No tempo invernoso o vento sopra com intensidade,surgem os avisos meteorológicos amarelos ou vermelhos,conforme grau de perigo, somos aconselhados a tomar precauções, quase sempre referem possibilidade de queda de árvores na via pública.
Parece que há árvores desde a plantação lançaram raízes bem fundas, agarram-se ao chão, denotando intento de resistirem a ventos e marés.
Na estrada da Várzea de Colares, concelho de Sintra pela encosta segue em direcção de Almoçageme, encontramos por altura da "quinta dos pisões" renque de plátanos, devem ter sido plantados para sombrear a via, na década de 1940. Fustigados pela nortada ou pelos alíseos do oeste, adquiriram posição obliqua que os fustes apresentam.
Podemos afirmar, vergaram, não tombaram quando possível, a terra ajuda as árvores, assim em algumas ocasiões acabam por morrer, não na vertical contudo, sempre de pé.
Circulávamos pela antiga estrada real de Lisboa a Mafra, denominada pelo regime republicano estrada nacional 117, no trecho entre o Sabugo e Pêro Pinheiro, passado o lugar de Palmeiros, conotação peregrina dos círios Marianos do Cabo Espichel e da Nazaré um pouco adiante saímos da via, tomamos a direcção de Falimas,Casal do Gosmo. Meio quilómetro percorrido, paisagem e silêncio contribuem para esquecer estarmos a quatro léguas do centro de Lisboa e uma da vila de Sintra.
As courelas de pasto bordejadas por renques de arvoredo viçoso,lembram um pedaço do "bocage" gaulês. A calma e vastidão da paisagem com a serra sintrense ao fundo contribuem para a sensação de "lonjura " que nos invade. Prosseguimos um quilómetro adiante termina o asfalto, no sítio do Casal do Gosmo. Retrocedemos por entre sobrais e zambujos. De repente numa curva a altura do Casal das Vivas, deparamos na berma com um sublime freixo que tinha escapado a nossa atenção. Paramos, um habitante do sítio com aspecto de respeitável longevidade aproximou-se, metemos conversa ficamos a saber ter uma idade avançada, perguntamos sobre a árvore que motivara a nossa paragem. Respondeu dizendo ser freixo já grande no tempo do seu avô.
O ancião afastou-se, observamos a árvore sem preocupação de rigor medimos o tronco a altura do peito, verificamos ter mais de três metros de perímetro. O fuste altivo grandioso está de acordo com tão robusto suporte. Estamos em presença duma árvore certamente centenária. Desconhecemos se no Município de Sintra existirá outro idêntico. Descoberta feita por acaso que deixamos para desfrute de quem nos visita.
Um monumento vivo,digno de veneração porque é um hino à glória de Deus e "presente" para admirarmos no seio da natureza donde viemos e para onde voltaremos um dia.