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Tudo de novo a Ocidente

TELEFÉRICO ATÉ PALÁCIO DA PENA - " FINALMENTE "

A vila de Sintra, depois da implantação da República entrou num período de letargia, a espaços sofria " abanões ", a ver se saia do estado que havia mergulhado. Exemplos o casino cujo projecto de gorou,algumas unidades hoteleiras, e no alvor do regime do Estado Novo,  intento de instalação do teleférico até a Pena.

O primeiro pedido entrou na Câmara Municipal de Sintra, feito pelo engº Freire Sobral, por volta do final dos anos tinta do século passado.A eclosão da segunda guerra mundial, motivou  abandono da ideia.

Decorridas três décadas ,em 1968, alvor do Marcelismo, é retomado  projecto, chegando a ser aprovado superiormente, o anteprojecto, agora apresentado por empresa estrangeira, que se propunha empreender a construção do teleférico sem encargos para o Município ou para o Estado, tendo a contrapartida de concessão para explorar comercialmente o novo meio de transporte.

Agora  ia ser concretizado o sonho, de tal modo que o Jornal de Sintra em Julho de 1968,apresentava em paragonas na primeira página:

atelef.jpg

Grande entusiasmo, sem consequências como sabemos, noticia de rebate falso, enfim parece que a " moda " das noticias " fabricadas " não é de hoje. Penso  o " honrado " periódico Sintrense não deve ter sido o autor; alguém deve ter " soprado " infelizmente o teleférico, não saiu do papel

Político e Floricultor

Fernando Formigal de Morais, simpatizante do Partido Republicano Português (P.R.P.) presidiu a Comissão Administrativa designada para dirigir a Câmara Municipal de Sintra, imediatamente à implantação do regime republicano em Portugal, consequência da revolução eclodida no dia 5 de Outubro de 1910. Seu pai Domingos José de Morais, mandou construir a escola "Morais", a qual chegou a dispor de uma banda filarmónica privativa. O estabelecimento de ensino foi depois oferecido a edilidade sintrense a qual ainda pertence. Para homenagear Formigal de Morais a Câmara Municipal de Sintra, na presidência do Dr. Fernando Seara, deliberou atribuir á escola básica de Varge Mondar Freguesia de Rio de Mouro, o seu nome. A cerimónia teve lugar em 5 de Outubro de 2010, integrada nas comemorações do centenário da implantação da República Portuguesa. Outros factos relativos á vida de Formigal de Morais, são do conhecimento mais ou menos generalizado.Curiosamente durante pesquisa no âmbito de trabalho académico, encontramos no jornal "A Comarca de Arganil" de 24 de Junho de 1909 a notícia seguinte:

 

"Na acreditada  casa de novidades Baeta Dias,da Rua Augusta 23 a 25 -Lisboa, foi na quinta feira (17),inaugurada uma exposição de cravos. É uma exposição realmente interessante, que muito honra o cultivador Sr. Fernando Formigal de Morais, de Cintra. Tem apresentado ali exemplares lindíssimos que têm sido muito apreciados pelos numerosos clientes"

 

O conteúdo não deixa dúvidas quanto à identidade do "cultivador" e local da floricultura. O dono da loja era natural de um dos concelhos da então comarca de Arganil, formada além daquele, mais Góis e Pampilhosa da Serra. A actividade de floricultor deste destacado membro da elite sintrense do século XX, seria desconhecida ao divulgarmos esta ignorada  faceta honramos a sua memória e cumprimos um dever...

A revolução Republicana iria ocorrer daí a um ano o fervoroso adepto da República, plantava cravos, sem cogitar a proximidade do dia que ambicionava chegasse. Lembremos a flor de 25 de Abril de 1974. Será que os cravos pressagiam mudanças políticas? Quem sabe? pelo sim pelo não, vamos todos cultivá-los.

 

 

 

UM SENADOR SINTRENSE

Médico e agricultor, dirigente associativo e politico o Dr.. António Brandão de Vasconcelos, nasceu na Beira Alta em 1866, falecendo tragicamente no seu palacete de Colares no dia 14 de Janeiro de 1934. Com grande prestígio local e nacional, fundador da Adega Regional, e Sindicato Agrícola colarenses, não admira que o seu funeral tenha sido acompanhado por milhares de pessoas, a pé até Colares, donde partiu um extenso cortejo automóvel em direcção ao cemitério dos prazeres em Lisboa onde está sepultado.

Brandão de Vasconcelos fez parte da Assembleia Constituinte de 1911, e posterirmente membro do Senado da República. Desiludido com o evoluir da situação política, renunciou ao mandato de Senador por carta enviada ao Presidente do mesmo, cujo teor é um testemunho notável, demonstrativo em parte, do seu carácter. Lido na sessão de 5 de Janeiro de 1916, deixamos aqui o seu conteúdo como preito a tão insigne Sintrense:

 

"Exmº Senhor Presidente do Senado. Nas mãos de V.Exª venho depor a minha renúncia a Congressista.

No início da passada sessão ordinária perante a dificuldade de conciliar os afazeres profissionais, e de lavrador em Colares, região de monocultura e que temerosa crise atravessa, com as funções legislativas, quis abandonar o Parlamento. Tendo porém surgido o conflito com o senado fiquei a acompanhar os meus colegas na reacção contra uma violência que me revoltava e que traduzia o nenhum respeito, que certos políticos tinham pela lei, pelo espírito e letra da Constituição, tentando transformar arbitrariamente e por meras conveniências partidárias o sistema bi-camaral em uni-camaral.

Agora já em um periodo execepcional de legislatura prorrogada resolvi retirar-me, lamentando a solução que teve a crise ministerial em que numa ocasião tão grave da vida portuguesa se constitue um ministério que em parte representa um desafio ao resto da nação que não comunga nas ideias Democráticas*, como se todo o País não estivesse interessado na momentosa questão da guerra europeia, como se não fosse todo ele que tem de pagar os enormes encargos que caíram e continuarão a pesar sobre as finanças portuguesas, para fazer face aos quais se vai lançar mão do agravamento da contribuição predial com a sua base iníqua de incidência cujas desigualdades a REPUBLICA TEM VINDO AGRAVAR.

Há muito que tenho a opinião de que a monarquia caíra muito pelos seus erros, mas também por falta de respeito por conveniências sociais. Infelizmente republicano antigo e como tal continuando a ser, vejo o mal não só deste ou daquele partido, deste ou daquele regime, é orgânico, é nacional.

Sem paixões partidárias, já velho para continuar na luta em vez de fazer como os meus colegas que não comparecem à sessão do Senado, resolvo retirar-me por uma vez, fazendo a toda esta câmara, a que vossa Ex.ª tão dignamente  preside e onde não sofri o minimo agravo pessoal as minhas  respeitosas saudações e despedidas

 

Saude e Fraternidade, Colares, 15 de Dezembro de 1915"

 

Quando terminou a leitura desta carta diversos senadores pretenderam intervir para manifestarem a sua opinião; o ambiente acalorou-se tendo o Presidente cortado qualquer possibilidade de intervenção, afirmando, por se tratar duma carta, o regimento não permitia discussão.

O Dr.Brandão de Vasconcelos  algumas ocasiões poderá, talvez, ter assumido posições menos correctas, no entanto, esta carta deveria servir de motivo de reflexão. Nos nossos dias os Parlamentares raramente renunciam, quando o fazem evocam motivos pessoais, e não discordância como o ilustre Senador assumiu.

 

*"democrático" foi a designação adoptada pelo PRP,Partido Republicano Português depois de 1910, face as diversas cisões verificadas no seu seio. 

A MAÇONARIA EM SINTRA ALGUNS APONTAMENTOS I

A maçonaria na Monarquia Constituicional como durante a República foi sempre uma organização com influência significativa na vida social e politica do concelho de Sintra. Esta provinha não só de mações naturais e residentes no Concelho, mas também de vários que escolheram o mesmo como local de estadias prolongadas e onde alguns acabaram por falecer.

Entre outros poderemos citar:

Arnaldo Redondo Adães Bermudes, distinto arquitecto que viveu em Paiões Rio de Mouro, onde faleceu em 1947. Foi membro da loja Fiat Lux  do Porto. António Rodrigues Sampaio faleceu em Sintra, onde vivia em 1882, grão mestre da confederação maçónica portuguesa, deputado Par do Reino e Presidente do conselho de Ministros no ano de 1881. General António Xavier Correia Barreto, senador, deputado, cientista e ministro, fundador do Instituto dos Pupilos do Exército, membro da loja Acácia faleceu em Sintra em Agosto de 1939. Tomé de Barros Queiróz, fundador da loja Candido dos Reis, deputado ministro, viveu em Sintra tendo falecido em Lisboa em 1925.

Eram igualmente membros da maçonaria sintrenses ilustres como Leal da Câmara, Formigal de Morais, José Alfredo da Costa Azevedo, José Bento Costa, Gregório de Almeida, muitos outros que a seu tempo falaremos.

Durante vários anos existiu em Sintra uma loja maçónica denominada LUZ DO SOL, de qual reproduzimos um  documento , datado de 1913. Segundo José Alfredo, Gregório de Almeida foi venerável ou seja presidente desta organização.

 

O CENTENÁRIO DA REPÚBLICA E LEAL DA CÂMARA

Neste 5 de Outubro de 2011, terminam as comemorações do centenário da implantação da República Portuguesa e da promulgação da Constituição de 1911. Como é tradição, a Junta de Freguesia de Rio de Mouro, assinalou a efeméride com a colocação duma coroa de flores no "memorial" erigido em honra de Leal da Câmara, na RINCHOA.

Este gesto tem justificação, porque foi aqui que o republicano Leal da Câmara viveu os últimos 25 anos,e doou a sua casa ao municipio de Sintra. Estivemos presentes, e não deixamos de recordar o que o seu amigo Acursio Pereira escreveu:

"Esta aldeia da Rinchoa, com o seu donaire saloio e as suas graças silvestres, foi o derradeiro abrigo do sonhador. Havia, afirmo-o com segurança uma atracção para o espirito de LEAL DA CÂMARA, neste aglomerado palreiro de casario. Leal que trilhara mundos barulhentos e hipercivilizados (...) na sua primeira noite na aldeia recolhida, embiucada na treva, olhando o Céu salpicadinho de estrelas a piscarem luz, talvez tivesse perguntado, que estrela é esta, aqui,tão viva sobre o beiral do telhado?"

Estas linhas foram escritas já depois da morte de Leal da Câmara, porque se ele tivesse ocasião de responder, concerteza,teria dito:Já sei, só pode ser  a REPÚBLICA.

A PRAIA DAS MAÇÃS NA HISTÓRIA DA REPÚBLICA

Antes e após o 5 de Outubro de 1910, a Praia das Maçãs era sítio de veraneio de simpatizantes e, depois da revolução de personagens marcantes do regime republicano. Na Praia das Maçãs ou simplesmente: "A Praia", como a designavam os sintrenses, ocorreram episódios interessantes. Para quem desejar conhecer com pormenor, sugiro a leitura do livro do ilustre sintrense - José Alfredo da Costa Azevedo "Velharias de Sintra VI" p.p.99-182.

Curiosamente na revista ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA nº 398 de 6 de Outubro de 1913, pode ler-se :"Os civis que guardam a casa da Praia das Maçãs onde está veraneando o chefe do Governo (Dr. Afonso Costa), de há muito verificavam que vultos misteriosos passam, nos atalhos próximos buscando ocultar-se como a espreitarem a residência. De dia para dia foi-se apertando a vigilância tendo uma noite descoberto que cinco indivíduos faziam a costumada manobra depois de terem enterrado alguma coisa na areia, e que se verificou depois ser uma mala de bombas". O atentado como se sabe fracassou, repare-se que quem vigiava a casa eram civis. Nos primórdios da República a desconfiança dos novos dirigentes na eficácia das forças da ordem, fez com que se formassem comités de de defesa que assumiam a missão de garantir a segurança dos líderes republicanos.

A casa de veraneio de Afonso Costa é referida como sendo o antigo Hotel Levy. O que José Alfredo afirma ser o Hotel Royal. Como a "Ilustração" é da época deve estar correcta. Não restam dúvidas que tudo isto se passou na Praia das Maçãs. A foto é elucidativa...

  

  

 

Título: "A casa da praia das Maçãs (antigo hotel Levy), onde habita o Chefe do Governo, e que os sindicalistas Miguel Gaião, Jaime Granja e mais três, procuravam atacar". Empresa Pública do Jornal O Século, Joshua Benoliel, lote 08, cx. 01, negativo 11

 

GENTE DO POVO NO CONCELHO DE SINTRA NO COMEÇO DA REPÚBLICA

No final da Monarquia, o Povo em Portugal vivia em em condições de tal modo precárias, que estavamos muito abaixo de qualquer País Europeu da época.

Na revista ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA nº335 de 22 de Julho de 1912, a propósito duma reportagem sobre um episódio conspirativo contra o novo regime implantado em 5 de Outubro de 1910, pode ler-se que "No Casal da Carregueira perto de Belas foram apreendidas armas e alguns conspiradores". A reportagem é ilustrada com diversas fotos uma das quais retrata os caseiros da dita propriedade.
É um documento elucidativo do que seria a vida no campo em Portugal. Notemos que estas pessoas viviam as portas de Lisboa. Aqui aplica-se sem contestação o princípio: Uma imagem vale por mil palavras...

 

 

Foto de: Empresa Pública do Jornal O Século, Joshua Benoliel, lote 02, cx. 01, negativo 06 

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