "masseira", executada com pedra extraida, no sitio, completado enchimento da masseira, precioso liquido,caía e ainda cai para uma "levada" ou calha de pedra, e dirigida para o campo.
Masseira resumidamente quer dizer,tabuleiro ou tanque raso para onde escorre água da fonte ou nascente.Bucólico e fresco nome...
As terras de Meleças, no termo de Sintra eram férteis, boas produtoras de trigo. Relacionado com esta característica, o escritor Pinto de Carvalho- Tinop (1858-1936), no livro "LISBOA D`OUTROS TEMPOS-II OS CAFÉS, publicado em 1899, escreveu:
"O botequim do Marcos Filipe foi um do primeiros cafés de luxo de Lisboa. Estava ao canto do Largo do Pelourinho (hoje Praça do Munícipio) na loja que tem os números 23 e 24, e é ocupada pela drogaria da viúva Serzedello. (...), o botequim foi estabelecido depois do terramoto, a solicitação do Marquês de Pombal, que reconhecia a importância deste elemento de vida pública nos grandes centros populosos. O estadista, para vencer a contumácia do fundador da casa, foi lá,no dia da inauguração, almoçar chá e torradas com manteiga feitas de pão de Meleças, um lugarejo saloio cerca de Belas a confecção destes almoços ligeiros constituía uma especialidade dos velhos botequins lisboetas".
O "picante " da história é que um dos principais fornos de Meleças, para a cozedura do pão estava instalado na quinta do Scoto, propriedade do Marquês, como era seu apanágio não dava ponto sem nó. A existência da industria de panificação na localidade, devia-se também à abundância de lenha nas redondezas utilizada no aquecimento dos fornos. Para obter a farinha,laboravam azenhas e moinhos de vento, por nós referidos em apontamentos anteriores. A drogaria citada por Tinop, mais tarde, deu lugar a um grande armazém de ferragens, J.B. Fernandes entretanto desaparecido. No presente está ali instalado um Banco....
O afamado pão de Meleças tinha modo de preparação diferente do "pão saloio", durante o século XIX, na primeira metade do século XX, vendiam-se em Lisboa, os dois tipos de pão. O forno mais importante de Meleças, devia situar-se no sítio ainda conhecido pelo Vale do Forno, incluído da área inicial da quinta do Scoto. O território que estamos referindo pertenceu até 1950 á Freguesia de Nossa Senhora de Belém de Rio de Mouro, concelho de Sintra. Muitos dos emigrantes em S.Paulo, no Brasil estabelecidos com negócios de confeitaria e padaria, segundo a Professora Maria Isilda Santos de Matos, na tese "A luta pelo Pão", acerca da labuta dos portugueses por uma vida melhor no século XIX, anunciavam na imprensa paulista, fabrico e venda do pão de Meleças. Chegou longe uma das delicias da nossa terra.