Nas recentes jornadas, sobre História Local, Sintrense,promovidas na Quinta da Riba Fria em Sintra, pela Associação Cultural Algamares,onde proferi palestra, acerca do Casal dos Almargens, existiu na freguesia de Rio de Mouro,referi facto das tarefas agrícolas daquela, extensa propriedade, serem realizadas com recurso a mão de obra escrava.
Durante debate seguinte alguém considerou relevante a informação porque nunca ouvira falar de tal situação.
Na altura tive oportunidade de afirmar, ser frequente, nas quintas do terno de Sintra, designadamente na área de Paiões , Rio de Mouro, São Marcos e Meleças, a existencia de escravos.
Acrescento, testemunho, confirmando outra situação. Na quinta grande de Meleças, situada onde hoje está, parte baixa da Rinchoa, primitiva, zona das Avenidas das Faias, e Robinias, ser cultivada por mão de obra escrava.
Registo paroquial de óbito,ocorrido em vinte nove de Outubro, de 1754,podemos ler "Manoel Gomes, casado com Catarina Inácia, ambos pretos, escravos, de Dona Maria Joaquina, viúva de Diogo José, da quinta de Meleças."
Enterramento, no interior da igreja, revela a inexistência de qualquer discriminação do foro eclesial.
Curiosamente, tres meses depois do falecimento, a viúva de Manoel Gomes, deu a luz criança do sexo masculino.
O recurso a mão de obra escrava, entre outros factores, tinha origem no facto da maioria dos naturais, preferir viver da caridade, pedindo a porta dos conventos em vez de trabalhar...
Um dos mais belos conjuntos de pinheiros mansos de vegetação silvestre existentes num meio urbano em Portugal está em risco.
No Município de Sintra, limite dos sitos da Quinta Grande, da Rinchoa e Meleças, imediações da estação ferroviária de Mira Sintra, encontramos " floresta " de pinheiros mansos , quase centenários, no âmbito do plano director municipal ( PDM ). em vigor, considerada zona verde a preservar; por falta de vigilância adequada está lenta e sorrateiramente ser destruída. Um a um os pinheiros são dolosamente derrubados, qualquer dia , do pinheiral só quedará " memória".
A Câmara Municipal deveria proceder ao inventário do arvoredo , de modo a aplicar coimas severas aos proprietários do terreno , e responsabilizando-os pela eventual delapidação do bem comum.
Salvemos este pinhal belo e singular enquanto é tempo.Alertei, cumpri o meu dever ; quem puder, faça o mesmo.
Deparo de vez enquanto no trabalho de investigar a história do dos sitios que adoro.Encontrei algumas ocasiões referencia "azenha de fitares"; sei mais ou menos onde ficava.Hoje na habitual caminhada no Parque Urbano da Rinchoa, Município de Sintra, notei alguém mandara podar uma velha figueira existente , do alijamento dos ramos , apareceu a vista uma construção que antes parecia simples muro .
Trata-se do troço final da levada conduzia água até a roda da azenha, para com o peso do elemento liquido a accionar.
Posso finalmente afirmar havia na Ribeira de fitares , um dique,precisamente onde está antiga ponte pedonal de pedra,daí saía levada percorrendo terreno junto ao caminho de ferro e estação de Meleças, até a azenha no fundo da propriedade, a agua depois de fazer rodar a moenda, era aproveitada para rega da horta a partir do açude que ainda podemos observar no curso de água a seguir ao local da "azenha de fitares ". Prova superada, como diria o outro.Motivo de interesse acrescido para valorizar este maravilhoso parque em boa hora, colocado a fruição dos habitantes da Rinchoa, e todo concelho de Sintra.
Cumpri de novo desejo iniciado há cinco anos quando reparei neste centenário "roble", mantém-se firme e viçoso, nos terrenos da antiga quinta grande, junto a estação de Meleças.
Tem cada vez mais "lenha" seca na copa, no entanto, aspecto geral é saudável, vai durar ainda muitos anos se não for "derrubado".Seria conveniente,alguém com poder e meios, mandasse cortar os ramos "mortos" , ficava mais vistoso.
Sem dúvida carvalho, de mais idade existente na área urbana do Município Sintrense.Longa vida "velhinho amigo".Como referi em anterior apontamento, idade da árvore rondará 400 anos.
Em Setembro de 2013, encontrei pela primeira vez um gigantesco carvalho, que cresce na antiga quinta grande de Meleças situada na Rinchoa,limites das freguesias de Rio de Mouro e de Belas no Município de Sintra , área metropolitana de Lisboa, Portugal.
Desde dessa altura quando desponta, finalmente, o tempo primaveril, como sucedeu hoje, um sol luminoso e quente adorna o dia, depois de persistentes temporais de chuva vento e frio,fui qual romeiro visitar a árvore.Talvez seja das minhas remotas origens asturianas,o carvalho impressiona-me pela majestade do tronco e espessura da folhagem.Árvore poderosa símbolo de força, aliás a palavra latina "robur" que significa carvalho, quer dizer força, a grandiosidade da sua copa assemelha-se á cobertura de um templo.
No meu anterior apontamento escrevi: a casca que falta no tronco, devia ter sido utilizada no curtimento de peles. Poderá ser; hoje observando com mais atenção , posso afirmar a árvore deve ter sido atingida por um raio, que danificou o tronco e secou muita ramaria.
O exemplar é robusto, resistiu, apresenta aspecto de grande vigor vegetativo. Medi o perímetro do tronco á altura do peito (PAP), verifiquei a dimensão de 2,95 metros. O tronco de um carvalho em condições favoráveis de solo e água , como é o caso, cresce cerca de 6 cm por década a idade deste será de cerca 450 anos.Oxalá continue motivo de inspiração sabedoria e força que os nossos antepassados celtas atribuíam ao carvalho. A mais antiga árvore do rincão sintrense aonde está.
Na periferia da povoação de Morelena,município de Sintra,antiga freguesia de Pero Pinheiro,nos terrenos outrora fazendo parte do grande latifundio medieval,conhecido por "prazo de Meleças" ,deparamos com um singelo e vistoso monumento: a capela de Nossa Senhora da Conceição.O aspecto arquitectónico da ermida tem um certo ar "levantino"pouco usual em Portugal.
O culto a Nossa senhora da Conceição parece ter sido trazido do oriente pra a Irlanda no século IX,daí passou á Inglaterra dois séculos depois.O primeiro bispo de Lisboa o cruzado inglês D.Gilberto,iniciou este culto mariano em Portugal no ano de 1147.No século XVII,a Igreja difunde e aprofunda a veneraçao a Nossa Senhora da Conceição.Em 1646, o Rei de Portugal D.João IV,proclamou solenemente padroeira de Portugal "a Santíssima Virgem Nossa Senhora da Conceição"
Talvez seja este facto o impulso fundador desta "orada".A sua localização e pormenores construtivos ,merecem uma referencia especial neste dia dedicado aos sitios e monumentos dignos da nossa atenção:
As terras de Meleças, no termo de Sintra eram férteis, boas produtoras de trigo. Relacionado com esta característica, o escritor Pinto de Carvalho- Tinop (1858-1936), no livro "LISBOA D`OUTROS TEMPOS-II OS CAFÉS, publicado em 1899, escreveu:
"O botequim do Marcos Filipe foi um do primeiros cafés de luxo de Lisboa. Estava ao canto do Largo do Pelourinho (hoje Praça do Munícipio) na loja que tem os números 23 e 24, e é ocupada pela drogaria da viúva Serzedello. (...), o botequim foi estabelecido depois do terramoto, a solicitação do Marquês de Pombal, que reconhecia a importância deste elemento de vida pública nos grandes centros populosos. O estadista, para vencer a contumácia do fundador da casa, foi lá,no dia da inauguração, almoçar chá e torradas com manteiga feitas de pão de Meleças, um lugarejo saloio cerca de Belas a confecção destes almoços ligeiros constituía uma especialidade dos velhos botequins lisboetas".
O "picante " da história é que um dos principais fornos de Meleças, para a cozedura do pão estava instalado na quinta do Scoto, propriedade do Marquês, como era seu apanágio não dava ponto sem nó. A existência da industria de panificação na localidade, devia-se também à abundância de lenha nas redondezas utilizada no aquecimento dos fornos. Para obter a farinha,laboravam azenhas e moinhos de vento, por nós referidos em apontamentos anteriores. A drogaria citada por Tinop, mais tarde, deu lugar a um grande armazém de ferragens, J.B. Fernandes entretanto desaparecido. No presente está ali instalado um Banco....
O afamado pão de Meleças tinha modo de preparação diferente do "pão saloio", durante o século XIX, na primeira metade do século XX, vendiam-se em Lisboa, os dois tipos de pão. O forno mais importante de Meleças, devia situar-se no sítio ainda conhecido pelo Vale do Forno, incluído da área inicial da quinta do Scoto. O território que estamos referindo pertenceu até 1950 á Freguesia de Nossa Senhora de Belém de Rio de Mouro, concelho de Sintra. Muitos dos emigrantes em S.Paulo, no Brasil estabelecidos com negócios de confeitaria e padaria, segundo a Professora Maria Isilda Santos de Matos, na tese "A luta pelo Pão", acerca da labuta dos portugueses por uma vida melhor no século XIX, anunciavam na imprensa paulista, fabrico e venda do pão de Meleças. Chegou longe uma das delicias da nossa terra.
A Quinta Grande é uma propriedade situada no lugar de Meleças, no concelho de Sintra. Era uma exploração agrícola de que se conhecem referências em documentos muito antigos. As suas terras produziam com abundância, por serem férteis, e disporem de água para regadio proporcionada pela Ribeira da Jarda que a atravessa.
A quinta foi urbanizada, restando da sua antiga função uma estreita faixa junto ao curso de água. Nesta zona são visíveis as ruínas dum forno destinado ao fabrico de cal. Para a cozedura do calcário o forno teria de seraquecido com a queima de lenha, possivelmente obtida nas proximidades.
No local ainda se detectam vistosos sobreiros e carvalhos negrais de pequeno porte.
A avenida que termina na quinta designa-se "dos carvalhos", reminiscência da existência, não há muito tempo de árvores daquela espécie. Quem sabe se alguma lenha para o forno não seria cortada deste arvoredo?
Como testemunho dessa época resiste um Carvalho de porte grandioso que descobrimos por acaso no local.O seu robusto tronco serve de suporte a rede dum galinheiro, instalado sob a sua copa. Ridícula utilização duma árvore notável.
O carvalho plantado na berma do caminho perto do acesso à Estação Ferroviária de Meleças, do lado da Rinchoa, percorrido diariamente por centenas de pessoas apressadas, talvez por isso passe despercebido.
Pela sua altura cerca de 15 metros e diâmetro do tronco, terá mais de 200 anos.Apesar de umas pernadas secas, o seu aspecto vegetativo é bom.
Este "distinto" carvalho negral, sobrevive a curta distância duma grande urbe, sendo ummonumento deveria ser considerado de interesse público, para figurar num roteiro das ÁRVORES MONUMENTAIS de Sintra. Devido as suas grandes ramadas àsua folhagem espessa o carvalho simbolizava um Templo vivo, porque convida a permanecer e meditar sob a sua sua sombra. O carvalho era para os antigos, a ÁRVORE.
Quem sabe se este não será o derradeiro exemplar do que deve ter sido um frondoso carvalhal? Merece ser admirado e conhecido, deixamos por isso, registo para memória entretanto, é mais um motivo para frequentar um local de bucólica beleza antes que o "progresso" o confine a casario e a uma estação de comboios na chamada, linha do Oeste Português.
A urbanização da Rinchoa, idealizada por Leal da Câmara e concretizada através da empresa por ele constituída "A Realizadora" tem particularidades de traçado que devem ser realçadas.
Em 1944, quando do congresso de "Mem-Martins e Rinchoa-Mercês" foi aprovada uma recomendação para que fossem dados às "ruas, nomes de árvores e flores".
Esta resolução do congresso tem sido respeitada até hoje e a Rinchoa é talvez o único sitio de Portugal onde não se atribuem nomes de pessoas nem de datas à toponímia das ruas.
Quem sabe, fruto das conversas aos serões, no Casal Saloioi, entre Leal da Câmara e os seus amigos, pessoas estudiosos do esoterismo, na Rinchoa há ruas, com aspectos e nomes com um toque de mistério.
A Avenida dos Plátanos tem plantados nas suas bermas trinta e três árvores daquela espécie e não foi por acaso porque há espaço suficiente para mais....
Num dos topos da Avenida dos Plátanos fica a Avenida dos Carvalhos, no outro a das Acácias e no meio formando a mais longa Avenida da urbe a dos Choupos.
Estes pormenores fazem da Rinchoa uma povoação singular: o seu nome, as ruas, e agora até a localização que possibilita aos seus moradores a utilizarem duas estações de caminho de ferro modernas e funcionais: