O orfanato escola Santa Isabel, actualmente organismo da Santa Casa de Lisboa, Instituição de carácter social das mais relevantes de Portugal, situada em Albarraque freguesia de Rio de Mouro no Município de Sintra, surgiu graças ao empenho visão e espírito cristão de Joaquim Alves da Mota, que adoptaria o nome religioso de Agostinho.
Tendo nascido, a 5 de Julho de 1875, no concelho de Ribeira de Pena, freguesia de São Pedro de Cerva, distrito de Vila Real, província de Trás-os-Montes,iniciou percurso na ordem Franciscana no convento do Varatojo, Torres Vedras, a 3 de Outubro de 1890,em Dezembro de 1895, na casa franciscana de São Boaventura de Montariol em Braga, fez votos solenes de ingresso na ordem inicialmente como Frei Agostinho da Anunciação, que mudou mais tarde para Frei Agostinho Mota
Estudou Teologia em Roma no Colégio de Santo António dos Franciscanos, tendo obtido diploma regressou a Portugal , passando a leccionar em Montariol.
Homem de grande cultura,não só eclesiástica mas também profana, dedicou atenção aos problemas sociais e políticos do seu tempo, os sermões e colaboração no periódico a "Voz de Santo António", onde enunciava ideias contrarias ao pensamento dominante, granjearam - lhe inimizades, sobretudo nos membros da Companhia de Jesus; isso levaria mais tarde a expulsão, da Ordem Franciscana, mantendo a condição de sacerdote.
O pensamento político de Agostinho da Mota, pode sintetizar-se neste trecho em artigo sob titulo " sufrágio popular ", publicado no numero de Maio 1909 da Voz de Santo António.
"Não é justa a condenação de um partido, só porque em vez de apresentar como móbil do seu trabalho e ideias nos mostra mais os interesses. Ao contrário : quanto mais um partido satisfizer os interesses de todos,melhor serve a sociedade civil,pois a sociedade civil,não é coisa ideal: - o seu fim directo, a sua primordial razão de ser consiste na facilitação dos meios a todos os seus membros para adquirirem a maior soma de bens materiais.
Não é pois de admirar que um só partido estudando a questão por um prisma particular, seja insuficiente nos meios também distintos para a resolver.
Daqui a legitimidade e, mais que isso, a necessidade de formação de outros partidos que, tendo estudado, a questão por lados diversos, apresentem meios também distintos para a resolver.
Da diversidade de princípios resultará a oposição e o combate ; mas esta luta, longe de nociva, é proveitosa , necessária até como elemento de progresso, porque corresponde à divisão do trabalho que é exigência de todos os organismos superiores.".
Agostinho da Mota foi acusado de ser muito liberal, porque defendia também aplicação sistema de Hondt para distribuição de mandatos nas eleições.
A obra de acolhimento e preparação para a vida dos mais desfavorecidos, seria a sua maior realização; não chegou ver concluída a construção da "cidade dos rapazes" pois faleceu a 18 de Outubro de 1938, mesmo assim, seu labor é reconhecido sendo agraciado com a Grã Cruz da ordem de Mérito e Beneficência, distinção entregue pelo presidente da Republica general Oscar Carmona em 1935, na sede do orfanato em Albarraque.
Merce honremos a sua memória. Na freguesia de Rio de Mouro há uma artéria que ostenta o seu nome.
No Município de Sintra , viveram e deixaram a sua " marca " insignes cidadãos , alguns injustamente esquecidos ou pouco conhecidos , cujo exemplo de vida merece ser destacado.
Um deles, o padre franciscano , Fei Agostinho da Mota, de nome secular Joaquim ,natural da freguesia de São Pedro de Cerva, concelho de Ribeira de Pena, distrito de Vila Real, Trás - os- Montes, nasceu em 5 de Julho de 1875, faleceu na cidade de Lisboa em Outubro de 1938.
Homem de carácter e dilatada cultura eclesiástica e profana, orador de grande eloquência, os sermões que proferiu são considerados ao nível de Padre António Vieira.Jornalista director da revista franciscana " A Voz de Santo António " publicada em Lisboa de 1895 a Maio de 1910 .
Fundou na década 1920, a secção masculina, cidade dos rapazes, do orfanato escola Santa Isabel, situado em Albarraque Rio de Mouro - Sintra, cujas instalações definitivas seriam construidas em 1942 , mediante projecto do arquitecto António Lino.
Agostinho da Mota em discurso proferido nas instalações do orfanato perante altas individualidades do Estado, no Dezembro de 1935, referiu falando do orfanato " Eis a nossa obra. É pouco ? É muito ? É bastante ? É o suficiente ?
É pouco para quem trás dentro da Alma o ardor e a paixão,do infinito. É muito para quem já fez tudo o que devia fazer. É bastante para quem mais não pode fazer. Mas não é o suficiente para quem vê e sente as mais tristes realidades da vida , das quais as primeiras vitimas são precisamente as criancinhas, que se contam por milhões. e concluiu "Vós tornastes possível uma obra impossível, Consolidai-a. fortificai-a aumentai-a eternizai-a ". Nesta ocasião recebeu das mãos do Senhor Presidente da República Oscar Fragoso Carmona a Grã Cruz da Ordem de Mérito.
A obra continua de pé e sólida agora debaixo da protecção da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. e cada vez mais devemos honrar e dar a conhecer o homem que a " sonhou " Padre Agostinho da Mota
António Lino, ilustre arquitecto natural de Lisboa, nasceu em 1909 e faleceu em 1961 na mesma cidade, concluiu o curso de arquitectura na Escola Superior de Belas Artes, igualmente em Lisboa.
De sua autoria diversos projectos relevantes, como por exemplo: a colunata da Basilica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, monumento de Cristo Rei em Almada, igreja de São João de Deus, Lisboa, no município de Sintra, segundo dados dos serviços camarários são da sua responsabilidade, obras de beneficiação no palácio da Quinta da Regaleira, uma moradia unifamilar em Galamares e a colónia de férias para os filhos dos empregados da CUF, em Almoçageme.
De acordo com elementos obtidos na minha investigação, que divulguei publicamente pela primeira vez, na Sessão Extraordinária da Assembleia de Freguesia de Rio de Mouro do último 29 de Março p.p. no período antes da ordem do dia, também é de sua "lavra" o projecto das instalações do Orfanato Escola Santa Isabel em Albarraque, freguesia de Rio de Mouro inauguradas em 1942-1943, e respectiva capela aberta ao culto em 1944, cujo alçado principal podemos apreciar. Notam-se algumas semelhanças com a fachada principal da Igreja de São João Deus, na lisboeta Praça de Londres.
O nome do autor do projecto, é visível numa das peças desenhadas dos edifícios do Orfanato Santa Isabel de Albarraque, António Lino aproveitaria a mesma ideia para aplicar na colónia de férias da Cuf.
Importa também referir António Lino, pertenceu ao MRAR: movimento de renovação da arte religiosa, onde entre outros se integraram os arquitectos: Nuno Teotónio Pereira, Braula Reis, José Maia e Jorge Viana este último autor do projecto da Igreja da Sagrada Família, edificada no Bairro da Tabaqueira.