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Tudo de novo a Ocidente

TOPONÍMIA SINTRENSE - FRANCOS

O lugar de Francos, também A-dos-Francos, fica no Município de Sintra,freguesia de Rio de Mouro,  situado num pequeno vale, atravessado pela estrada municipal que liga o IC19, desde o nó de Paiões à rotunda da Tabaqueira em Albarraque.

A simpática povoação habitada por gente bairrista e acolhedora, de que é exemplo a activa e útil sociedade recreativa, há muito que investigava  origem e significado do topónimo. Ultrapassadas as lendárias possibilidades para desvendar o significado, cheguei finalmente a "bom porto"!

No começo do povoamento  região onde foi edificada a aldeia era imenso bosque de que restam pequenos "afloramentos", como o que é visível na colina por cima da antiga azenha de duas mós actualmente, estabelecimento comercial de venda de marisco na beira da estrada, referida inicialmente. No centro da aldeia ainda deparamos com uma Quinta dos Francos.

De onde deriva então o topónimo?

Quando se iniciou actividade agrícola,   coberto vegetal seria frondoso, composto por árvores e  demais vegetação provida de espessa folhagem - do latim frõns e frondis - daí surgiu "frança" que designa: "ramo superior ou copa de árvore". Os povoadores  tiveram de arrotear a "frança" ou bouça, aproveitando as videiras silvestres que cresciam espontâneas,  iriam permitir por enxertia  formar imensas vinhas que caracterizavam o sítio ainda no século XVI.

Os habitantes primitivos passaram a ser conhecidos por "francos" por residirem numa "frança", hoje como evidencia existe pouco abaixo da aldeia o "mato da frança". Eis mais uma prova superada com satisfação nossa .

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EPISÓDIO SEGUNDA GUERRA MUNDIAL, NO MAR SINTRENSE

Decorria 1943  fase mais aguda do ultimo conflito bélico a nível mundial. Portugal mal grado a "neutralidade colaborante" do governo do Professor Oliveira Salazar, conheceu em diversas ocasiões na sua área de jurisdição territorial e marítima agruras da guerra.

No mês de Maio daquele ano ,numa segunda -feira dia dez, o navio pesqueiro "CABO DE SÃO VICENTE", com arqueação bruta de cem toneladas, tripulação constituída por 18 homens, e propriedade da Sociedade Comercial Marítima, quando se encontrava na faina da pesca, foi sobrevoado por aeronave, segundo a imprensa "de nacionalidade desconhecida", aquela dirigiu rajada de metralhadora sobre a traineira, em clara atitude agressiva e aviso. O capitão do barco deu ordem de abandonar o barco .Pouco depois quando  salva vidas já se afastara do navio, o avião largou duas bombas no convés, o navio afundou-se rapidamente.

Os elementos da tripulação  recolhidos , por outro pesqueiro da mesma empresa que se encontrava  perto, foram transportados para Lisboa, sãos e salvos. A noticia do Diário de Lisboa revela  receio do governo português, não fomentar na população animosidade contra os alemães. Sabemos agora o bombardeiro protagonista da ação  foi um "Focke-Wulf", da força aérea alemã, estacionado na base aérea Bordéus-Merignac,  sueste de França, este tipo de avião considerado pelos aliados "o flagelo do Atlântico", era quadrimotor equipado com motores BMW, podia voar até 6000, metros de altitude , e o raio de ação alcançava  4400, quilómetros, á velocidade média de 350 Km/h.

Os factos ocorreram na área do mar sintrense a 23 milhas da Ericeira no paralelo do Cabo da  Roca. A segunda guerra mundial também tocou o "nosso" cantinho.

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BAIRRO DOS AVIADORES, RIO DE MOURO II

Voltamos ao "bairro", artéria que ostenta nome glorioso de um dos brilhantes pioneiros da aviação portuguesa : Jorge Castilho

Hoje praticamente desconhecido da maioria dos portugueses, um homem coerente, fiel ao seu ideário político, heróico patriota,morreu longe da Pátria que tanto amou.A vida dava um filme,nascido na freguesia de São José da cidade de Lisboa aos vinte e três dias do mês de maio de 1882,filho do Almirante Augusto Vidal de Castilho Barreto e Noronha, neto paterno do visconde de Castilho, António Feliciano de Castilho, o ilustre escritor, e Dona Ana Carlota Vidal.

Jorge teve uma educação cuidada , estudou engenharia na universidade de Lovaina ,Bélgica.Entrou para o Exército no ano de 1902, como oficial da arma de infantaria.Instaurada a República em 1910, pediu licença ilimitada,porque assumiu a fidelidade a monarquia.Emigrou para Brasil onde se dedicou ao ensino.

Deflagrada a primeira guerra mundial, regressa a Portugal, solicita reingresso nas fileiras,prestou serviço em Moçambique e expedicionário em França, de onde retorna em 1919.Resolve por iniciativa própria aprofundar conhecimentos de navegação aérea.Aperfeicou o sextante inventado por Gago Coutinho,permitindo com a introdução de uma lâmpada, a utilização nocturna do aparelho.

Participou em Março de 1927, no primeiro voo nocturno sobre o atlântico Sul , ligando a Guiné a ilha de Fernando Noronha. A odisseia foi levada a bom termo  a bordo do aeroplano "ARGOS",cuja tripulação era formada por Sarmento de Beires,Manuel Gouveia e Jorge Castilho.A responsabilidade da navegação aérea foi totalmente de J. Castilho.

Condecorado com a ordem da Torre Espada, já na situação de reserva, com o posto de coronel,partiu em 1940 para Timor , afim de realizar levantamentos geográficos importantes.

Feito prisioneiro pelos invasores japoneses, sofreu maus tratos, obrigaram a evacuação para  Austrália onde viria a falecer em Fevereiro de 1943.

A placa toponimica dá o seu nome a rua do "bairro", singular pois contem,resenha biográfica Um grande português Jorge Castilho 

 

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"Segredo" sob os ulmeiros

A urbanização projectada por Leal da Câmara para a Rinchoa, além da dimensão desafogada das artérias, doze metros de largura na sua nomenclatura o autor indicia ser "ocultista", ideais apreendidos, quando viveu em França e praticou depois ao longo da sua vida, nomeadamente após regresso a Portugal. Na Rinchoa "entoou" o grito de alma: "SURSUM CORDA" e deu largas ao panteísmo, "bebido" em Eça de Queirós, das Prosas Bárbaras.

As influências são patentes nos escritos sobre a Rinchoa, na coruja do seu ex-libris, "marca" da pertença à "irmandade" dos primos carbonários, facto pelo qual teve de fugir de Portugal na vigência do regime monárquico. Leal era um fantasista, considerava dever primordial a realização dessas fantasias, mantendo no entanto, recato e cuidado na sua concretização, para não serem fácilmente "descobertas". As coisas valiosas devem permanecer veladas, isto é cobertas com o velo da descrição para  serem desveladas, por quem procurar e quiser entendê-las.

Leal da Câmara, escreveu: "amanhã é o futuro e o futuro a Deus pertence... só Deus pode saber o que será o dia de amanhã". Sendo deísta, nunca deixou de afirmar o  sentido laico do seu pensamento." Existem fórmulas pagãs de investigação do futuro usadas pelos astrólogos, cartomantes, quiromantes e pelos que seguem os rituais da Cabala". Leal praticava a astrologia e conhecia a cabala, como deixou testemunho.

Retomando a urbanização: o nome inicial dado por Leal à avenida dos choupos era "avenida dos ulmeiros". Os carbonários consideram que o caixão de Jesus Cristo, seria de madeira de ulmeiro ou olmo. Se a designação ficasse, Leal temia conotações com a pertença carbonária, e alterou o nome.Todavia,nada mudou, o choupo, sendo uma árvore da família das "ulmácias" é tambem um ulmeiro...

Veja-se uma perspectiva da avenida na primavera. As semelhanças com uma alea dum campo santo são evidentes. A coerência do Mestre manteve-se, se algo parecia mudar, como sempre, não sucedeu, ficou  o segredo sob os "ulmeiros", aqui revelado quer dizer "velado" de novo.

 

 

 

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