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Tudo de novo a Ocidente

ROMAGEM À CAMPA DE LEAL DA CÂMARA

No dia 21 do último mês passou mais um ano sobre o falecimento de Leal da Câmara, ocorrido em 1948. Costuma afirmar-se que alguém só morre de facto, quando está completamente esquecido. Apesar do reduzido número de pessoas ter assinalado a efeméride, "o mestre" continua na lembrança da gente do sítio onde viveu e deixou "marca": a RINCHOA no concelho de Sintra.

Leal da Câmara foi inumado no cemitério paroquial de Belas na sepultura  de sua mãe, falecida em 1930. Como preito ao ilustre finado, colocou-se sobre a pedra que cobre campa rasa, coroa de flores, em ambiente de respeitoso silêncio.

O acto contou com presença dos presidentes do agrupamento de freguesia de Queluz-Belas: Paula Alves e da freguesia de Rio de Mouro: Bruno Parreira e algumas outras pessoas entre as quais o autor desta nota. Cerimónia simples, por isso de grande significado.

Em entrevista concedida a um periódico dois anos antes da morte, LEAL, afirmava: "ainda acabo saloio". Não sabemos se terá sido assim, terminou os dias na região saloia que tanto estimava, é verdade... merece a nossa recordação e reconhecimento pelo legado.

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MISTÉRIOS DA RINCHOA - AVENIDA DAS TÍLIAS

A urbanização da Rinchoa desenhada por Leal ds Câmara, entre outros aspectos que iremos referir futuramente é um repositório dos ideais e  influencias que contribuíram para a singularidade da sua obra.

Como anteriormente chamamos a atenção, Leal teve uma preocupação devidamente fundamentada na escolha do nome das árvores para denominar as artérias da Rinchoa. Um dos exemplos mais interessantes é o da AVENIDA das TÍLIAS. Sabemos que esta árvore é uma das mais profundamente simbólicas da mitologia germânica, a sua flor perfumada ainda hoje enche de encanto a principal avenida de Berlim "Unter den linder".

Significa a profunda admiração que Mestre Leal, devotava à cultura alemã. Foi um acérrimo inimigo do belicismo Prussiano, no entanto fazia sempre a destrinça entre o imperialismo alemão e a contribuição do pensamento dos intelectuais daquele País, para o progresso da humanidade.

A avenida das tílias foi projectada de modo que o seu eixo em perspectiva se encontrasse com o do Palácio da Pena,obra do rei germânico D. Fernando II.

A esta admiração pela cultura alemã era também perfilhada pelos seus amigos, Acúrsio Pereira em discurso de homenagem póstuma a Leal, escreveu sobre ele: "LOHENGRIN não partiu definitivamente na sua maravilhosa concha nacarada arrastada pelo manso ruflar das asas de uma pomba branca", trata-se de uma alusão à bela composição de Wagner. A avenida das Tílias com a silhueta do castelo da Pena ao fundo, é uma deliberada opção de Leal, no sentido de realizar mais um das suas frequentes  fantasias, que enigmaticamente encontramos, em muitas das suas criações. Enfim mais um mistério da Rinchoa, não só no sentido de uma encenação, mas também uma marca de algo transcendental e divino.

 

 

 

O HOSPITAL MILITAR DE RIO DE MOURO NO SEC:XVIII

Na última década do século XVIII, Portugal esteve envolvido em conflitos bélicos motivados pela ameaça invasão da França e de Espanha. Para defender o nosso Pais a Inglaterra, enviou ajuda militar, que incluía regimentos de Franceses emigrados que tinham combatido a República, proclamada em França em 1789 e por esse motivo obrigados a abandonar o seu País.

Um desses agrupamentos o "Loyal Emigrant", que compreendia os regimentos do Duque de Castries e do Marquês de Mortemart, vieram a soldo dos ingleses, para Portugal ficando o regimento de Mortemart aquartelado em Oeiras, com a incumbência, de entre outras, a de guarnecer o Forte de Rio de Mouro, defesa importante dos Palácios de Sintra e Queluz. Este forte ficava onde é hoje a Rua do Jornal de Sintra em Rio de Mouro, um dos seus pontos de vigia seria o "Alto do Forte" sítio que actualmente ainda existe.

Para apoio ao regimento de Mortemart, estabeleceu-se um hospital militar em Rio de Mouro. Há noticia de alguns soldados que faleceram nesse hospital e sepultados na Igreja de Nossa Senhora de Belém. No interior eram enterrados os  católicos, os luteranos no adro.

Onde ficaria o hospital? Esta pergunta fizemo-la algumas ocasiões sem encontrar resposta. No entanto como diz o povo "quem porfia sempre alcança", e um destes dias apurámos que António M. Mesquita em  artigo publicado no jornal A República de 1 de Outubro de 1949, e citado por Sousa (1984,p.121) escreveu  que séculos atrás, a Casa Museu Leal da Câmara na Calçada da Rinchoa "fora hospital militar durante as invasões francesas e pertenceu outrora ao Marquês de Pombal". Eis a solução para a pergunta, estamos em condições de afirmar que foi hospital para militares franceses, mas antes das invasões, porque estas só ocorreram a partir de 1807. Os regimentos de emigrados permaneceram em Portugal, desde 1793  até 1801.

Mais um motivo para uma visita à Casa Museu Leal da Câmara, não só pelo seu rico acervo, mas também, com o aliciante de podermos imaginar o que seria a casa transformada em hospital para os soldados do regimento do Marquês de Mortemart, nos finais do século XVII. 

  

MISTÉRIOS DA RINCHOA II

A Rinchoa, como todas as povoações que se desenvolveram rapidamente, é citada, algumas vezes, de "forma depreciativa" por pessoas que nunca visitaram a nossa terra, e, se permitem emitir juízos de valor que são no mínimo produto dum "incompreensível desconhecimento".

A Rinchoa, apresenta problemas comuns das cidades populosas. Com mais de 20.000 habitantes, tem uma importância social e económica superior à maioria das sedes de concelho de Portugal.

Dispondo de três farmácias cinco agências bancárias, dez caixas multibanco, cinemas, ginásios, escolas básicas, primárias e secundárias, restaurantes, supermercados, etc, etc...

Se alguma coisa falta, são equipamentos que o Estado, deve construir. A sociedade civil, neste como em outros locais do País, é mais dinâmica, que o "Estado Arcaico" que nos tutela...

A Rinchoa têm uma localização impar, sendo em todo o concelho o sitio onde melhor se pode observar a Serra de Sintra.

A urbanização idealizada por Leal da Câmara teve em atenção o valor paisagístico daquela montanha pois algumas das suas ruas foram traçadas para permitir visualizar a Serra.

Em vários locais da urbe, os nossos olhos encontram o "Monte da Lua" coroada pelo Palácio da Pena.

A atmosfera luminosa da Rinchoa, os seus amplos, que alcançam o oceano, são mais um dos seus mistérios encantadores que merecem ser divulgados. 

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