A custódia que referi em anterior " post ", deve ter sido , talvez, oferecida a igreja como testemunho do jubilo e honra que constituiu aprovação do nosso patrício, para receber ordens religiosas,como se depreende de documento em minha posse, do teor seguinte :
" Acordam em relação a questão que vistos estes autos, e diligencias de puritate sanguinis, do habilitando José da Silva compatrista deste Arcebispado de Évora e natural do lugar dos Francos freguesia de Nossa Senhora de Belém , Rio de Mouro , termo da vila de Cintra Arcebispado de Lisboa Ocidental, filho legitimo de Domingos João e de Andresa Francisca, naturais , e moradores do dito lugar dos Francos, pelo que resulta e se prova destes autos julgam o dito habilitando por si e seus avós paternos e maternos, por legitimo e inteiro cristão velho, e de sangue limpo sem raça de alguma infecta nação ou das reprovadas pelos sagrados cânones, e por tal declaram e habilitam. Évora , 29 de Outubro de 1721 ".
O tio António da Silva, ourives da diocese ,homem rico,doou o património exigido ao sobrinho para ser admitido no processo de ingresso em ordens sacras.A satisfação deve ter sido muita, sendo pessoa de posses terá decidido, executar e oferecer a paroquia da sua naturalidade a custódia, curiosamente, referida como peça do século XVIII.Vou continuar até esclarecer tudo...
O Município de Sintra,é um território de muitos e variados motivos de interesse,paisagísticos,geológicos, botânicos históricos, que sei eu, inumeráveis .
Na freguesia de Nossa Senhora de Belém de Rio de Mouro,encontra-se lugar de Serradas, antigamente Cerradas,porque as propriedades do sítio, foram quintas e terras "tapadas", com muros de pedra "cerrando" limites e desse modo evitar, eventuais apropriações por vizinhos mais afoitos, pouco respeitadores do "alheio",esta particularidade deu nome a aldeia.
Nas Serradas nasceu o ilustre e respeitado missionário da Companhia de Jesus,Padre Diogo Vidal, calcorreou em trabalho de evangelização terras da Índia e China.A nossa investigação, permite afirmar ter sido a Quinta das Serradas, local exacto onde nasceu.Nesta Quinta veraneou anos a fio grande Português Almirante Gago Coutinho,que na companhia de Sacadura Cabral , ligou pela primeira vez por via aérea Lisboa e Rio de Janeiro no Brasil.Na Quinta da Fonte Nova viveu no século XVIII juiz de fora da Vila de Sintra, a cujo termo pertence Rio de Mouro. Curiosamente Serradas até final do século XIX, esteve integrada no alfoz da Vila de Cascais.
Quinta das Serradas actualmente arruinada,resultado do decorrer do tempo ,e desmandos de "furiosos revolucionários " no período seguir a 25 de Abril de 1974, ocuparam a quinta, instituíram uma "escola do povo", deram sumiço ao mobiliário e azulejos;da antiga relevância, pouco resta, é pena. Chegou existir capela onde se celebrava missa dominical.
A mui antiga freguesia Nossa Senhora de Belém em Rio de Mouro, erecta por vontade dos frades da ordem de São Jerónimo do Convento da Penha Longa, donos e senhores da maior parte das terras da região, foram ao longo dos séculos aforando e vendendo propriedades depois transformadas em opulentas quintas pelos seus proprietários.
Até criação das freguesias de Algueirão Mem Martins e Agualva Cacém, década de 50 do século XX, Rio de Mouro foi a mais povoada e rica de todas as freguesias do termo da Vila de Sintra.
O território de Rio de Mouro fértil, coberto de valiosas florestas, além da beleza forneciam lenha indispensável ao dia a dia dos moradores.
Um prova ficou na toponímia em Rio de Mouro as quintas mais ricas ostentavam e algumas ainda ostentam nomes de árvores e vegetação: Quinta das Sobralas, Quinta do Olival, Quinta do Ulmeiro, Quinta do Pinheiro, Quinta do Zambujal,Quinta de Fetares (hoje Fitares), Quinta de Entre-Vinhas e outras que porventura existem e não lembro.
Rio de Mouro é um belo sítio para viver, mal grado opinião de ilustres "novos ricos", além do dinheiro nada podem revelar. "Deus os ajude e a nós que não nos desampare ", sentença sábia da nossa querida avó materna.
No livro de Domingos Maximiano Torres proeminente elemento da arcádia Lusitana, poeta cultor dos estilos sonetos e odes em que escreveu dos mais belos exemplos da língua Portuguesa, está inserta uma referência a Rio de Mouro denominada terra de: "insignes quintas".
Uma dessas quintas a da Ponte grande propriedade do século XVIII, posteriormente desmembrada por partilhas e doações deu origem as quintas da estrangeira do Cupertino e quinta de Santo António. Na última detectamos plátano possuidor de caule de grande dimensão sem dúvida apresentando maior "grossura" que o plátano declarado de interesse público existente no parque da liberdade na Vila de Sintra. Idade aproximada segundo fontes locais será de 250 anos. O plátano"vilão" cresce em espaço público e quanto a insigne árvore de Rio de Mouro termo de Sintra vegeta em terrenos privados a possibilidade da sua contemplação no âmbito deste blogue é "privilégio" gostosamente oferecido a quem nos visitar.