A vereação camarária de Sintra em 1926, presidência do capitão Craveiro Lopes, futuro Presidente da República,deliberou adquirir o Palácio Valenças, e parque adjacente com propósito de aproveitar o conjunto para fins turísticos e lazer da população e transformar o conjunto em ex-libris da Vila de Sintra
Como sucedeu em muitas ocasiões em Portugal, a concretização do intento da edilidade só iria consumar-se década depois em 1936, precisamente , no mês de Julho; a Comissão Iniciativa eTurismo de Sintra, solicitou empréstimo de 600 contos,ou seja 600.000 escudos, a caixa geral de Depósitos , seria deferido pelo ministério das Finanças , através da Subsecretaria respectiva. Aquela quantia muito elevada para a época, necessitava aval da Câmara Municipal, e autorização do Ministério da tutela, o do Interior, tudo foi igualmente conseguido.
As diligências efectuadas demonstraram dificuldades financeiras do Município Sintrense, as receitas totais anuais 2.000.000 de escudos, as dívidas eram de monta, só aos hospitais para pagamento de tratamento de doentes pobres do concelho, débito rondava os 350.000 escudos.
A parte mais significativa das receitas, provinha da taxa municipal sobre comércio de carnes verdes, demonstrativo da importância da " vitela de Sintra ".
Enfim a compra do emblemático património não foi fácil, num concelho onde tudo faltava, gastava-se parte significativa dos proventos em compra " faustosa". Apesar de não terem dinheiro as autarquias recorriam a Caixa; ontem tal qual hoje quem pagaria haveriam ser os impostos.Resta acrescentar prazo para pagamento 30 anos.
No mundo Celta (Cevalier eGheerbrant,1994), o TEIXO era uma árvore funerária, sendo o OCIDENTE o lado do poente o sitio onde o Sol vai morrer, poderíamos afirmar, se uma árvore pudesse simbolizar esta direcção essa seria o TEIXO.
Em Sintra podemos encontrar teixos no Parque da Liberdade. O que ilustra este apontamento cresce junto ao portão de entrada para quem acede pelo lado do Palácio Valenças. O teixo tem um crescimento muito lento e pode alcançar cinco mil anos de idade. É originário da EUROPA, no norte de Espanha nas Astúrias, encontram-se exemplares milenares normalmente nos adros de templos do estilo Românico. Como nos primórdios do cristianismo os enterramentos eram quase todos concretizados naqueles locais, o símbolo funéreo atribuído ao TEIXO poderia estar na razão de se escolher aquela árvore para ornamento.
As folhas desta espécie arbórea são venenosas o que acentua o carácter sinistro associadoao teixo. Em sentido lato podemos considerar o TEIXO a árvore do ocaso, aqui considerado como o ponto final da "nossa vida presente". Apesar de tudo não deixa de ser uma bela árvore.Talvez seja um pouco como aqueles que prometem futuros radiosos e nosenvenenam o quotidiano com a falsa utilidade das suas "medidas salvadoras"...
Quem sabe se o MUNDO não será transformado num imenso plantio de teixos cujas ramagens darão a letal infusão para nos proporcionar o fim trágico que a cicuta deu ao sábio filósofo?...
No já longínquo ano de 1974 realizou-se em Sintra, uma muito concorrida manifestação para se assinalar de forma condigna e finalmente livre, um Dia que durante a ditadura se não podia comemorar em Liberdade.
A manifestação com milhares de participantes percorreu diversas ruas de Sintra. Um dos actos que se realizaram foi o da mudança do nome do parque do Palácio Valenças de Salazar para PARQUE DA LIBERDADE, que hoje ostenta e esperamos que para sempre.
As árvores são também apropriadas para celebramos condignamente os grandes eventos. Justamente no parque referido, perto do portão de acesso na Rua Visconde de Monserrate, existe um enorme e belo cedro.
Sendo um símbolo da INCORRUPTIBILIDADE porque produz madeira que não apodrece , nada mais apropriado para marcar este dia, uma data que pela força e luta dos trabalhadores, se eternizou como o SEU DIA.
Seria bom que aqueles que nos pedem só sacrifícios fossem como o cedro... Deixamos esta bela imagem.