UM SINGELO SINO DE " ALDEIA "
No livro de leituras da primeira classe do ensino primário, do período do Estado Novo durante décadas 1950 e 1960 ,na pagina 88 havia lição intitulada, "O DIA DO SENHOR" no texto faziam elegia do valor simbólico do sino, e sua relação com pratica religiosa, referindo: "Obedientes a voz do sino, homens ,mulheres e crianças, acodem ao templo, para assistirem a missa "
Algumas vezes veio a memória este texto, quando visito capela, de São Marcos, situada no coração da antiga aldeia, durante séculos, pertenceu, a Freguesia de Nossa Senhora de Belém de Rio de Mouro, antes de passar a de Agualva-Cacém, no inicio dos anos 50 do século passado.
A capela tem singelo campanário, de rústica beleza,felizmente ainda é possível, aqui, manter o sino colocado no seu poiso, contrariamente a muitas aldeias, despovoadas do interior do País, onde com receio dos roubos os sinos foram retirados dos campanários.
No Portugal cavernícola do Salazarismo, tudo andava a toque de sino, fosse a rebate, para assinalar perigo,as trindades, e missa para rezar, a dobrar a finados anunciando a morte de alguém,ou repicar demonstrando contentamento quando se tratava de casamentos ou baptizados.
Gosto de vez enquanto visitar aldeia de São Marcos,admirando o sino da capela, relembrar a posição do badalo ,evoca tudo que está suspenso, entre a terra e o céu, e por isso som da campânula estabelece comunicação entre os dois.
A semelhança de Fernando Pessoa, que considerava o sino da igreja dos Mártires no Chiado, em Lisboa, sino da sua aldeia; por mim adoptei com a mesma intenção simbólica o sino da velha urbe de São Marcos, no concelho de Sintra.