No centro geográfico do território do Município de Sintra,na localidade da Tala, pertencente a antiga freguesia de Belas,mas perto da Agualva, Algueirão , Rinchoa e Mercês,encontramos aprazível local para degustar uma especialidade : cozido a portuguesa.
Há por esse Portugal muitos sítios " famosos" porque lá também é possível apreciar aquela prato tradicional da nossa culinária.Conheço alguns, posso afirmar sem receio de desmentido, os que associam a receita a um "canal " , esqueçam , na Tala , é mais do que isso é um ..." rio ".
Servido em doses " pantagruélicas " , carnes e enchidos numa travessa , vegetais arroz feijão, em outra, o pitéu atinge perfeição " estrelar ".
Agora mais acessível pela A16, ali afluem apreciadores de todo País, aos fins de semana as três centenas de lugares enchem mais de uma vez.
Quem duvidar deve provar. Na Tala , Município de Sintra é servido o melhor cozido a portuguesa de todo Portugal e sua diáspora.Pela minha " riquinha " saúde !
A feira das Mercês,e o muro do derrete, eram tradições arreigadas as quais o povo saloio durante séculos, deu vida colorido em festas de arromba que mestre Leal da Câmara , com seu traço talentoso, imortalizou em pinturas podemos contemplar na Casa Museu e Núcleo dos Saloios na Rinchoa, acervo cultural único por si só justificativo de uma vinda até ao " estado livre " como leal lhe chamou.
A estrada do Muro do Derrete, fica, no limite das freguesias de Rio de Mouro e Algueirão Mem - Martins, junto do muro de suporte do terrado onde ainda se celebra moderna feira evocativa
Na estrada perto do semáforo, cruzamento da Calçada da Rinchoa com Avenida Laranjeiras, existia casa destruída por um incêndio
A construção antiga ameaçava ruir , e causar danos materiais e humanos, por isso a Câmara Municipal de Sintra, procedeu , como devia a demolição do que restava daquilo que havia sido vistosa casa de veraneio.O camartelo camarário costuma ser pouco sensível a pormenores que deviam ter sido preservados.
Na parede exterior da casa, ainda fui a tempo de registar imagem de dois painéis de azulejos, um com nome da rua .
E outro com gravura representando Nossa Senhora da Conceição, de quem os primitivos donos deveriam ser devotos.
Contactei algumas pessoas no sentido de retirar estes azulejos e coloca-los, no muro fronteiro, a rapidez da acção demolidora, foi tal que impossibilitou salvar o espólio.
Fica para recordação este texto ,e " ilustrações "; mesmo de forma mitigada cumpri dever de cidadania, quem pretender recordar tem recurso passar por " tudo novo a ocidente ". A estrada sem qualquer adorno ou placa toponímica continua assim :
Uma das facetas da personalidade de Leal da Câmara, manifestava-se pela sua persistente preocupação em congregar vontades cultivar o convívio entre pessoas e entidades, interessadas no progresso da Rinchoa sítio escolhido para viver o tempo final da vida. Na localidade deixou obra cada vez mais valorizada e compreendida, tarefa difícil. O rumo traçado na concretização dos seus objectivos, passou por aglutinar em torno da "ideia" um conjunto de indivíduos com interesses ligados a Rinchoa, organizados numa estrutura denominada Comissão de Iniciativas e de Melhoramentos da Rinchoa-Mercês. A Comissão "Composta sempre dos mesmos, um verdadeiro bloco cimentado, por já velha e mútua amizade e até grande familiaridade, á qual se vêm juntar novos prosélitos... que substituirão o pequeno número de fundadores, verdadeiro senado desta instituição a que estas duas povoações devem o seu desenvolvimento e propaganda "Era a opinião do mestre sobre a comissão à qual presidiu até ao falecimento.
O trabalho da Comissão, frutificou a urbanização da Quinta Grande entre a Rinchoa e Meleças, é actualmente um exemplo de urbanismo de qualidade no concelho de Sintra. A "fantasia" do mestre concretizou-se, as marcas do seu pensamento e acção ficaram "impressas" na paisagem, o simbolismo das artérias da urbe, a rotunda octogonal que assinala o centro da urbanização, "grito de Alma" de Leal Da Câmara só foi possível com a "cumplicidade dos seus "irmãos" da Comissão.
Os membros da da Comissão eram nove, elegeram sempre Leal da Câmara para presidente;por isso considerava-se: "Mestre Eleito dos Nove". O que remete para o nono grau do rito escocês da maçonaria a que Leal pertenceu, naquele grau é feita a apologia da democracia e direito dos povos escolherem os seus governantes.
Para perpetuar a amizade dos nove com o seu eleito, plantaram nove árvores no pátio da antiga escola primária, edifício construído graças ao empenho da comissão. As árvores são "memória" lembrando a fraternidade, igualmente sinal inequívoco do amor pela liberdade e democracia num tempo de opressão autoritária, característica do Portugal salazarista. Local emblemático e simbólico do "estado livre da Rinchoa" como apelidou o "mestre eleito" Leal da Câmara.
Leal da Câmara foi um Português de invulgar talento, faceta que tem sido realçada por diversos que o têm estudado. No entanto,à medida que vamos conhecendo o "sonho" que idealizou para materializar na Urbanização da Rinchoa, não temos dúvidas, Leal era um homem que possuía o dom da genialidade.
Acúrsio Pereira escreveu, em sua memória um belissimo trecho onde desvenda um pouco do mistério da personalidade de Leal da Câmara, nos termos seguintes:
"Feliz este Mundo! Os cavaleiros do Graal de alma angélica e corpo virgem continurão a passar serenos e bravos alegremente sofredores desinteressados e justos, embora deixem avermelhado com o próprio sangue as rosas brancas dos atalhos campestres".
O seu amigo sabia porque escreveu, tendo convivido com Leal durante muitos anos assistiu à concretização de uma das suas obras símbolo do ideal que sempre norteou o seu modo de viver. A escola primária que projectou para a Rinchoa, para além da sua função de difundir a instrução foi imaginada como um templo erigido à Glória de Deus e ao amor pela humanidade, este de acordo com o seu ideal republicano: "era o único digno da condição humana", como postulara Sampaio Bruno.
Na escola da Rinchoa, a entrada principal é franqueada transpondo duas colunas, e como é possível aceder ao interior por três lados da porta as colunas totalizam quatro: número das letras do nome de DEUS. Na frontaria foram rasgadas quatro janelas.
Num lado da porta principal num esboço em gesso dentro dum circulo, está a face de Feliciano de Castilho, o pedagogo cego e autor do belissimo poema a ROSA. No outro lado, com o mesmo pormenor construtivo está João de Deus, autor da Cartilha Maternal. Encimando o conjunto a imagem de Nossa Senhora das Mercês.
Estamos perante uma possível alusão ao grau 18º do Rito Escocês Antigo e Aceito da maçonaria universal denominado: Soberano Príncipe Rosa-Cruz. Neste grau segundo os rituais conhecidos as colunas designam-se: FÉ, ESPERANÇA e CARIDADE.
Castilho por ser cego representa a FÉ, para acreditar tendo fé não é preciso ver, João de Deus e a sua cartilha dedicada as crianças simboliza a ESPERANÇA num provir melhor. Nossa Senhora das Mercês porque mercê é dádiva representa a CARIDADE.
Esta obra de Leal, prova o seu deísmo e a crença no carácter divino do ideário da verdadeira República onde a ética e a liberdade conduziriam o Povo à plenitude da democracia.
Leal da Câmara acreditou sempre que a Pátria é uma comunidade de sonhos, aproveitemos o seu exemplo e não deixemos que nos retirem esta convicção. Para além de todos os golpes dos mais ousados e sem escrúpulos: "os desinteressados e os justos" irão alcançar a República sonhada desde os tempos de PLATÃO!? Quem sabe?"as lições do passado são os ensinamentos do presente. No entanto não esqueçamos a imagem de Manuel Bernardes: "é quimérico pretender endireitar a sombra da vara torta".
A Tapada das Mercês é uma localidade do Concelho de Sintra, associada injustamente, a um projecto urbanístico pouco "exemplar". Mas essa opinião resulta de preconceitos alicerçados em conhecimentos pouco fundamentados...
A primeira fase da urbanização foi concebida por um conceitado gabinete de arquitectura para a empresa Cintra Construções dirigida por um empresário de muito mérito. As sucessivas alterações e os tempos conturbados vividos no pós 25 de Abril permitiram a alteração do essencial da ideia original. Estamos todavia, num local privilegiado quer do ponto de vista histórico quer das tradições. As Mercês são o local onde há mais de duzentos anos se realiza uma feira anual onde é possível degustar pratos típicos como a CARNE DE PORCO AS MERCÊS e as PERAS COZIDAS. A antiga Estação Ferroviária ganhava quase sempre o prémio de Estação mais cuidada em concursos promovidos pela CP.
Os terrenos da Tapada pertenceram durante séculos à casa Pombal. Foram esses donatários que mandaram construir a Capela de Nossa Senhora das Mercês que ainda existe de onde saí anualmente, no último dia da feira, uma procissão em honra do Orago.
Quando foi criada uma Escola Agrícola na Granja do Marquês, actualmente Base Aérea de Sintra, existia também na TAPADA um colégio que servia de complemento à escola.
Do coberto vegetal primitivo ficaram algumas árvores de que se destacam uns antigos castanheiros no terreiro da Capela e um pequeno CARVALHAL na mata contigua à Ermida. Para terminar convém lembrar que durante a primeira metade do século XX famílias da burguesia Lisboeta, procuravam as MERCÊS, para passarem o Verão por ser um local aprazível e de fácil acesso.
Afinal, sempre vamos ter Feira das Mercês ao contrário do havia referido no post anterior....Para fraseando Rodrigues Miguéis: "em Portugal tudo chega atrasado, o progresso a civilzação o caminho de ferro e..." a FEIRA DAS MERCÊS"!