Na década 1920 Feira das Mercês, era acontecimento importante concorrido, conhecido por gente de muitas e variadas proveniências.Considerada ultima e genuína grande feira e mercado, de todo o País, mantinha naquela altura, o carácter primitivo; inspirando muitos artistas a fixarem em pinturas e aguarelas,o pitoresco do recinto.
O antigo muro do derrete, estava por esta altura em desuso; no entanto as donzelas, de muitas léguas em redor, frequentavam a feira, exibindo fatos vistosos coloridos, procurando, algum namorico...
Na feira distinguiam-se pela indumentária os oriundos de aldeias e casais da área de Sintra, Mafra,Torres Vedras e Oeiras. A gente vinda de Lisboa, pretendia somente divertir-se gozando, uma feira feita pelos " saloios".
A vertente religiosa,mostravam-na pela adoração a Nossa Senhora das Mercês, na capelinha, e participação na procissão no fim da feira.
Os romeiros, de Nossa Senhora das Mercês, distinguiam-se dos feirantes,pela colocação no chapéu ou casaco de medalhinhas e fitas coloridas de insígnias da Santa Padroeira do recinto.
Hoje ficamos por aqui,voltarei ao tema.
Finalmente alguém escreveu " A FEIRA DAS MERCÊS, ERA UMA DAS COISAS DIGNAS DE SE VER NOS ARREDORES DE LISBOA - E JÁ SEM NADA TER DE LISBOA "
Ilustro, com esboço de aspecto do certame naquele tempo.
Estudo da toponímia e microtoponimia, não canso de chamar atenção é indispensável para conhecimento da história e tradições locais.
Alguns sítios adquirem denominação cujo significado só será possivel decifrar,utilizando ensinamentos da ciência que estuda os " sítios".
No concelho de Sintra, união de freguesias Almargem do Bispo, Montelavar , Pero Pinheiro deparei , casal " dos Gosmos ". Nome raro nem sei existirá outro semelhante. A curiosidade para tentar chegar ao significado, levou visitasse diversas ocasiões o local. Observei muito.Certo dia encontrei um pastor com rebanho de ovinos , e algumas poucas cabras; indaguei , se teria, porventura , escutado alguém ,esclarecendo o porquê.
Não foi muito frutífera a resposta, no entanto falou de antigos habitantes, donos das terras e matas circundantes.
A origem do topónimo estaria num alcunha, atribuído aquela gente.Com essa "pista", julgo ter encontrado a solução,
Gosmar é termo pejorativo e designa , quem fala demasiado , utiliza verborreia, discurso , falação. Também , gosma é característica dos que tentam usufruir de algo sem contribuir para isso, tal como ir a festas e eventos sem ser convidado, "andar a gosma ", pendura.
Assim casal dos gosmos, teria sido aplicado ao sitio , porque os seus moradores possuíam atributos e lata de passarem por aquilo que não eram e utilizarem esse " atributo " para enfrentar a " vidinha". A origem é de índole depreciativa .
Em apontamento publicado neste "blog" no dia 2 de Julho de 2007, escrevi acerca da origem do topónimo Rinchoa. A natureza quando não condicionada pelo ímpeto modelador da acção humana, tende a conservar ou recuperar "territórios" e particularidades, que caracterizaram desde sempre os sítios.
O processo de ocupação urbanística desregrada modificou o aspecto da fauna e flora de grande parte do Município de Sintra. No entanto, bastou um hiato, uma travagem inesperada na "gula" dos especuladores imobiliários, e eis que lentamente, vão "ressurgindo" muitas singularidades que se julgavam perdidas para sempre.
Na Rinchoa as pereiras bravas, origem do topónimo do lugar, lenta e seguramente estão de volta à terra de onde as pretenderam erradicar.
Deixo foto de uma pereira brava carregada de "rinchoas", que nasceu espontaneamente nas traseiras de prédio em plena encosta.
Aproveitei manhã soalheira de um Verão ameno e pouco caloroso , para deambular com o meu neto , pela artérias do burgo onde habitamos, ridente Rinchoa, No Município de Sintra.Objectivo definido : conhecer árvores de grande porte desde que sou morador há cerca 45 anos aprendi a admirar e visitar de vez em quando.
Passamos junto de algumas felizmente , continuam viçosas e vetustas, O primeiro "desaire " , sucedeu na Rua Fonte adiante da Fonte do Rouxinol, queria falar-lhe, de eucalipto quase centenário robusto altivo, crescendo em propriedade privada mas sombreando a via publica , de onde podíamos admirar o caule formidável da árvore, e.. avistamos ! ...
Pergunta directa e seca " avô quem fez isto ?", disse não sabia,ainda há seis meses estava ali grande eucalipto. Continuamos o nosso caminho com promessa iríamos " visitar " uma tília centenária. Avançamos até a Rua do Juncal no cume do monte onde se espraia casario da Rinchoa, Chegados deparamos outro " desastre"
Restava da vetusta tília, um tronco saudável, " grandioso " , fica consolo a outra companheira da derrubada , continua , não sei até quando a alindar a rua. Esta tília cortada sem dó nem piedade estava na via pública.Fui conversando com o neto não sabendo que dizer,antes de cortar qualquer árvore notável é possível podar reduzir a copa, conservar o fuste, Em Portugal desde tempo da " loucura " imensa da gesta dos descobrimentos , há habito de deitar abaixo arvoredos a eito para construir " naus catrinetas " , sem procurar preservar espécimes merecedores serem admirados por sucessivas gerações.
Derrubar arvore secular sem motivo aparente e justificado é acto de extremada incultura.No nosso País é " normal " ninguém se indignar. Tenho pena muita pena destes " amigos " que desapareceram , e o meu neto também; até rematou . Avô , porquê ?
Sucede algumas ocasiões, a designação de uma artéria, pouco tem de relacionado , com a via " baptizada ". Na Rinchoa , Município de Sintra, deparei uma via cuja placa toponímica, refere ser " das laranjeiras ", no entanto , árvore que domina o sitio é um majestoso carvalho da espécie " negral " com copa e tronco de assinaláveis dimensões.
Calculando de modo empírico, a idade deste espécime, posso afirmar tratar-se de exemplar com cerca duzentos anos. Oxalá continue com magnifico aspecto vegetativo que aparenta, por muitos e muitos anos mais; seja cuidado, apesar de não terem " reparado " nele para dar nome a rua que ladeia.Deixo imagens sugestivas deste " amigo ".
Habito próximo, porque sempre pude contar com bons e leais amigos na localidade, dedico algum do meu tempo de investigação e "peregrino" ao objectivo de conhecer mais acerca do Algueirão.
A origem do topónimo tem sido tema de desencontradas e fantasiosas congeminações. Na minha opinião, porque observei depois de copiosas chuvas, um grande lago nos terrenos, actualmente circundantes a base aérea nº 1 também, designada da Granja do Marquês, motivo em tempos não muito distantes ser pertença da casa dos Marqueses de Pombal, consolidei convicção do étimo se relacionar com água, como agente modelador da crosta terrestre. Agora estou convicto.
No Algueirão, núcleo primitivo, deparei com artéria denominada RUA DO ALGAR, a qual termina num terreno baldio, que é nem mais nem menos, o algar que deu nome ao "impasse".
Algar: é cova, gruta aberta pelas enxurradas e torrentes, também designado barroca ou barranco por resultar de acção erosiva das águas; igualmente sorvedouro, tragadouro, regueiro. Curiosamente seguindo a estrada, adiante daquela rua, existe a estrada da barrosa, corruptela de barroca, finalmente no começo da descida , direcção da Granja encontramos a rua do Regadouro.
As águas escorrentes deste algar iam encher a "bacia" do Algar grande, Algarão em terrenos como referi pertencentes à Força Aérea Portuguesa. Este Algarão ou esbarrondadouro, popularmente apelidado "penico do céu" e "alguideirão " deu nome ao sítio. A característica pantanosa da região fazia dela território insalubre, em época mais recente, algumas pessoas construiram casa ou compraram quintas, usualmente pediam a protecção da Senhora da Saúde para se livrarem das maleitas.
Aqui está Algueirão desvelado sem lendas nem " arabescos" Ámen. Ilustração a rua do Algar , e o dito no presente " seco".
O denominado PREC (processo revolucionário em curso) popularmente apelidado de: "verão quente" decorreu no ano de 1975, período onde se cometeram alguns excessos, que fizeram perigar a essência do movimento dos capitães de 25 de Abril 1974.
No concelho de Sintra, a exemplo do que ocorreu por todo País, grupos de cidadãos, organizados primeiro de forma espontânea e genuína depois, "tutelados" pelos partidos políticos emergentes, dizia, tais "comissões ", meteram ombros a sem número de projectos, porque a ditadura salazarista, deixou um rol de carências, e se não tivesse eclodido a Revolução de 1974, ainda hoje estariam por colmatar.
Abastecimento de água e saneamento, no Município de Sintra eram rudimentares, quase exíguos na área rural, a situação neste como outros aspectos apresentava problemas de toda a índole.
Moradores das aldeias e lugares, meteram ombros à "luta", assim no lugar de Casais da Cabrela, na altura pertencente a freguesia de Terrugem, alguém teve ambição de erguer fontanário onde os moradores, pudessem obter água em condições. O abastecimento ao domicilio não havia, e algumas fontes onde encher o "cântaro" eram de chafurdo, perigosas para a saúde. O fontanário construido em mármore por experimentados canteiros, surgiu no largo dos Casais, sendo inaugurado em 1975, conforme reza inscrição na base da "bica".
O fontanário cumpriu a função de mitigar a sede durante muitos anos, actualmente porque todos dispõem de água no domicilio, está seco, para não quedarem dúvidas, os autarcas da actual união de freguesias São João das Lampas e Terrugem, lavaram daí as mãos, declinando qualquer responsabilidade no facto do fontanário estar remetido ao "papel " de airoso de monumento.
Caso para dizer: água que o verão quente fez brotar, a espuma dos dias fez secar... é a vida como diria o outro.
Na Rinchoa,localidade do Município de Sintra, freguesia de Rio de Mouro,encontramos duas árvores centenárias de grande porte, crescem junto a, Calçada da Rinchoa, principal artéria da "urbe",referimos sobreira da Rinchoa e freixo, acerca dos quais aqui escrevi apontamento.São árvores embelezam a Rinchoa e merecem ser preservadas.
Ontem nas caminhadas que realizo ,no "bairro", deparei num outeiro por detrás do muro que ladeia a Rua da Fonte,vetusto e copado carvalho negral,cujo tronco coberto de erva, trepadora,passa despercebido a quem passa e observa a distancia.
Com certeza árvore centenária tal qual as suas "vizinhas" anteriormente referi.São exemplares poupados ao derrube da mata primitiva .Foi sorte terem resistido até aos nossos dias,devem ser devidamente assinalados para a população conhecer este valioso património que valoriza a terra em que vivemos cada dia mais requalificada e propiciadora de melhor quotidiano onde é agradável viver
O meu estudo acerca da fábrica setecentista de estamparia, laborou no sítio de Rio de Mouro,hoje dito "velho" para diferenciar do que surguiu no "rescaldo " da pressão urbanistica em redor da estação ferroviária, "Rio de Mouro -Rinchoa", construida no século XIX ,é único testemunho relativo aquela fábrica.
A tarefa de investigar a História, dita " local " a qual dedico z algum tempo, com gosto, guiado pela ideia quanto mais souber relativamente a uma localidade ou região melhor conhecerei a História do Povo, que dizer da Pátria,
Descobri,como atesta fragmento do testemunho escrito que ilustra este texto, existência no final do século XVIII, de uma fábrica de "Xitas", no lugar de Albarraque, cuja direcção seria assegurada por "mestres" italianos.Não sei mais nada relativamente a esta nova achega demonstrativa da antiga importância industrial, da freguesia de Nossa Senhora de Belém, em Rio de Mouro.
Continuarei a "busca" quem sabe consiga decifrar o "enigma",? por agora tive sorte...
Acerca de Sintra e termo muito está escrito,todavia nas pesquisas continuo, encontro amiúde,factos e personagens pouco conhecidos, marcantes na vida e actividade da sociedade sintrense .
Há 75 anos Abril de 1943, realizou-se no Hotel Nunes, no centro histórico da sede de concelho, banquete dedicado ao conselho de administração da empresa Sintra Atlântico,responsável da exploração da linha de eléctricos , ligava a vila a Praia das Maçãs. Administradores da sociedade eram a altura : Camilo Farinha , Luís Leite e Eduardo Almeida, a justa homenagem promovida pelas forças sociais económicas e políticas do burgo, destinava-se a realçar trabalho realizado pelos gestores ao longo de vinte anos de exercício da função.
Ao repasto compareceu parte significativa da elite sintrense, os ausentes fizeram questão enviar telegramas de felicitação e elogio,nomeadamente os proprietários de terrenos e moradias da zona servida pelo eléctrico, entre outros, citamos Dr. Cornélio Silva,Mário de Noronha, vereador da Câmara Municipal de Lisboa, os "artistas",Adelino Nunes ,Faria da Costa,Raul Tojal, e Keil do Amaral, construtores do denominado , "bairro dos arquitectos",edificado no pinhal do Banzão a Praia das Maçãs.
Em representação da Câmara Municipal de Sintra , presidiu ao evento o vereador Eduardo Aguiar.Este autarca, personagem influente na vida social de Sintra.
Depois do repasto os presentes, foram convidados a visitar na casa do edil, colecção de peças,acervo de valioso museu artístico e regional.
O vereador , nome completo ,Eduardo Wilhelm de Aguiar Lutkens,devia ser germanófilo,adepto activo do regime Salazarista,exerceu funções de procurador a Câmara Corporativa, na IV legislatura.Funcionário de conhecida Companhia de Seguros , na qual ocupava cargo de chefe de secção, fundou Sindicato Nacional dos Empregados das Companhias de Seguros, presidente durante vários mandatos, presença na Câmara Corporativa em representação do trabalho, devido a condição de sindicalista "oficial".
Em 1936, exerceu cargo de secretário do Conselho Administrativo do 6º Batalhão da Legião Portuguesa, facto revelador do perfil ideológico.
Desconheço onde estava situada a "casa museu" referida,e demais factos da actividade política.Nasceu em Lisboa, 1 de Julho de 1892,não sei as habilitações literárias, nem data do falecimento.