Quem viaja no comboio de Lisboa para Sintra, passada a estação ferroviária da cidade de Agualva-Cacém no cruzamento da linha, quando uma via diverge para Mira Sintra Meleças e outra para Rio de Mouro através das amplas janelas da carruagem, poderá contemplar à esquerda na margem da ribeira da jardas, antiga quinta dos frades Loios, onde dependurada num arco alongado imitando rustíco campanário, sineta singela assinala o lugar da capela. Em plano superior destacando-se no matorral da charneca a silhueta cilindrica de um moinho de vento, o moinho da oca. Acerca deste engenho Leal da Câmara escreveu em setembro de 1944, na comunicação apresentada no Congresso da Rinchoa: "moinho sem velas nem capacete e que deixara de ser, há longos anos já, o árbitro do cantar e do sibilar dos ventos para se transformar, coitado!... em simples marco geodésico indicado nas cartas do estado maior com um pontinho especial que marcava o último apoio das linhas estratégicas de Torres"
A simpliciade duma construção que mirada de passageiro atento alcança, extinta a função inicial de moer o pão passou a "talefe" ou picoto base das coordenadas para elaboração de mapas e talvez testemunha silenciosa de acontecimentos relevantes ocorridos durante a guerra peninsular. Está apresentado, futuramente será visto com outros olhos?
Hoje é o dia que se convencionou para: "DIA INTERNACIONAL DOS MONUMENTOS E SÍTIOS".
Este ano com especial atenção ao património rural e Paisagens Culturais, deixando um pouco de lado estas últimas, e como em Portugal quando se refere o âmbito rural , se pensa nos recônditos lugares do interior do território Pátrio, ocorreu-nos apontar um caso em que o rural e o urbano coexistem confirmando que em Portugal devido as extraordinárias migrações dos anos 60 do século passado, os que transitaram do campo para a cidade não romperam definitivamente a ligação afectiva e cultural com as terras de onde vieram. Deste modo é possível encontrar em zonas densamente urbanizadas, "sítios com genuíno património rural". Está neste caso um moinho de vento, recuperado pela autarquia local da Freguesia de Mira-Sintra no concelho do mesmo nome. Além de ser um elemento valorizador da paisagem tem também uma função cultural, pois permite observar como o moleiro utilizava o engenho para produzir a farinha moendo o grão. Já agora tentando "levar a água ao moinho" deixamos aqui uma sugestão e uma pergunta: A Câmara Municipal de Sintra não poderia promover a recuperação de alguns dos moinhos de vento que existem ao longo da estrada Sintra Ericeira? Seria assim possível criar uma atracção turística a que poderíamos chamar "ROTA DOS MOINHOS DO OCIDENTE"...
Por hoje deixamos a imagem dum moínho que representa um caso exemplar de recuperação de património rural em meio urbano.