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Tudo de novo a Ocidente

O último donatário de Belas

Belas sede de concelho até 1855, actualmente integrada na união de freguesias de Queluz-Belas, município de Sintra, destino de veraneio e repouso da nobreza e burguesia da capital do reino e cabeça de marquesado. O título teve origem num real decreto da Rainha Dona Maria I de Portugal em 1801. O derradeiro titular na vigência do regime monárquico desta distinção,nasceu na vila de Belas a vinte e oito de Julho de 1878, domingo,pelas cinco horas da manhã, filho legítimo do marquês de Belas, D. António de Castelo Branco natural da Freguesia dos Anjos na Cidade de Lisboa e Dona Maria da Piedade de Lacerda de Almeida e Vasconcelos natural de São Pedro do Sul, distrito de Viseu, casados canonicamente. Neto paterno de D. José Castelo Branco Correia e Cunha Vasconcelos e Sousa e Dona Maria Francisca Luísa de Sousa,condes de Pombeiro, materno do senhor Paulo Correia de Lacerda Lebrim e Vasconcelos e Dona Caetana da Cunha Almeida e Vasconcelos. Baptizado na Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Misericórdia de Belas em dois de Agosto de 1878, foram padrinhos o avô materno e  tia paterna Dona Rita de Castelo Branco, solteira, moradores em Belas. Ambos sabiam escrever, assinaram o termo do baptismo. Acto celebrado pelo reverendo presbítero Gualdino de Amaral e Sá.

Teve esmerada educação, oficial do exército pertenceu à arma de cavalaria serviu nos regimentos de lanceiros 2 de Lisboa, cavalaria 9 na invicta cidade do Porto atingiu o posto de tenente, aficionado de equitação e da tauromaquia,tradição de família. Implantada  a República, na sequência da revolução de 5 de Outubro de 1910, foi viver para Itália acompanhando sua mãe, dama da Rainha Dona Maria Pia de Sabóia.Após a morte da Rainha, em Turim no ano de 1911 regressou a Portugal. Monárquico convicto participou em todas as tentativas para restaurar o regime deposto. Instaurada a ditadura militar, em 1928 foi reintegrado no exército, logo passado á reforma. Dedicou-se aos negócios ,em Portugal e Roménia. Industrial de conservas de sardinha proprietário de fábricas na cidade portuguesa de Setúbal.Patrão com preocupações sociais,  muito estimado pelos operários e operárias das suas empresas, carinhosamente o apelidavam "Marquês Sardinheiro" faleceu em Lisboa a 16 de Maio de 1965, curiosamente o mesmo dia da semana do nascimento. Está sepultado em Santarém.  D.José Inácio de Castelo Branco Correia da Cunha Vasconcelos e Sousa, Par do Reino, fidalgo da Casa Real, 4º marquês de Belas, 10º conde de Pombeiro, visconde de Castelo Branco, 22º senhor de Pombeiro e 16º senhor de Belas. Na pia baptismal recebeu o nome de José Inácio de Loyola. De "Loyola" desapareceu, desconhecemos  o motivo.

( aspecto de Belas em junho de 2014).

 

 

ADÃES BERMUDES REVISITADO

O ilustre arquitecto Arnaldo Redondo Adães Bermudes pertenceu a uma elite de portugueses que trabalharam no sentido de modernizar um País arcaico dominado pelo caciquismo, que oprimia um povo analfabeto e paupérrimo. Adães Bermudes conhecendo esses problemas pugnou para os tornar menos pungentes.

Infelizmente em Portugal, esquecemos facilmente quem devíamos recordar e quando o fazemos nem sempre cuidamos de transmitir a veracidade das biografias. Acerca deste arquitecto ligado ao concelho de Sintra pela sua morada e obras excutadas, deparamos com informação em sítios da internet, completamente falseada umas vezes e noutras incompleta. Somos admirador sincero do Homem  e do Arquitecto, pretendemos que o nosso trabalho seja pautado pelo rigor e partilha do que vamos investigando deixamos pela primeira vez os dados fidedignos relativos ao nascimento, casamento e falecimento do "Mestre":

Nasceu na freguesia de Santo Idelfonso, concelho do Porto aos vinte e nove de Setembro de 1863, baptizado na igreja daquele orago em dezanove de Outubro do mesmo ano, era filho legítimo de Felix Redondo Adães, negociante natural da Galiza e de Dona Sesina Romana Bermudes Neto paterno de Pedro Redondo e Rosa Adães, materno de José Bermudes e Francisca Martins.Casou com D.Albertina de Jesus Vieira da Mota em cerimónia realizada no dia oito de Agosto de 1902 na Igreja Paroquial de Santa Maria Madalena em Santo Tirso, deste casamento nasceu um filho. Adães Bermudes faleceu em Paiões freguesia de Rio de Mouro, concelho de Sintra aos dezoito dias do mês de Fevereiro de 1947. Está sepultado no cemitério paroquial daquela freguesia em campa por si desenhada. Esperamos que daqui em diante fazendo fé nas nossas informações se corrijam os erros propalados.

A MAÇONARIA EM SINTRA ALGUNS APONTAMENTOS I

A maçonaria na Monarquia Constituicional como durante a República foi sempre uma organização com influência significativa na vida social e politica do concelho de Sintra. Esta provinha não só de mações naturais e residentes no Concelho, mas também de vários que escolheram o mesmo como local de estadias prolongadas e onde alguns acabaram por falecer.

Entre outros poderemos citar:

Arnaldo Redondo Adães Bermudes, distinto arquitecto que viveu em Paiões Rio de Mouro, onde faleceu em 1947. Foi membro da loja Fiat Lux  do Porto. António Rodrigues Sampaio faleceu em Sintra, onde vivia em 1882, grão mestre da confederação maçónica portuguesa, deputado Par do Reino e Presidente do conselho de Ministros no ano de 1881. General António Xavier Correia Barreto, senador, deputado, cientista e ministro, fundador do Instituto dos Pupilos do Exército, membro da loja Acácia faleceu em Sintra em Agosto de 1939. Tomé de Barros Queiróz, fundador da loja Candido dos Reis, deputado ministro, viveu em Sintra tendo falecido em Lisboa em 1925.

Eram igualmente membros da maçonaria sintrenses ilustres como Leal da Câmara, Formigal de Morais, José Alfredo da Costa Azevedo, José Bento Costa, Gregório de Almeida, muitos outros que a seu tempo falaremos.

Durante vários anos existiu em Sintra uma loja maçónica denominada LUZ DO SOL, de qual reproduzimos um  documento , datado de 1913. Segundo José Alfredo, Gregório de Almeida foi venerável ou seja presidente desta organização.

 

LEAL DA CÂMARA UM FANTASISTA REALIZADOR DE SONHOS:A ESCOLA DA RINCHOA

Leal da Câmara foi um Português de invulgar talento, faceta que tem sido realçada por diversos  que o têm estudado. No entanto,à medida que vamos conhecendo o "sonho" que idealizou para materializar na Urbanização da Rinchoa, não temos dúvidas, Leal era um homem que possuía o dom da genialidade.

Acúrsio Pereira escreveu, em sua memória um belissimo trecho onde desvenda um pouco do mistério da personalidade de Leal da Câmara, nos termos seguintes:

"Feliz este Mundo! Os cavaleiros do Graal de alma angélica e corpo virgem continurão a passar serenos e bravos alegremente sofredores desinteressados e justos, embora deixem avermelhado com o próprio sangue as rosas brancas dos atalhos campestres".

O seu amigo sabia porque escreveu, tendo convivido com Leal durante muitos anos assistiu à concretização de uma das suas obras símbolo do ideal que sempre norteou o seu modo de viver. A escola primária que projectou para a Rinchoa, para além da sua função de difundir a instrução foi imaginada como um templo erigido à Glória de Deus e ao amor pela humanidade, este de acordo com o seu ideal republicano: "era o único digno da condição humana", como postulara Sampaio Bruno.

Na escola da Rinchoa, a entrada principal é franqueada transpondo duas colunas, e como é possível aceder ao interior por três lados da porta as colunas totalizam quatro: número das letras do nome de DEUS. Na frontaria foram rasgadas quatro janelas.

Num lado da porta principal num esboço em gesso dentro dum circulo, está a face de Feliciano de Castilho, o pedagogo cego e autor do belissimo poema a ROSA. No outro lado, com o mesmo pormenor construtivo está João de Deus,  autor da Cartilha Maternal. Encimando o conjunto a imagem de Nossa Senhora das Mercês.

Estamos perante uma possível alusão ao grau 18º do Rito Escocês Antigo e Aceito da maçonaria universal denominado: Soberano Príncipe Rosa-Cruz. Neste grau segundo os rituais conhecidos as colunas designam-se: FÉ, ESPERANÇA e CARIDADE.

Castilho por ser cego representa a FÉ, para acreditar tendo fé não é preciso ver, João de Deus e a sua cartilha dedicada as crianças simboliza a ESPERANÇA num provir melhor. Nossa Senhora das Mercês porque mercê é dádiva representa a CARIDADE.

Esta obra de Leal, prova o seu deísmo e a crença no carácter divino do ideário da verdadeira República onde a ética e a liberdade conduziriam o Povo à plenitude da democracia.

Leal da Câmara acreditou sempre que a Pátria é uma comunidade de sonhos, aproveitemos o seu exemplo e não deixemos que nos retirem esta convicção. Para além de todos os golpes dos mais ousados e sem escrúpulos: "os desinteressados e os justos" irão alcançar a República sonhada desde os tempos de PLATÃO!? Quem sabe?"as lições do passado são os ensinamentos do presente. No entanto não esqueçamos a imagem de Manuel Bernardes: "é quimérico pretender endireitar a sombra da vara torta".

 

UM DOS SENHORES DAS TERRAS DE MASSAMÁ

O conjunto urbano da Freguesia de Massamá no Concelho de Sintra, está edificado sobre terrenos de grande aptidão agrícola, que a construcção imobiliária, infelizmente destruiu. Durante séculos este pedaço da grande Lisboa, foi zona de quintas,uma das quais a QUINTA DO PORTO, pertenceu no século XIX ao Visconde de Azarujinha. No perímetro do "porto" existiam as propriedades do "cerrado do galego, almarjão de cima, almarjão do brejo, terra da carapuça, terra da barraca, terra da mata". Além destas detinha a "terra da gorda" no sítio da barota (actual Massamá norte).

Não se pense que estes prédios rústicos eram do Visconde da Azarujinha desde tempos imemoriais, nada disso, os bens vieram à sua posse na qualidade de herdeiro universal de sua mãe Dona Libania Carlota de Freitas que os comprou a António Gonçalves Lobato, conforme  escritura de 26 de Novembro de 1870.

O visconde de Azarujinha de seu nome António Augusto Dias de Freitas, nasceu a 15 de Fevereiro de 1830, em Lisboa, filho dum abastado comerciante, António Dias de Freitas e da Senhora acima citada. O titulo de visconde foi mercê de EL-REI D. Luís dada em 2 de Agosto de 1870, mais tarde seria Conde com o mesmo título. Foi  prospero empresário e proprietário. Membro da Câmara dos Pares do Reino, teve foro de fidalgo cavaleiro da Casa Real, por alvará de D.Luís,assinado em 30 de Setembro de 1862. Ao ser empossado  membro da Câmara dos Pares Do Reino foi elaborado

o seguinte registo:

Nome:Visconde de Azarujinha

Idade:40 anos

Estado: casado

Emprego ou profissão: proprietário

Morada: Largo Conde de Pombeiro  Lisboa

Contribuição paga:150$862 Réis 

A contribuição paga correspondia a cerca de 10% de um  rendimento colectável,ou seja um milhão e quinhentos mil réis, uma fabulosa fortuna para altura.

Massamá estava integrado na Freguesia de Nossa Senhora da Misericórdia da Vila de Belas. O senhor Lobato deve ter adquirido as terras quando da venda dos bens dos Conventos extintos pelo regime Liberal, durante séculos os donos destas herdades foram os monges do Convento de Santos-o-Novo da cidade de Lisboa. Gonçalves Lobato era também um rico comerciante, e proprietário de grandes domínios no Alentejo. A especulação fundiária que antecedeu o "boom"urbanístico no concelho de Sintra, beneficiou maioritariamente os "novos ricos" que o liberalismo fomentou, os comerciantes que dispunham de liquidez, realizaram óptimos negócios. Isto das "privatizações" foi sempre uma mina, para alguns. A Quinta do Porto, ficava ao cimo da "urbanização da quinta das flores",  incluia quase tudo o que hoje se designa "Massamá" com exepção do Casal do Olival. 

ADÃES BERMUNDES UM ARQUITECTO SINTRENSE

O ilustre arquitecto Arnaldo Redondo Adães Bermudes, nasceu na cidade do Porto em 1 de Outubro de 1864 e faleceu em Sintra na aldeia de Paiões em 18 de Fevereiro de 1947, os seus restos mortais repousam no cemitério de Rio de Mouro.

Decorrendo nesta data, o dia dedicado aos sítios  a arte e memória que eles encerram, pareceu-nos adequado recordar este nosso conterrâneo e um dos seu projectos, junto ao mesmo passam diariamente centenas de pessoas e no qual nem reparam. Apesar de ter sido o primeiro prédio construído para rendimento que mereceu ser galardoado com o PRÉMIO VALMOR de arquitectura, no já longínquo ano de 1909.

O prédio situa-se na Avenida Almirante Reis, esquina para o Largo do Intendente, na cidade de Lisboa.

Ainda hoje apresenta um aspecto de modernidade e beleza, características do talento de Bermudes. Merece pois ser referido e admirado, como exemplo de algo que  sendo singular é intemporal.  

                                                                    foto publcada na "Ilustracção Portuguesa" em 3/5/1909

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