A SOMBRA DO RELÓGIO DE SOL
Numa urbanização no Município de Sintra, concretizada na década de 80 da anterior centúria, desejaram os promotores, idealizar uma praça na qual se instalou um medidor de tempo, aproveitando a luz solar e sombra por ela desenhada.
Talvez a ideia principal tivesse sido colocá-lo no centro do empreendimento e ficar como marco para memória futura dos seus moradores, lembrando importância do tempo na vida humana. Pretendia-se "medir" para realçar a qualidade finita do tempo humano, que se conta em séculos, e o divino na eternidade.
Santo Agostinho definiu tempo como: "imagem móvel da imóvel eternidade". Talvez estas congeminações fossem possíveis se o projecto do relógio de sol, não tivesse ficado "tolhido" na sombra dos altos prédios circundantes da praça. Neste caso, falou mais "alto" o lucro da obra do que o regalo do espírito.
Assim sem sol o "medidor do tempo" parece a vela de imaginário veleiro, encalhado num mar sem água nem porto.