Os ambiciosos do momento, alapam-se no governo com o beneplácito de quem os poderia legalmente remover. Querem aniquilar o que resta dos sonhos e ideais duma Revolução, na qual a maioria do povo português acreditou, poderia conduzir a uma vida melhor, um País mais solidário e fraterno: puro engano, esta gente está convencida que levando-nos para desastre económico e social, isso não os afectará pois já depositaram em bancos estrangeiros e "off-shores" o produto dos benefícios obtidos. E estão somente a vingar-se das agruras que dizem ter passado então...
Este estado de coisas não pode continuar: os mais ricos e preparados emigrando, o comércio paralisado, a industria moribunda, o desemprego uma chaga cada dia mais purulenta, a esperança fugidia. Não se pode aceitar a imposição da penúria sabendo nós, quem receita a terapêutica, já sabe que a mesma não resulta. Que fazer?
Voltar à luta como em tempos idos, porque: "Povo, tu sofres, porque te roubam, porque te perseguem, porque te oprimem e te caluniam: mas não é bem que eu vá exacerbar a tua dor e os teus ressentimentos. Não quero desencadear as tuas iras, nem acender-te no peito os desejos mesquinhos da vingança. Quero só que busques remédio a teus males, e que ao buscá-lo te mostres decidido e enérgico. Mas a decisão e a energia não excluem a generosidade e o valor. Só o cobarde é vingativo" (textos Clandestinos 1848, compilação, Marques 1990). Não deixemos que nos tirem nunca o nosso mais precioso valor: a Dignidade. Se querem matar-nos devemos resistir porque defender a vida é um direito que a Constituição de Abril nos garante.
Gomes Leal na sua "Janela do Ocidente", "visionou" o tempo que vivemos:
O Presidente do Ministério, Passos, Pedro, nada de confundir com Passos, Manuel; e o seu Ministro da Fazenda, deviam meditar na portaria publicada no D.G. em Outubro de 1905, emanada da Direcção Geral de Administração Politica e Civil -2ª Repartição, relativa a um assunto do Municipio de Sintra,do teor seguinte:
"Hei por bem autorizar, nos termos dos artigos 55º nº1, 57º e 425º do código administrativo, a Câmara Municipal do Concelho de Cintra a contrair um emprestimo de 34.020$000 réis, amortizável em trinta anuidades não excedentes a 2.371$425 réis cada uma, a fim de ser aplicado exclusivamente às obras de construcção do edifício dos paços municipais e repartições públicas do mesmo concelho da cadeia civil, e de um matadouro central e dois. auxiliares.
Paço, em 9 de Outubro de 1905= REI = Eduardo José Coelho"
Curiosamente um governante de apelido "coelho", assinou o despacho. O autor do projecto da cadeia e paços municipais, o Arquitecto Adães Bermudes, está sepultado no cemitério de Rio de Mouro,faleceu em Paiões aldeia da mesma freguesia sintrense,no ano de 1947. Era membro da maçonaria, loja Fiat Lux, com o nome simbólico de Afonso Domingues. O empréstimo, acabou de ser pago em 1935, num tempo "feito de SAL e AZAR", como escreveu Fernando Pessoa.
Agora muitos se congratulam,pelo facto de terem conseguido da troika "maturidades" de sete anos,para pagar uma dívida de 78 mil milhões de euros, concerteza para conseguir amortizar tal soma, vamos necessitar de trinta ,ou cinquenta anos.É preciso renegociar.Afinal em Portugal só á custa de empréstimos se realizavam obras.Essa fábula de viver acima das possibilidades,é conversa de quem lhe "pica a cevada na barriga,"e devido a tradição familiar ou outras prerrogativas,tem o privilégio de aceder á "pilhagem legal",que o exercício de altas funções no aparelho do poder permite.
Em 1905, a responsabilidade de construir cadeias e matadouros pertencia aos Munícipios. Actualmente pretendem transferir cada vez mais atribuições e competências para os mesmos. No futuro quem terá a "batata quente", para obter financiamentos voltarão a ser, maioritarimente ,as Câmaras Municipais, constituidas por elementos eleitos, e não por "ministriáveis" que fazem gala de afirmar, não terem sido" eleitos para coisa nenhuma". É verdade, são designados para espalhar sofrimento e dor, promulgando medidas com o objectivo de empobrecer as pessoas, não honrar os compromissos do Estado, elaborando previsões económicas sempre erradas, e por via disso, fazendo do quotidiano de milhões de portugueses um rosário de amarguras. Talvez as coisas melhorem no futuro, se os decididores prestarem contas ao eleitorado. Isto não está a ficar "maturo" = a maduro, está a ficar podre. Ah! não esqueçamos: um povo sem esperança,não espera nada do provir, é um povo desesperado.É caso para dizer"que grande espiga"!
A "Troika" não aceita mudanças,limita-se a repetir uma receita que já deu "maus " cozinhados. Em 1918 ,Gomes Leal .o poeta panfletário,terá escrito:
"Estamos a ser conduzidos por homens sem pudor moral,sem faculdades intelectuais que prevaleçam estamos numa crise e numa falta de continuidade que fazem esmorecer.(...) Quadrilheiros! Quadrilheiros!Se João Brandão hoje fora vivo teria animo e força para atingir a chefia deste Estado que soçobra. Quadrilheiros! Pois donde veem as fortunas que ostentam esses maltrapillhos de ontem,por esse país fora?.(...),eles matam-nos á míngua e á fome.São incapazes de terem sentimentos humanos. Ah, que serie de ilusões vai este desventurado povo atravessando,pois está sendo governado por burros e analfabetos"
Isto aplica-se ao tempo presente como uma luva.A democracia, tende cada vez mais, para uma plutocracia.Nâo sabemos, infelizmente,como tudo irá acabar.Com desplante inaudito o Ministro das Finanças,afirmou que a avaliação da "Troika" foi positiva, apesar da pilhagem fiscal e penúria oprimirem a Nação Portuguesa.Terminamos citando D.Miguel de Unamuno,nosso Mestre,na obra Agonia do Cristianismo ( P,111.)"Há momentos em que se nos afigura que a Europa,o mundo civilizado (...) se aproxima do fim,e há quem para consigo diga,com a trágica expressão portuguesa:isto dá vontade de morrer"
Feito á vista do Paço de Sintra aos 15 de março do desesperado ano de 2013
Tendo aparecido em algumas Nações e ultimamente mais próximo de nós, na Grécia, França, Itália e Espanha uma "enfermidade nova", que está a ser conhecida com o nome de "Colera-morbo austerícia", cujos terríveis estragos são, talvez um castigo com que os deuses querem punir e reprimir esse espírito de perversidade, que desgraçadamente tem chegado a tamanho grau, como demonstra o despudor de o Povo querer que se lixe a austeridade. Deve em tais circunstâncias, um povo crente e bom, que tanto se preza de o ser como o povo português, acudir e reunir-se a protestar a sua fé, não esquecendo que já fomos campeões de "presos e altares" no tempo "glorioso" do Dinossauro Excelentíssimo; e implorar a clemência do Governo, mesmo quando ele se mostra severo e "gasparino" justiceiro.
É necessário que hajam preces públicas em todo o País, o "aguenta aguenta que é serviço" não basta, são precisas boas obras, para impedir que os "maus" de que são exemplo alguns movimentos do tipo "estamos estroiquidos e mal pagos", ultimamente com cantos "subversivos" pretendem causar a ruína total do trabalho formidável, daqueles que orientando diligentemente, a sua "vidinha", o tesouro e a governança de Portugal sem olhar aos meios para atingir o fim: dar a cada português, de acordo com as suas possibilidades e necessidades um exemplar do tradicional artesanato das Caldas da Rainha.
Conforme o slogan "a cada qual um pau à medida do" buraco" em que está metido"
Feito em Vale Porcas, termo da Vila de Sintra, em Fevereiro no ano da graça de 2013.
@Imagem propriedade Galeria de CCDR - Centro / Região Centro de Portugal, disponível no Flickr, com direitos de autor reservados. Apenas utilizada para ilustrar o texto do autor.
Chegou ao nosso conhecimento a realização duma iniciativa, com o objectivo de dignificar e recolocar os vinhos da região de Colares, no lugar que por direito lhes compete, não só pela sua excelência mas também porque se trata dum produto, que é um ex-libris da nossa terra. Somos apreciadores do vinho Colarejo, pelo que o aumento da área das vinhas, é um facto que saudamos pois representa uma garantia de futuro para o mesmo. Propusemos em tempo a reedição dum livro de 1938, cuja capa se reproduz, e que estava esgotado.
Tudo o que se relaciona com o vinho de Colares, nos interessa,por isso gostaríamos de partilhar um episódio que decorreu no Senado da República, sessão de 18 de Junho de 1913, do qual foram protagonistas o Sr. Dr. Brandão de Vasconcelos, sintrense ilustre, grande defensor da qualidade dos vinhos de Colares, e o então Ministro das Finanças e Presidente do Governo, Dr.Afonso Costa.
O Dr. Brandão de Vasconcelos aproveitando a presença de Afonso Costa, chamou a atenção duma ocorrência relacionada com o vinho de Colares referindo: "o comércio e exportação dos vinhos de pasto do tipo regional de Colares, só é permitida aos produtores e comerciantes que se inscrevam em registo especial, no Mercado Central de Produtos Agrícolas. Ora em 7 de Fevereiro deu-se a circunstância dum fiscal lhe contar que estava um vinho a despacho para S.Paulo (Brasil), sem que o despachante estivesse inscrito,pelo que o vinho foi legalmente apreendido. O que aconteceu?
O dono do vinho é a antiga Real Companhia Vinícola do Norte de Portugal, potentado muito grande, que alegou que o vinho tinha sido comprado a um negociante de vinho de Colares-Viúva de João Nunes e filhos de Cintra. Ora V. Exª compreende que há sombra desta encomenda de vinho genuíno, poderão os contraventores exportar vinho de qualquer outra proveniência, desde que como aconteceu no presente caso não seja exigido que a remessa leve a marca da casa fornecedora, única forma de tornar efectiva a fiscalização. Chamo para este caso a atenção do Senhor Ministro das Finanças.
O Sr. Dr. Afonso Costa, respondeu "O Sr. Dr. Brandão de Vasconcelos pode estar certo de que o que acaba de comunicar ao Senado, se for exacto, porque V.Eª se guia por informações que lhe derão, tomarei as providências necessárias para castigar quem tenha abusado."
Aproveitando o ensejo o Dr. Afonso Costa, lembrou o cariz do novo regime:" V. Exª referiu-se à Companhia Vínicola do Norte de Portugal, que antigamente era Real, eu posso informar que essa Companhia ainda hoje se intitula Real, tendo há dias oficiado ao meu colega do Fomento para que tomasse providências,no sentido de proibir o uso desse adjectivo. Não é somente essa Companhia que usa Real nos seus emblemas, impressos e cartas, é também a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, que para todos os fins, menos para o público emprega a palavra Real. Num País onde não há realeza não há nada que se possa considerar Real ".
Neste episódio combinam-se a defesa do "nosso" vinho e do regime Republicano. Os que apreciamos o vinho de Colares, louvando a intervenção do Dr. Brandão de Vasconcelos, não podemos deixar de aproveitar a "deixa" do Dr.Afonso Costa e reafirmar que o vinho de Colares é um néctar digno tanto de republicanos como de monárquicos.
Estamos ainda muito próximos das comemorações do Centenário da República, porque não engarrafar algum genuíno vinho de Colares, assinalando a efeméride? Assim poderíamos levantar o copo à memória destes preclaros Portugueses. O vinho de Colares tem linhagem de qualidade, carácter laico no consumo, e a alma perene do povo saloio.
Para finalizar queremos fazer uma declaração de que não podemos brindar com um ramisco de boa colheita porque neste como noutros aspectos do quotidiano a "troika" e a crise que a pariu, fundiram as nossas moedas quase todas...