Referi neste "sitio" a tradição de artesania do ouro e da prata ,referenciada no século XVIII,no Município de Sintra, nomeadamente em Sacotes e Rio de Mouro.
Relendo ,Pinho Leal o seu "Portugal Antigo e Moderno" ; reparei novamente no que escreveu acerca da igreja matriz de Nossa Senhora de Belém, passo a citar "Nesta igreja matriz há uma custódia de prata dourada, que em 1877 foi vendida por engano (!), ao sr. visconde de Monserrate, porém , a força de reclamações tornou a vir de Inglaterra , para onde tinha ido.Esta custódia é um primor da arte de ourivesaria, e obra de grande merecimento ".
Sabemos a Paróquia de Rio de Mouro,era circunscrição eclesiástica de fracos proventos, por isso seria difícil,mandar executar custódia de custo elevado,como parece ser o caso.Talvez tenha sido oferecida a Igreja por ourives oriundo de Rio de Mouro.!?
Em 1721,exercia profissão,de ourives na cidade de Évora,José da Silva , natural do lugar de Francos; segundo apurei detentor de apreciável fortuna,aliás, deu a dois sobrinhos igualmente, naturais de Rio de Mouro, dote necessário a obtenção de ordens sacras, na Arquidiocese Eborense.Terá sido quem executou e ofereceu a sagrada alfaia a igreja matriz onde havia sido baptizado?
Ilustro texto com uma página do processo de um dos candidatos ao sacerdócio, atrás referido.
Quando falamos em produção de vinhos no concelho de Sintra, o mais populoso da área metropolitana logo a seguir a Lisboa, vem a memória a região demarcada de Colares, todavia a importância vinícola, não se restringia ao rincão colarejo.
Antigamente o território sintrense produzia quantidade importante de vinho, destinado abastecimento da capital do País e também exportação. A qualidade do mosto digna de nota, permitiu existência de numero significativo de produtores. Uma zona rica em vinho, freguesia de Rio de Mouro, incluía terrenos actualmente integrados nas freguesias de Agualva-Cacém e Algueirão Mem-Martins.
Historiadores como Pinho Leal e Esteves Pereira, reportam essa característica. O ilustre republicano Ribeiro de Carvalho, na quinta do Zambujal situada no Cacém, produzia vinhos em qualidade e quantidade. Na quinta de São Pedro, onde está o hipermercado Continente, Cemitério paroquial de Rio de Mouro na encosta do eucaliptal do Monte da Parada, estavam plantadas videiras da casta sanguinhal. A vinha manter-se-ia até a década 50 do século XX, quando a pressão urbanística começou a "arrasar" tudo.
Sendo verdade, parece lendário. Numa antiga casa quinta em Rio de Mouro Velho, tive ensejo de constatar a justeza da história: lagar de pedra, pipas de grande capacidade, utensílios para engarrafamento, diversos apetrechos relacionados com a faina vitivinícola guardados em espaçosa construção propositadamente erigida para adega, atestam a antiga actividade "báquica". Nas freguesias urbanas do concelho de Sintra o terreno foi chão que já deu uvas.