Das feiras " arrabaldinas " de Lisboa, a sintrense Feira das Mercês, é das poucas apesar de antiga ainda se vai realizando.
Tempo houve seria das mais concorridas, e animadas de quantas se realizavam por esse Portugal fora.
Afluíam a feira gentes desejando comer e beber petiscos diferentes e únicos :
peras pardas cozinhas, produzidas nas redondezas,carne de porco frita no barro, vinho de Torres Vedras. A carne de porco resultava do desmanche de suínos no recinto do certame, criados, em "pocilgais" vizinhos.
Esta apetência pela carne de bácoro, quando da abertura da linha de caminho de ferro do Oeste, motivou os " leitoeiros " da Vila de Mealhada, no distrito de Aveiro, via ramal da Pampilhosa do Botão, chegavam a Figueira da Foz, daí com facilidade ao apeadeiro de Meleças, passando fornecer a feira de leitão assado.
O sucesso foi grande, não havendo concorrência, o preço era "puxado", talvez por isso, alguns moradores do então lugarejo de Negrais, freguesia de Almargem do Bispo, começaram a fazer comércio de leitão assado de forma diferente, chamado " leitão espalmado", deste modo o preço baixou. O leitão de Negrais começou a ser famoso.
Também já escrevi neste espaço, a importância da Feira das Mercês , na difusão da petiscal invenção sintrense: o prego.
Em 1929, foto de arquivo do antigo jornal " O Século ", mostra multidão em dia de feira.São visíveis ramarias dos plátanos, no terreiro principal, demonstração prova serem árvores centenárias.
Mais um motivo de interesse para visitar a Feira ou simplesmente o sitio em qualquer época do ano.
Os sítios nunca deixam de ostentar nem que seja somente pelo topónimo, factos importantes da história.
No Município de Sintra, numa as suas mais remotas, " fronteiras " existe povoação conhecida por nome de significado ainda oculto ; que desejava, " decifrar": Mastrontas . Pertence a união de Freguesias de Almargem do Bispo, Montelavar e Pêro Pinheiro .
Embora durante séculos,estivesse integrado no alfoz de Montelavar.Mastrontas; situada perto de Negrais, zona territorial onde se demarcavam antigas circunscrições ,Cheleiros, Mafra, Alcainça e "Cintra ".Este facto obrigava a quotidianos cuidados para impedir possíveis usurpações de terrenos alheios.
Mastrontas,foi cabeça de " vintena ou vintana " onde residia o juiz dela, A vintana de Mastrontas , compreendia no Século XVIII, segundo memórias paroquiais de 1758, os lugares de Mastrontas, Vale de Figueira,Serrados, Santa Eulália,Covas de São João, Alfouvar de Cima , Feteira,Cabeça,Anços,Barreiros,Ribeira dos Tostões,Ribeira do Farelo.
Como podemos constatar, alguns daqueles lugares, não pertencem já ao concelho de Sintra, o que corrobora a relevância de Mastrontas , local onde residiam " vigilantes " guardiões dos marcos e mastros que sinalizavam estremas concelhias desde a idade medieval.
Mastrontas significa : área dos " marcos " e " mastros " , Na localidade residiam pessoas zeladoras das propriedades dos senhores das terras fossem eles do feudo ou do trono. Alias, o termo " tronar " quer dizer : " estar em posição dominante, " exercer grande influencia ", imperar ". Mastrontas, terá sido em tempo coevo . " "Mastronas " ; por corruptela acabou na forma actual.
A linha do oeste, passa por aqui, onde há até, uma passagem de nível, observando a linha na direcção a Mafra e Malveira,vemos logo a seguir a Mastrontas , grande curva, e a ferrovia desaparece de repente, " engolida " pelo arvoredo do bosque. Simbolicamente também a antiga relevância do povoado se esfumou nos meandros da História.
Ruinas de " passada " inportancia que esta casa em ruina na beira da estrada para aldeia demonstra