Leal da Camara, como já escrevi e demonstrei seria membro da carbonária, a exemplo do seu grande amigo, Aquilino Ribeiro.
A urbanização idealizada para a Rinchoa, foi concretização de "fantasia" baseada nos ideais da carbonária. Mestre Leal da Camara deixou "encriptada" a intenção, convencido se alguém afecto a ditadura Estado Novista, pudesse imaginar tal coisa, teria problemas.
O ideário carbonário, postula sendo denominada "maçonaria florestal", os seus membros deveriam conhecer pelo menos três espécies de árvores e respectiva madeira , a saber :
Acácia espinhosa de cujos ramos havia sido feita coroa de espinhos, colocada sobre a cabeça de Jesus, quando expirou na Cruz. O ulmeiro de cuja madeira teria sido feito o ataúde de Jesus Cristo, finalmente, a figueira onde Judas o traidor segundo as escrituras, arrependido se enforcou.
Para não dar " pistas " Leal da Camara atribuiu nome avenida das Acácias, avenida dos Ulmeiros; depois por via das dúvidas passou a Choupos.
Finalmente, não deixou que Figueira, fosse nome de qualquer artéria da urbe, para continuar a preservar segredo,
No entanto, denominou Avenida das Olaias, a rua defronte da sua casa. Olaia, igualmente, conhecida por árvore de Judas; assim, figueira de modo " fantasiado ", de acordo com a sua propensão fantasista, está contemplada.
Também, este nome, sempre presente a porta de sua casa, não deixava esquecer facto um perigo dos "amigos ", é a traição.
E assim demonstro, até numa simples urbanização nem tudo é tão simples como aparenta.
A quadra Pascal é um tempo pleno de significado, sagrado e profano os cristãos celebram a ressurreição e morte de Jesus Cristo, a passagem do Mestre para a casa do Pai. O vocábulo deriva do termo hebraico que significa isso mesmo. A anteceder o Domingo de Páscoa, decorre a quaresma, durante quarenta dias. Quarenta é o numero da preparação da espera e do castigo, este numero vem citado na Bíblia associado a acontecimentos relevantes. A antiga crença que este lapso de tempo, destruía qualquer malefício originou o hábito de colocar de "quarentena" quem sofria de infecção contagiosa.
Nos festejos profanos da Páscoa, o consumo de carne de cordeiro, deve ser uma reminiscência de sacrifícios rituais praticados por povos antigos. Simbolicamente este período remete o homem para a meditação em torno da sua existência terrena, realçando a importância de aceitar que teremos de passar sacrifícios traições e morte para atingirmos a felicidade plena. Uma questão de fé, temática com reflexos em diversas facetas da nossa vida. Judas o discípulo, traiu Jesus, arrependido ter-se ia enforcado no tronco duma figueira. Outros admitem igualmente que judas não resistiu ao remorso e se enforcou, utilizando uma olaia, por tal facto aquela é designada "árvore de Judas". Talvez a olaia seja injustiçada é uma planta com um ciclo vegetativo e floral conducente a fazer crer dar frutos deliciosos, no entanto o aspecto traí as expectativas, por isso árvore "traidora", como foi Judas.
Existem alguns topónimos derivados de "olaia", aqui perto existe uma "Avenida das Olaias" em cujo passeio foram plantadas espécimes daquele tipo, "traições" à parte em plena floração como hoje são bonitas.