No tempo conturbado caracterizou o inicio do regime Republicano em Portugal, factos relacionados com a promulgação da lei da separação da Igreja e Estado,provocaram conflitos e querelas que duraram décadas.
No Município de Sintra , no seguimento arrolamento dos bens do clero,da Freguesia de São Pedro de Penaferrim, efectuado em 20 de Junho 1911, foi recordado a 7 de Junho de 1924, nota dirigida ao Ministro dos Cultos onde se refere " Consta que no lugar da Penha Longa, pertencente a condessa do mesmo titulo, na sua capela se venera imagem de Nossa Senhora da Saúde, propriedade desta paróquia ", Esta nota havia sido escrita em 1911.
O proprietário da Quinta da Penha Longa,visconde dos Olivais, em requerimento ao Presidente da Comissão Central da Execução da Lei da Separação, afirma dentro da quinta situada nos limites das duas freguesias São Pedro e Santa Maria no concelho de Sintra, existe a capela referida.
O visconde , escrevia " constando que a freguesia de São Pedro, projecta a seguir a festa anual que se realiza a 9 de Junho, derrubar várias árvores que são de minha propriedade e que ornam o recinto da capela, pretendo ser informado se o Estado, tem qualquer direito, á capela, e se a Junta pode mandar derrubar as árvores ou praticar quaisquer outros actos de subversão da propriedade que me coloquem na situação de obediencia".
O arrolamento de 1911, continha a informação que referi inicialmente, e tal facto segundo as entidades competentes " Não era propriamente um arrolamento, quanto muito elemento informativo ".
Assim apesar do povo ter acesso a capela para realizar festa anual honra de Nossa Senhora da Saúde, foram dadas indicações ao Delegado do Governo no Município de Sintra para fazer saber as Juntas de Freguesia.
" Neste caso o Estado não tem direito de propriedade da referida capela nem do arvoredo que a circunda e que orna a estrada que lhe dá acesso,não podem as juntas mandar reparar a capela ou autorizar qualquer entidade fazer reparações,sem que esta comissão central tome qualquer resolução sobre o assunto ",
A querela iria continuar, no entanto a decisão dos proprietários instituírem uma fundação e realizarem obras de beneficência relevantes, e situação política decorrente do golpe militar de 28 maio 1926, conduziu tudo terminasse a contendo dos donos da Penha Longa.Nossa Senhora da Saúde continua em privado a proteger a quinta, e também os paroquianos.
A mui antiga freguesia Nossa Senhora de Belém em Rio de Mouro, erecta por vontade dos frades da ordem de São Jerónimo do Convento da Penha Longa, donos e senhores da maior parte das terras da região, foram ao longo dos séculos aforando e vendendo propriedades depois transformadas em opulentas quintas pelos seus proprietários.
Até criação das freguesias de Algueirão Mem Martins e Agualva Cacém, década de 50 do século XX, Rio de Mouro foi a mais povoada e rica de todas as freguesias do termo da Vila de Sintra.
O território de Rio de Mouro fértil, coberto de valiosas florestas, além da beleza forneciam lenha indispensável ao dia a dia dos moradores.
Um prova ficou na toponímia em Rio de Mouro as quintas mais ricas ostentavam e algumas ainda ostentam nomes de árvores e vegetação: Quinta das Sobralas, Quinta do Olival, Quinta do Ulmeiro, Quinta do Pinheiro, Quinta do Zambujal,Quinta de Fetares (hoje Fitares), Quinta de Entre-Vinhas e outras que porventura existem e não lembro.
Rio de Mouro é um belo sítio para viver, mal grado opinião de ilustres "novos ricos", além do dinheiro nada podem revelar. "Deus os ajude e a nós que não nos desampare ", sentença sábia da nossa querida avó materna.
Cumpre-se este ano, vigésimo aniversário da declaração de interesse concelhio, atribuído à igreja paroquial de Rio de Mouro concelho de Sintra, Área Metropolitana de Lisboa. O templo edificado na povoação durante séculos sede da freguesia, actualmente denominada "Rio de Mouro Velho", é exemplo interessante de arquitectura religiosa de cariz rústico.
A Nossa Senhora de Belém, escolhida como padroeira, pelos frades da ordem de São Jerónimo, porque dedicavam à Virgem, grande devoção. Os monges Jerónimos, proprietários das terras das redondezas, cujos cultivadores eram foreiros do Mosteiro da Penha Longa , onde os frades, possuíam convento.Aqueles monges se ficou devendo a construção, no século XVI. época que governava Reino de Portugal o cardeal Dom Henrique.
A igreja e fábrica de estamparia de lenços e chitas que laborou durante cento ciquenta anos, dinamizaram o desenvolvimento económico e social do burgo. Dista escassos vinte quilómetros do centro de Lisboa, no entanto a sua observação remete-nos para lugar longínquo.
A foto inédita, obtida a partir do caminho que habitantes de localidades circundantes, designadamente,Covas,e Serradas seguiam nas deslocações a igreja Matriz, para assistirem á missa de Domingo, ilustra a ruralidade do edifício.
A declaração de interesse concelhio, publicada no Diário da República de 6 de Março de 1996, tem o teor seguinte:
"Classifica-se como valor concelhio , a igreja de Nossa Senhora de Belém , matriz de Rio de Mouro,no Largo do 1º de Dezembro, e Rua de Joaquim Correia de Freitas, Freguesia de Rio de Mouro.
Imagem de Nossa Senhora de Belém,existente na Igreja de Rio de Mouro, levada solemente no seu andor durante procissão que anualmente se realiza em Julho , e percorre as ruas de Rio de Mouro Velho e Paiões.