POEMA COM ÁRVORES
O pinheiro e a romanzeira
« Foi-te bem grata a sorte
quando se dignou pôr-te,
Arbusto,ao pé de mim»
Dizia, altivo, assim
um pinheiro elevado
a uma romanzeira,
que vegetava tímida a seu lado
e concluía a árvore altaneira :
-«Por mais que brama o furacão horrendo
tu não tens que temer:eu te defendo»
-«É certo respondeu-lhe o humilde arbusto
que me defendes, ó pinheiro augusto
algumas vezes contra as ventanias
porém tiras-me o sol,todos os dias».
Assim talvez,um protector sublime
sob a aparência de favor - oprime.
Este poema está incluído no livro, Relâmpagos, publicado em 1888 por Fernando Leal "soldado e poeta"natural de Margão, na antiga Índia Portuguesa, nasceu em19 de Outubro de 1846, e faleceu em 10 de Junho de 1910.Era tio pelo lado materno, de Leal da Câmara, o grande impulsionador do desenvolvimento da Rinchoa, e que legou a Sintra a Casa Museu com o seu nome. No momento em que tanto se fala de "ajuda" a Portugal, o poema dá que pensar.Deixamos à consideração de quem nos lê...