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Tudo de novo a Ocidente

O BAIRRO DOS AVIADORES

No concelho de Sintra freguesia de Rio de Mouro, junto à estação ferroviária,no antigo sitio do carrascal, foi construido na década de 60 do século XX, aglomerado urbano, cujas artérias foram atribuídos nomes de aviadores e personalidades ligadas ao desenvolvimento da aviação.

Uma das vias mais movimentadas da zona ostenta um nome sem qualquer referencia a profissão ou cargo que justifiquem atribuição da homenagem .

Quantas pessoas circulando naquela rua conhecem a razão porque se denomina MÁRIO GRAÇA.?

A história vale a pena ser contada.

Mário Graça jornalista do extinto jornal o "Século", faleceu em consequência de desastre aéreo ocorrido em 27 de Março de 1925. No desempenho da actividade profissional, fora incumbido de realizar a reportagem no campo da aviação da Amadora da partida do avião que faria a primeira ligação Portugal - Guiné.

Mário Graça de 23 anos de idade, ambicionava carreira jornalística de sucesso, considerava a oportunidade decisiva para isso dado a popularidade dos assuntos ligados a aviação, muito por causa da viagem aérea Lisboa-Rio de Janeiro realizada por Gago Coutinho e Sacadura Cabral, três anos antes. As seis horas e quarenta e cinco minutos daquela manhã M.Graça estava já na Amadora para não perder nenhum pormenor do evento.

Surge então ideia de no percurso inicial o avião que pretendia alcançar Bolama, na Guiné então portuguesa, ser acompanhado por outras aeronaves. Os lugares foram distribuidos, numa delas alguns dos convidados recusaram por diversos motivos voar. Mário Graça que nunca fizera qualquer voo, ficou entusiasmado com a possibilidade do baptismo de voo e aceitou lugar numa das aeronaves.

Tudo correu como previsto,a formação de aeronaves acompanhou o avião até a região de Setúbal e depois voltaram para a Reboleira na Amadora. O avião onde viajava Mário Graça, quando fazia aproximação a pista por altura de Barcarena sofreu um golpe de vento que inclinou o aparelho provocando perda de velocidade e consequente queda num terreno agrícola junto ao cemitério de Barcarena, onde hoje esta implantada a CREL (circular rodoviária exterior de Lisboa ).

Faleceu no local o piloto do avião tenente aviador José Carlos Pissarra, os outros ocupantes tenente Luís Caldas e Mário Graça, ficaram gravemente feridos. Mário Graça viria a falecer a 1 de Abril, no hospital de São José em Lisboa. O funeral realizou-se a 3, tendo o cortejo saido da sede do Sindicato dos Profissionais da Imprensa na Rua das Gáveas ao Bairro Alto. Segundo a imprensa da época um "funeral imponentissimo", o caixão foi levado ao Cemitério num carro dos Bombeiros Municipais puxado a duas parelhas. 

A morte do jovem jornalista emocionou o País dado o carácter trágico do acontecimento, transformou-se com o decurso do tempo numa "lenda", não admira, passados 35 anos quando se pensou atribuir nomes as ruas da urbanização do carrascal, o nome fosse lembrado não como aviador mas alguém ligado a história trágica da aviação portuguesa. A rua Mário Graça continua a ser calcorreada diariamente por centenas de pessoas, talvez a partir de agora, fiquem a conhecer razão da sua denominação. Quem sabe?...

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LEMBRAR JOSÉ CUPERTINO RIBEIRO JUNIOR (1848-1922)

Membro do Directório incumbido pelo congresso republicano realizado em Setúbal em 1908 de concretizar a Revolução, Cupertino Ribeiro filiou-se no Partido Republicano Português aos 18 anos. Tornou-se graças ao seu esforço e habilidade para o negócio num rico comerciante industrial e gestor, cuja bolsa esteve sempre aberta para ajudar a causa da República. Nasceu em Pataias concelho de Alcobaça , e faleceu em Lisboa na sua casa na Rua Braamcamp no dia 11 de janeiro de 1922, data desconhecida, que aqui divulgamos finalmente.

Implantada a República foi eleito deputado a Constituinte, sendo posteriormente Senador. Cupertino Ribeiro, ambicionava ser Ministro das Finanças do  Governo Provisório, tendo sido preterido em favor de Sidónio Paes, conotado com a ala radical e jacobina do Partido Republicano, contrariamente Cupertino sempre se colocou ao lado dos moderados, tendo aderido ao Partido Unionista de Brito Camacho, em oposição ao PRP, partido que dominou a cena politica nacional a partir de 1910. Cupertino Ribeiro era proprietário da Fabrica de Estamparia e Tinturaria de Rio de Mouro,Sintra Comprou uma das mais importantes quintas da localidade, a Quinta da Ponte que remodelou e onde construiu uma ampla moradia, frequentada pela melhor sociedade lisbonense do tempo,a quinta passou a ser conhecida por Quinta do Cupertino. Junto da mesma, e frente á fábrica mandou edificar um bairro para os operários.

Contribuiu com a avultada quantia de 35.000$00, para a construção do cemitério paroquial, iniciativa da junta republicana de 1909-1911 eleita, em parte devido à sua influência. Com as divisões surgidas no seio do movimento republicano depois de 1910, os radicais tomaram conta da junta e Cupertino Ribeiro, desiludido, terá desistido da ideia de mandar construir o seu mausoléu no cemitério da terra que tanto amava.

Vendeu a fábrica, transformada pelo novo dono em local de tratamento de curtumes, actividade causadora de poluição acentuada do rio, e cheiro nauseabundo de que os habitantes se queixavam,nomeadamente os moradores da povoação de Francos situada a jusante da "curtimenta".

O seu funeral realizou-se para o cemitério lisboeta, dos prazeres, sendo a sua urna depositada, no jazigo da família Ferreira Braga, parentes da sua viúva D. Adelaide. Foi acompanhado até a última morada pelos amigos de sempre entre eles: o general Correia Barreto ministro da guerra, Inocêncio Camacho governador do Banco de Portugal, Tomé de Barros Queiroz, Guilherme Graham destacado capitalista,  muitos comerciantes importantes como Ramiro Leão, e também pelo antigo pessoal da fábrica que lhe devotava sincera estima.

Em catorze de Janeiro a Junta de Freguesia de Rio de Mouro reuniu em sessão ordinária, na qual não foi feita qualquer referência ao desaparecimento de Cupertino Ribeiro, a maioria era do PRP, para que não restassem dúvidas que o gesto foi deliberado, o presidente referiu "só se devem tratar dos interesses da freguesia arredando-se de qualquer nota politica", quer dizer nada de falar no falecido. Cupertino Ribeiro, que tanto se orgulhava da vitória da lista republicana nas eleições de 1909 em Rio de Mouro, recebeu no fim aquilo que os políticos desavindos distribuem como ninguém: vil desprezo a  quem deviam estar gratos. 

Completa-se este ano o 90º aniversário da sua morte, figura de relevo nacional, merecia que o facto se assinalasse, assim este singelo depoimento é um contributo para que efeméride seja lembrada. 

 

 

Foto de José Cupertino Júnior, 1910

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