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Tudo de novo a Ocidente

Cabra Figa ou Cabra Fria?

Um antigo povoado nos limites dos concelhos de Cascais e Sintra distrito administrativo de Lisboa, escassamente habitado durante séculos, alberga agora centenas de moradores resultado da auto construção, esforço de muita gente para  realizar o sonho da casa própria, localidade situada na freguesia de Nossa Senhora de Belém de Rio de Mouro tem nome invulgar: Cabra Figa. No dicionário geográfico, vem referida a existência de outra aldeia nome idêntico na freguesia de Montelavar, também município de Sintra. Desconhecemos onde fica ou ficaria localizada.Em documentos antigos constatamos a designação de Cabra Fria.

Cabra reporta-se a sítio de penedia, escarpado, barranco, fraga. No distrito da cidade portuguesa de Guarda existe a antiga vila de Cabra, segundo a obra citada, tomo II(pg.335). "passa junto desta terra o rio Mondego, cujas margens se não cultivam por serem fragas".

Próximo da povoação motivo deste apontamento desponta do solo uma correnteza de fraguedos nas margens do rio dos Veados, são rochas sem imponência, mas suficientes para originarem o topónimo. A sua pequenez, explica a conotação dada, esta cabra ou fraga pouco importante não "vale um figo" como se diz na gíria, quando referimos algo irrelevante daí Cabra Figa. A outra "versão"seria corruptela.

 

 

UM CASTANHEIRO DO TEMPO DOS DESCOBRIMENTOS PORTUGUESES

O castanheiro, é uma árvore de se conhecem em Portugal, indivíduos, com vários séculos. Originário da Ásia, os Romanos trouxeram-no para a Península Ibérica. No nosso País, até ao inicio do século XX existiam enormes Soutos ou Castanhais,  no Norte e Centro do território. Uma praga chamada "tinta" dizimou milhares de castanheiros, o abandono dos proprietários fez o resto.

Na actualidade, tem sido feito um esforço na recuperação das árvores antigas e, no plantio de novas. Em Trás-os-Montes e na Beira Interior há outra vez grandes soutos,  a produção de castanha aumentou, mas estamos longe do tempo em que se dizia "o povo come madeira e terra", porque alimentação tinha por base, castanha pilada e batata. Em Sintra sempre  abundaram, ainda hoje, subsiste uma artéria designada: Caminho dos Castanheiros nessa zona fica o vetusto exemplar motivo deste  "post".

Seguindo o Caminho dos Frades, que começa junto à Sobreira dos Fetos, já referida neste "sitio", chegamos à Quinta, em cujo muro é vísivel "O CASTANHEIRO". O tronco enorme, nodoso, retorcido, marcado com cicatrizes causadas pelo tempo e pelo homem  provoca em quem o observa sentimentos de admiração e respeito devidos as coisas venerandas. Segundo consta já existia na época das descobertas. Se assim for, tem mais de 500 anos. Com esta idade, há um outro perto da Guarda " o castanheiro de Guilhafonso".

O "Castanheiro de Sintra" é mais impressivo. Foi declarado árvore de interesse público conforme portaria publicada no Diário do Governo nº70, II série de 19/04/1945.

Como curiosidade: um dos maiores castanhais do Mundo está em Espanha, junto á fronteira com Portugal, entre Aroche e Aracena no caminho de Serpa para Sevilha, tem vários quilómetros de extensão. A partir de Novembro, merece uma visita porque, o tom da folhagem, proporciona uma visão única. Talvez por isso, no imaginário da antiga China, o castanheiro era associado ao OUTONO e ao OCIDENTE. Entre nós, como a castanha servia de alimento para o Inverno,  simbolizava cautela e PREVIDÊNCIA.

Resta acrescentar, um facto histórico, pouco conhecido: o souto, agora em Espanha, foi território Português até D.Dinis o ter trocado pelas terras de Riba Coa, conforme  Tratado de Alcanizes assinado em 1297. Á época, denominava-se  ALGARVE ALTO, aquela região. Não se ganhou muito com a troca...

Vale a pena visitar SINTRA, só para admirar este CASTANHEIRO.  Curiosamente, situa-se na Freguesia de S.Martinho, Santo protector dos vinhos e dos magustos. Quantas castanhas deste "velhinho" se consumiram para alegrar o Povo? Oxalá, o CASTANHEIRO vá resistindo. 

ABENÇOADA TERRA QUE TAL ÁRVORE CRIOU.

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