Na década 1970, ganhou justa fama, na localidade do Recoveiro, cruzamento da estrada nacional EN 249, com estrada do Telhal, Municipio de Sintra, restaurante denominado ABEGÃO.
Amplas instalações com adega anexa, provida de bojudas pipas guardando deliciosa pinga, o ABEGÃO, distinguia-se por servir fabuloso cozido a portuguesa, acima de tudo, carne de porco a moda da feira das Mercês, em doses generosas , na tradicional "caçoila" de barro. A carne sempre fresca, de primeira qualidade,proporcionavam manjar único.
A Quarta-Feira almoço de cozido levava multidões, vindas de Lisboa e arredores para degustar a iguaria prato servida com as carnes separadas dos vegetais, em porções pantagruélicas,
Com a minha família fomos cliente assíduos, durante anos, normalmente ao jantar.A nossa assiduidade permitiu privar com os donos pessoas simpáticas, proprietária, cozinheira de mão cheia,
As sobremesas eram igualmente bem confeccionadas ; a nossa filha mais velha, "perdia-se" com a mousse de chocolate, jamais encontrada igual noutro sitio,
Vicissitudes dramáticas, levaram ABEGÃO, a ruína. Outra gente tentou reabrir o espaço, não tiveram êxito, era de esperar, o restaurante do Recoveiro foi único, inimitável, Deixou muita saudade. faz parte do nosso " álbum " de boas recordações...
Dia 8 de Março 1951, cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira procedeu bênção da nova igreja da evocação São João Deus na Casa de Saúde no Telhal,sede da província portuguesa da ordem Hospitaleira.
Sua Eminencia seria recebido com toda a solenidade, pelos responsáveis , espirituais e corpo clínico do estabelecimento, também pelo presidente da Câmara Municipal de Sintra, engenheiro, Carlos Santos.
O templo estava repleto, de assistentes a Santa Missa, da qual foi celebrante reverendo Martinho Barroco Guiomar, acolitado pelo reverendo de Almargem do Bispo, padre Bernardino de São José.
Este facto, revela conflito, com pároco da freguesia de Rio de Mouro,onde localidade do Telhal pertencia naquela época. Diferendo resultava do prior da freguesia, entender, os funerais, de irmãos falecidos, a sepultar no cemitério paroquial, deveriam ser presididos por ele.
Coisa diferente achavam os irmãos da casa de saúde do Telhal, pelo facto disporem talhão privativo no campo santo, defendiam que somente o capelão da instituição deveria conduzir as cerimónias religiosas fúnebres.
Devido actual situação sanitária, não houve lugar a qualquer solene " TEDUM ", fica memória, assinalando 70º aniversário da bênção cardinalicia da igreja do hospital do Telhal, actualmente, integrado da freguesia de Algueirão Mem-Martins.
Na foto as palmeiras , ladeando a entrada do templo, foram plantadas na ocasião da bênção.
O tempo primaveril, convida a passear pelo campo que na região sintrense nesta altura, apresenta um aspecto de grandiosa e garrida coloração. Árvores cobertas de folhas, parecem reclamar a nossa atenção para a beleza da sua ramaria.
Um destes dias num rincão cheio de evocações históricas, e "senhor " de um coberto vegetal, que lembra a fechada mata de outros tempos, deparamos, uma árvore de grande porte, que nos impressionou. Cresce num recôndito do Casal da Granja, entre os sítios do Telhal e a Serração, afloz de Almargem do Bispo no Município de Sintra.Nesta quinta esteve para ser construída a "cidade do cinema" Foi por acaso que o "descobrimos",cresce no interior da propriedade, numa das extremas, por isso é visível de fora, a sua copa, imponente atinge um diâmetro perto de 15 metros.
Trata-se de um carvalho alvarinho, nome científico "Quercus-Robur", apresenta uma "cobertura" larga arredondada e extensa,vegeta em terreno argiloso e húmido,sem qualquer outra vegetação em redor,condições ideais para alcançar notável fuste. O tronco inclinado pela acção dos ventos dominantes, serve de suporte a uma "hera" também antiga a julgar pelos grossos caules que abraçam o roble. A longevidade desta espécie pode atingir de 500 a 1000 anos. Encontramos um novo "amigo" certamente duplamente centenário. A partir de agora, iremos visita-lo sempre que possível.Antigo e impressionante e belo.
A flora tem tido uma grande importância na designação do nome dos sítios, como já referimos em diversos apontamentos. No território sintrense deparamos com um exemplo apropriado para ilustrar o fundamento de que o arvoredo foi também um factor de povoamento. Nos limites das actuais freguesias de Algueirão/ Mem-Martins, Belas e Almargem do Bispo no seguimento do Belas Clube de Campo, existiu há vários séculos um bosque extenso, uma MATA como então se dizia .
Essa MATA era formada por milhares de SOBREIROS e CARVALHOS. Para explorar a riqueza florestal os povoadores fundaram junto a ribeira um casal - O CASAL DA MATA, para melhor aproveitarem o arvoredo construíram uma SERRAÇÃO. A ribeira do Casal da Mata corria num fojo de feras abrigados na floresta VALE DE LOBOS. A existência de argila ou barro nas proximidades e de lenha para os fornos possibilitou o fabrico de telha surgindo assim o TELHAL.
A utilização final da serração foi a de serrar pedra porque como era de esperar a exploração intensiva do bosque levou ao seu esgotamento. Restam um pouco adiante da passagem de nível do Telhal uns dispersos espécimes do coberto arbóreo primitivo. Um exemplo mais de com as árvores são presença assídua na paisagem e na memória das nossa VIDAS.