A freguesia de Rio de Mouro, Município de Sintra,é território onde deparamos com particularidades, fazem que pedaço da terra Sintrense, tenha identidade e referencias peculiares.
Reporto-me circunstancia de na toponímia,encontrarmos,termos relativos a minas e actividade extractiva.
Assim temos SERRA DAS MINAS,simpático e progressivo bairro, cuja denominação ficou devendo a profusão de minas para captação de água,executadas na elevação rochosa que lhe fica adjacente.
A mina de ferro de ASFAMIL, onde se extraia,ocre ferrosa, para fabrico de tintas,situadas na serra das Ligeiras, próximo da povoação da qual as minas tiraram nome. Já escrevi neste sitio acerca desta exploração mineira.
Encontrei agora, prova documental da existência de outra mina,no antigo território pertenceu a freguesia,até 1950,quando se instituiu a freguesia de Agualva-Cacém.
Era "jazigo de pedra de areias quartziticas",utilizadas em diversas industrias;se fosse hoje com certeza seriam aproveitadas, no fabrico de componentes para electrónica.
Como se poderá ler, a jazida está situada na "terra do chafariz", perto do (sitio) Papel, actualmente edificações onde laborou importante estabelecimento de tinturaria : Cambournac.
O documento é do fim seculo XIX, portanto freguesia de Rio de Mouro, concelho de CINTRA, tal qual se escrevia na época.Ficamos por aqui...
A freguesia de Rio de Mouro, berço ao longo dos séculos de individualidades, durante a vida alcançaram que posições de relevo mas que infelizmente, hoje estão quase esquecidas. Honrar a memória e resgatar do esquecimento esses conterrâneos é dever de cidadania que exerço com empenho.Tive ensejo de evocar este Sintrense, na sessão solene comemorativa da elevação Rio de Mouro a vila, realizada ontem.
No lugar do Papel, hoje integrado na freguesia de Agualva Cacém, Mira Sintra e São Marcos, nasceu a 26 Dezembro de 1903: Francisco José Carrasqueiro Cambournac filho de D. Maria Carlota Canas Carrasqueiro, senhora de família importante da Vila de Belas e de Pedro Roque Cambournac, proprietário administrador da Tinturaria Cambournac, natural da quinta do Papel, freguesia de Nossa senhora de Belém em Rio de Mouro. Pode dizer-se que Francisco Cambournac era um "saloio de gema".
Licenciado em Medicina pela faculdade de Medicina de Lisboa, pós-graduado em medicina tropical, em instituições universitárias de Hamburgo, Londres e Roma.
Regressando a Portugal,seria nomeado professor do Instituto de Medicina Tropical de Lisboa, mais tarde no período 1964 a 1973, director daquele mesmo instituto.
Ao longo da vida profissional, teve papel relevante na erradicação do paludismo em Portugal, dirigiu o Posto de Malariologia de Águas de Moura, concelho de Palmela, e idêntico estabelecimento em Benavente. Pela sua competência e saber ficámos a dever a extinção do flagelo da sezões, na zona dos arrozais do Vales do Sado e Sorraia. Publicou cerca de duas centenas de trabalhos científicos, versando a temática da epidemiologia.
A profícua acção do Doutor Francisco Cambournac, permitiu acabar o paludismo em Cabo Verde, antes da independência, tendo desempenhado papel destacado semelhantes trabalhos em Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Guiné Bissau. Neste ultimo país, depois de 1974 a pedido do Governo, dirigiu programa de combate a malária tendo idade 80 anos..
Nomeado em 1964 director Regional para África da Organização Mundial de Saúde (OMS) com os votos favoráveis de representantes na ONU dos movimentos de libertação das antigas colónias, portuguesas, que teria desagrado ao Professor Salazar. Só não existiu retaliação devido ao elevado prestigio Professor Cambournac gozava mundialmente. No entanto acerca da sua actividade edificaram uma "muralha de silencio", perduraria até a morte em Lisboa no dia 8 de Junho de 1994.
Sitio denominado do "papel", no Município de Sintra pertence na actualidade a freguesia de Agualva Cacém , no entanto até década 50 do século passado, durante centenas de anos fazia parte integrante da freguesia de Nossa Senhora de Belém , em Rio de Mouro.
O nome deriva do estabelecimento fabril,possivelmente construido no século XVIII, destinado ao fabrico de papel, utilizando, restos de tecidos.A partir dessa data curso de água banha o local passou a designar-se " Ribeira do Papel ".Curiosamente os primeiros operários da "fábrica",eram oriundos da Vila da Lousã, perto da cidade de Coimbra, onde existia desde o Século XVI, fábrica que fornecia papel a universidade de Coimbra.
Em 1818, fábrica pertencia a Joaquim Pedro Quintela do Farrobo, 2º Barão de Quintela , mais tarde Conde de Farrobo, grande capitalista e proprietário, dissipou em festas e luxos , fortuna descomunal.
Fabrica havia sido comprada pelo pai,Joaquim Pedro Quintela, primeiro barão de Quintela.A instalação fabril esteve na posse do Conde Farrobo, até seu falecimento. Em 1869, os bens foram vendidos em hasta pública, resultado da falência total do conde.
As instalações do "Papel", seriam adquiridas por Pierre Joseph Alfred Cambournac, que iria transformar a fábrica, numa estamparia mecânica e tinturaria a "Tinturaria Cambournac" a qual laborou até depois de vinte cinco de Abril de 1974. Isso é outra história.O numero de operários da Cambournac, chegou a ser tal a Companhia de Caminhos de Ferro Portugueses CP, instalou apeadeiro do Papel, situado na passagem de nível do mesmo nome, estrada Cacém,Massamá, destruído quando das obras de alargamento da via férrea , e destinado a servir a fábrica.
A incipiente industrialização do Portugal oitocentista a nível nacional,teve todavia, no concelho de Sintra alguma expressão graças a diversos capitalistas dinâmicos surgiram estabelecimentos fabris de razoável dimensão cuja actividade influenciou a vida económica e social do município.
Uma dessas unidades industriais a Tinturaria Cambournac, sediada no sítio da Ribeira do Papel, território da Freguesia de Rio de Mouro até criação da autarquia de Agualva-Cacém a 15 de Maio de 1953,local escolhido não só devido á relativa abundância de água,e também mão de obra especializada no ramo da tinturaria, perto em Rio de Mouro funcionava desde o final do séculoXVIII uma tinturaria e estamparia de chitas.A cambournac encerrou no rescaldo do período conturbado seguinte a Revolução de 25 de Abril de 1974.Principiou laboração em 1846, funcionou sempre no sítio referido o atendimento da clientela tinha lugar em Lisboa no Largo da Anunciada, junto à Avenida da Liberdade. Os proprietários, de visão empresarial moderna iniciaram em 1876 o processo de limpeza a seco de fatos e tecidos. Inovação introduzida mantendo a actividade de tingir "toda a qualidade de fazenda nova e usada, fio de seda, lã, algodão juta, palha, etc". Fabricavam também tinta para escrever, enfim "tinturaria" completa.
Deveria ser um negócio próspero, o "clã" familiar residia junto à fábrica em ampla e confortável habitação onde nasceram filhos aos quais proporcionaram educação adequada, alguns guindaram-se a posição de relevo na sociedade. Um deles Desidério Cambournac, nascido em cinco de Abril de 1874, militar médico conceituado sempre disponível em favor dos mais carenciados e das causas da salubridade pública, em homenagem foi erigido por subscrição popular um busto de bronze colocado na Vila de Sintra na avenida homónima.Nome de baptismo escolhido pela família em consideração à avó paterna D. Maria Desidéria Cambournac, casada com o fundador da empresa Pedro Roque Estáquio Cambournac. Desidério Cambournac solteiro e sem filhos faleceu em 1936. Reflexo de relevância social e politica concelhia o cortejo fúnebre saiu do edifício dos Paços do Concelho de Sintra para o cemitério de S. Marçal com grande acompanhamento de pessoas representativas dos estratos sociais da região devido ao prestígio e carácter bondoso do finado. O "solar da família Cambournac, foi berço de outros descendentes ilustres.