RUMAR A SINTRA PARA FUGIR DOS ...PORCOS
Desvendamos um enigma acerca das razões que levavam, suas Majestades a procurarem estadias em Sintra. Além das particularidades de beleza e clima ameno da terra, existiam outras igualmente relevantes para rumar à encantadora Sintra. A "porcaria " de Lisboa, como se pode aquilatar por um edital da Câmara Municipal de Lisboa de 1798. O documento dá razão ao escritor Eça de Queiroz, o qual em 1871, no livro"Uma Campanha Alegre (p.186,187) escrevia:
"Lisboa é a cidade mais suja da Europa. A própria Constantinopla, com o torpe desleixo turco, a própria Atenas, com a indolente miséria grega-são mais limpas:e se não fosse o Tejo que lhe faz uma certa toilette, e este sol maravilhoso que tudo a alegre e doura-Lisboa, aqui ao canto, junto ao mar, como um cano, seria a sentina da Europa"
Não admira a escolha de Sintra e seu termo, como local de morada e veraneio da Corte, nobreza e burguesia endinheirada. Primeiro as vilas de Belas Sintra, e Queluz com os seus palácios, depois as" insignes" quintas de Rio de Mouro e Colares. Para fugir duma cidade nauseabunda, nada melhor que o ar lavado, veigas de amena frescura e fertilidade característicos do território a ocidente da capital portuguesa, à sombra encantadora da serra do Monte da Lua ou Sintra. Leia-se com atenção a recomendação da edilidade Lisboeta, e meditemos na desdita para o povo constrangido a viver numa urbe onde varas de porcos "vadiavam" pelas ruas fossando na imundice. Nesta época as capitais europeias, alindavam-se graças a planos de urbanização, concretizados pelos governos respectivos, transformando-se em cidades modernas e salubres. O atraso de Portugal era endémico, as elites dirigentes um espelho da capital do seu império.
EDITAL