A história além de outras virtualidades permite, quando conhecemos factos ocorreram nos edifícios em decadência,conseguimos imaginar como seriam em tempo de opulenta vivencia.
Na tapada, dita da Marquesa, contigua ao recinto onde se realiza a secular feira das Mercês; deparamos, actualmente com construção residencia rural da nobre família de Lorena Daun, exibindo ar decadente, de ruína progressiva.
No entanto, além da permanência da senhora Marquesa viúva de um dos titulares, da casa Pombal,seria palco de importantes, eventos, como o da assinatura da venda dos terrenos e anexos onde está instalada a Base Aérea nº1, precisamente, na Granja do Marquês, junto da Estrada de Sintra a Mafra , por Pero Pinheiro.
Além disso nos anexos da " mansão " funcionou em finais do século XIX, a Escola Agrícola da Quinta Regional de Sintra, cujo campos experimentais eram precisamente na Quinta da Granja, arrendada pelo Estado, para o efeito.
Fazemos votos,seja dado uma utilização social e culturalmente digna, a este edifício, porque neste como em outros casos " quem vê ruínas, talvez, não veja a história que albergam ".
Quem não tem talento nem imaginação,passa a vida a copiar outros, e a " rezar " para que não descubram a " careca " pondo a nu falta de decoro.
Vem a propósito de urbanização " deparei", no sítio do Vale de São Gião, freguesia de Milharado, concelho de Mafra.Servida pela estrada nacional EN 374, a "preciosidade " urbanística,baseia-se na edificação de vivendas de luxo, muitas delas com piscina.
O conjunto,dispõe de equipamentos colectivos, de cariz modernista, de diversa índole , no entanto, conferem ao aglomerado , toque de novo riquismo indisfarçável; nos antípodas do " original" Rinchoense.
As ruas principais tem largura idêntica a que Leal da Câmara,traçou para urbanização da Quinta Grande. A nomenclatura das artérias :
Alameda das Acácias, Rua das magnólias, Rua dos sobreiros, Rua dos Plátanos ...Beco das Tílias.
Não deixam dúvidas de onde foram buscar a inspiração.Tiveram pudor , não apelidar " avenidas", mas mesmo assim é " gato escondido com rabo de fora ". Prova final fica,demonstrada com desenho da "nossa" urbanização. Caso para dizer é preciso ter "lata".
O boletim oficial " Diário do Governo ", I série - número 102 de 11 de Maio, inseria plano rodoviário nacional , apresentado pelo Ministro das Obras Públicas e Comunicações, Augusto Cancela de Abreu; diploma estipulava a designação da estradas nacionais, do modo seguinte :
- Estradas Nacionais de 1ª classe ( Itinerários principais).
- Estradas Nacionais de 1ªclasse.
- Estradas Nacionais de 2º classe.
- Estradas Nacionais de 3ª classe.
- Estradas Nacionais de 3ª classe ( Ramais ).
A numeração até 100, destinava-se aos itinerários principais. De 101 a 200, as de 1ª classe, de 210 a 300. as de 2ª classe, de 301 a 400, as de 3ª classe.
No municipio de Sintra, segundo o plano , existiriam as estradas seguintes :
Estrada nacional, 117 ( Lisboa - Portas de Benfica - Queluz - Pero Pinheiro.)
Estrada nacional , 247 Peniche ( proximidades ) - Cascais, passando por , Porto de Lobos , Lourinhã, S. Pedro da Cadeira , Ericeira, Sintra , Colares, Cabo Raso, Cascais
Estrada Nacional 249, Lisboa - Sintra , inicio em Benfica,passando por Amadora , Cacém- Sintra ( Estefânia ).
Estrada Nacional 250, Caxias- Sacavém, e pssagem por , Cacém,Caneças, Loures.
Estrada Nacional 375, Alcainça-Sintra, passando por estação de Mafra, Cheleiros, Odrinhas,Azenhas do Mar, Colares, Sintra.
Estrada Nacional 8-1 Ponte de Lousa - Pero Pinheiro ; passando por Almargem do Bispo.
Estrada Nacional 9-1 Cascais , Malveira da Serra , Linhó.
Estrada Nacional 117-1 Queluz, Carnaxide , Algés.
Estrada Nacional 117-2 Pendão, Carenque.
Estrada Nacional 247-3 Pé da Serra , Sintra
Estrada Nacional 247-4, Azóia , Farol do Cabo da Roca.
Estrada Nacional 249-2 Massamá , Apeadeiro de Barcarena.
Estrada Nacional 249-3 Cacém , Leião, Porto Salvo, Paço de Arcos
Estrada Nacional 249-4 Estrada 249, Albarraque, Abóboda, S. Domingos de Rana , E.N.6-5 ( Sítio do Barão )
Estrada Nacional 250-1, Venda Seca, Meleças, Algueirão, Granja do Marquês
As rodovias referidas ainda existem quase todas , para não se perder memória delas aqui fica o contributo.
Numa das estremas do Município de Sintra, com o vizinho de Mafra,fica situado um povoado aldeão,dos mais recônditos e " longínquos " de todo território concelhio.
Aldeia hoje parcamente habitada, já possuiu igreja entretanto desaparecida. O enquadramento paisagístico e largueza de horizontes,transmitem ao lugar atmosfera singular.Pertence administrativamente a união de Freguesia de Almargem do Bispo , Montelavar , Pero Pinheiro.
São João das Covas, redodeado por inúmeras colinas no cimo das quais , se erguem ruínas de antigos moinhos os ventos fortes deste quadrante do rincão Sintrense, os faziam rodar.Terra de trigo e vinhas,a aldeia merece uma visita.Não conhecia, hoje cumpri desejo antigo e fui lá.
Nas " peregrinações " turísticas pelo alfoz da região saloia arrabaldes de Lisboa, " aportei " há pouco ao centro histórico de Enxara do Bispo,concelho de Mafra, antiga freguesia actualmente integrada na união com Gradil e Vila Franca do Rosário
Além algumas casas de aspecto solarengo, despertou curiosidade a igreja matriz da evocação,Nossa Senhora da Assunção.Templo de dimensão pouco habitual em terras gente maioritariamente humilde como parece ter sido o caso da urbe em tempos; está inacabado,dando ideia pretenderem construir edifício imponente.Que teria acontecido?.Investiguei, julgo encontrei resposta.
Enxara do Bispo durante séculos, foi vigararia,cujos rendimentos pertenciam Universidade de Coimbra assim como terras agrícolas das redondezas cujo agricultores pagavam dizimo aquela instituição.
No final do século XVIII, igreja paroquial da localidade encontrava-se de acordo petição dos moradores " em estado ruinoso e muito indecente de se celebrar nela o Culto Divino ". Pediam providencias as autoridades para mandarem a junta da Universidade dar prontidão ao restauro, ou autorizarem os moradores com dinheiro que deviam pagar a Universidade fazer as obras.
A Universidade de Coimbra,resolveu não reparar a igreja , em vez disso, mandou edificar uma nova . As obras iniciaram-se na década de 1820, convulsões sociais da época e abolição dos forais, levaram interrupção .A universidade teve de remir os foros, deste modo a igreja ficou como estava, e aliás continua, talvez, o povo não disporia de dinheiro suficiente para dar seguimento a empreitada,e já era possível utilizá-la para o culto...
Deu tanto prazer a " descoberta " decidi partilhar com os " leitores". A foto mostra estado actual da Igreja.
Alcandroada no cimo de uma lomba onde avistamos panorama deslumbrante,concelho de Mafra, freguesia de Cheleiros distrito de Lisboa, o resto da aldeia das Broas vai paulatinamente avançando rumo a ruína total. Quando chegamos ocorre questionar, às portas da capital, aldeias ficaram desertas sem moradores, porque estranham no interior do País se verifiquem idênticas situações?
Silencioso lugar, batido pelo vento, suscita-nos melancólica ternura, paredes de edifícios outrora utilizados vão derruindo. Se actos de vandalismo houve, não notamos.
Parece permanecer invisível segurança, zelando para tudo terminar no tempo adequado, sem pressa nem afã. Não há viva alma, largo principal do povoado, gigantesco freixo, por ventura centenário, rodeado de vestígios antigo banco de pedra, construção circular onde moradores conviviam.
Freixo, segunda antigas crenças de povos germânicos, símbolo de perenidade da vida, indestrutível afugenta as serpentes e todos maleficios, é o guardião da aldeia. Enquanto durar nada de mau vai suceder naquele lugar.
Pensava tudo isto na curva do caminho de regresso, quando olhei a "freixial silhueta", quem sabe ? pela última vez.
Para impedir a um exercito invasor por via terrestre chegar facilmente a cidade de Lisboa foi idealizado um projecto defensivo, denominado Linhas de Torres Vedras, que consistia no aproveitamento das serranias a norte da capital portuguesa compreendidas entre margem esquerda do rio Tejo em Alhandra até ao oceano atlântico e construir nos seus cumes e colinas fortes redutos trincheiras, caminhos "desenfiados" e sistema de comunicações adequado centralizado na Serra do Socorro, extrema dos concelhos de Torres e Mafra. O nome linhas de Torres Vedras foi atribuído porque aquela povoação era a mais importante da área abrangida, e possibilitava fácil acesso a frota fundeada ao largo.Nela se construiu uma importante edificação do complexo militar, o Forte de São Vicente, também conhecido por "obra grande de Torres Vedras".
Quem inicialmente percorreu as região e reparou na aptidão militar do terreno, onde viriam a ser construídas as linhas foi o engenheiro francês Vicent, que acompanhava Junot na primeira invasão francesa. O reconhecimento aprofundado e levantamento topográfico de todos os locais onde viriam a ser erguidos os obstáculos a progressão bélica, realizou-o o Major engenheiro do exército português José Maria das Neves Costa. A escolha das posições destinadas a fortificação coube ao Duque de Wellington, mais tarde também,conde do Vimeiro marques de Torres Vedras, duque da Vitória. Finalmente o director responsável, pela execução das obras nos locais escolhidos pelo Duque foi o engenheiro inglês Fletcher. Como se refere no magnifico livro do coronel Professor J. Custódio Madaleno Geraldo, dedicado as linhas de Torres (1807-1811).
Segundo Neves Costa os engenheiros britânicos , por falta de tempo, extinção dos meios de execução que podiam dispor , foram obrigados a terminar em Mafra os trabalhos das fortificações.Se assim não tivesse sucedido estavam previstos trabalhos no concelho de Sintra:
Neves Costa indicava diversas posições susceptíveis serem fortificadas, especificando: "a 6ª posição é a do Sabugo, esta e aquelas que se seguem até Lisboa, não oferecem grandes obstáculos naturais, e devem antes ser consideradas, como favorecendo uma retirada, ou uma batalha que fossemos obrigados a não poder evitar, do que posições capazes de assegurar a resistência de tropas muito inferiores que nos atacarem. A esquerda esta posição, pode ser postada nas pequenas alturas do Casal da Granja, as quais não oferecem grandes dificuldades no seu ataque. O apoio pode ser encontrado no cerro de Almornos onde se podem defender com vantagem os caminhos difíceis que sobem da parte de Almargem do Bispo.Deste lado a posição pode ser rodeada pelo caminho que de Santa Eulália e Albogas Velhas , vai ao Aruil e D.Maria onde o acesso ao cerro de Almornos e muito praticável, e pelo qual o inimigo ameaçaria penetrar até Loures ou Caneças. A esquerda a posição pode ser rodeada pelo caminho que da quinta da granja vai a Meleças onde o inimigo se dirigiria ao revês da posição pela quinta do Molhapão ou pela Venda Seca a Belas.".Neves costa escreve depois acerca da posição de Belas, e alturas do Suimo, hoje Quartel da Carregueira, e cita o alto dos casais do Machado e quinta dos marqueses.
Por esta pequena resenha,faz sentido que o Município de Sintra passe a integrar o conjunto das Municipalidades, que constituíram a rota histórica das linhas de Torres, seja colocada sinalização e se preparem os locais e caminhos, no projecto da obra militar incluídos no território sintrense, para permitir a visita e motivar interesse das caminhadas , "hobby" frequente dos moradores desta zona densamente habitada.As colinas da foto , são os cumes do Sabugo.
Algumas vezes por feliz acaso a toponímia das artérias duma povoação,é fonte preciosa de informação para se desvendarem aspectos relevantes da sua história.
A aldeia do Sabugo,integrada na associação de freguesias de Almargem do Bispo ,Montelavar e Pêro Pinheiro, no municipio português de Sintra,situada junto á antiga estrada real de Lisboa a Mafra,passando por Belas,mantem importantes vestígios do casario primitivo,caracterista que faz desta povoação uma das mais pitorescas da região saloia.A actividade agricola foi predominante durante séculos, reflexo disso, ainda existe no Sabugo um posto de venda de produtos agricolas,propriedade da Cooperativa Agrícola do Concelho.Porque era ponto de passagem os almocreves e viajantes, aproveitariam para descansavam as suas montadas na aldeia, razão pela qual a vereação da Câmara Municipal de Sintra, deliberou mandar construir no ano de 1782, fonte e bebedouro aproveitando uma copiosa nascente.
A água alimentava também o tanque de um lavadouro onde as mulheres aldeãs lavam roupa, sua e dos fregueses de Lisboa clientes das "lavadeiras" do Sabugo.Esta faina foi o ganha pão de gerações. Curiosamente o rancho folclórico da aldeia denominava-se "lavadeiras do Sabugo".Para transporte da roupa de e para Lisboa utilizavam-se carros puxados por gado muar, mais a miúde os rústicos "burros saloios" que mestre Roque Gameiro imortalizou nas suas aguarelas.Para acondicionar a carga os jericos eram "equipados" com albarda,ou seja uma cobertura cheia de palha que se colocava no dorso das bestas de carga,tipo de sela grosseira geralmente de estopa. Os artesãos frabricantes deste utensílio eram conhecidos por "albardeiros".No Sabugo este ofício deveria ser importante.Na localidade deparamos com "Travessa dos Albardeiros".A necessidade desta profissão resultaria do elevado numero de animais de carga a albardar.Um bom exemplo da utilidade dos topónimos para investigar as comunidades rurais.
Volvidos quarenta dias, após a Páscoa,periodo simbólicamente necessário à preparação expiação e espera. Jesus Cristo ascendeu à Casa do Pai. Efeméride das mais respeitadas pelas comunidades rurais cristãs na era pre-industrial. Em Portugal neste dia é feriado municipal em trinta municipios de norte a sul do país, os distritos com mais feriados estavam englobados na antiga província da Estremadura, em zonas de boa produção ceralífera, distritos de Lisboa e Santarém.
Tradicionalmente fazem as pessoas ramos juntando espigas de trigo rama de oliveira e papoilas. Mistura do sagrado e profano, anúncio da colheita próxima, mesmo tempo lembrança que para se conseguir qualquer "graça" é indispensável sofrimento e renúncia. Dia fundamental do calendário eclesial católico.
Além de ser a haste terminal do centeio, trigo, milho e demais gramineas onde se encontram os grãos, espiga significa algo enfadonho, maçada, contratempo, prejuízo. Deste modo atendendo à situação com qual estamos confrontados em 2014 quinta feira da espiga, é também... uma grande "espiga". Na antiguidade clássica em Maio celebravam-se as "rosalias", com arranjos de rosas porque Maio, ainda hoje é associado aquelas flores, deixamos uma...
Sacotes aldeia da Freguesia de Algueirão Mem-Martins no município de Sintra tem fascínio especial, não só pela situação geográfica, alcandroada num penhasco onde nasce um perene curso de agua e brotam nascentes, sortidoras da fonte, construída no sopé do lugar mas também vestígios de antigas construções de cunho rústico, além dos arredores onde se econtravam: moínhos, pastagens, "cavaleiras", matas e outros meios necessários ao quotidiano dos habitantes e mantê-los afastados do contacto com outras povoações, protegidos do olhar indiscreto de visitas indesejadas, seria sítio onde se desenvolvia sigilosa actividade. Estas particularidades contribuíram para que Sacotes tivesse durante séculos a fisionomia dum lugar fechado.
Caminhando pelas artérias do burgo, suscitou atenção a designação que ostentam. Fomos carreando elementos úteis à compreensão do significado do topónimo. O prefixo SAC, entra na formação de inúmeras palavras como: saco, sacar, sacrotear, sacrário, etc. Sacar significa: extrair, tirar, furtar. Seguindo esta pista alertados pela existencia duma rua dos ourives baseados nas nossas investigações apuramos, até pelo menos ao século XVIII habitaram na aldeia mestres que ensinavam as artes de canteiro e ourives (do ouro), para se distinguirem dos que trabalhavam a prata. Diversos aprendizes,participaram na obra do convento de Mafra. Donde provinha o ouro? Persistente e pacientemente fomos "lendo" a paisagem circundante; encontramos um topónimo "GORGULHAS", cujo significado pode ser: "conjunto de fragmentos de rocha, entre os quais se encontra o ouro". Os indivíduos garimpeiros do ouro os "sacotes" faziam desmonte das rochas para extrair ou sacar o precioso metal, trabalho esforçado pouco apetecível,quem sabe com recurso a mão de obra escrava!? O negócio do ouro exigia comunicação fácil com os compradores sem suscitar atenções. Na aldeia existiiu um pombal destinado a esse efeito. Daquela azáfama restam rua e largo dos ourives e peculiar atmosfera enigmática transmintindo sensação de lonjura que envolve o povoado, reminiscências das antiquissimas actividades da extracção e metalurgia do ouro, esgotado o filão, continuou a artesania do precioso metal, durante séculos fonte de rendimento de algumas famílias moradoras.